A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Americanas vai ouvir nesta terça-feira 6 pelo menos três pessoas. Estão confirmados para a primeira audiência pública da comissão os depoimentos de Aurélio Valporto, presidente da Associação Brasileira de Investidores (Abradin); e dos administradores judiciais da recuperação judicial Bruno Rezende e Sergio Zveiter.
Valporto, conforme o requerimento aprovado na CPI, será ouvido sobre a conduta das empresas de auditoria PwC e KPMG, responsáveis pela auditoria externa da varejista, que não teriam identificado as possíveis fraudes contábeis.
Também foram agendados para a terça-feira 6 os depoimentos do presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sergio Nobre, e do presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Antônio Fernandes dos Santos Neto. Mas as oitivas ainda não foram confirmadas.
Até agora a CPI recebeu 66 requerimentos, dos quais 24 foram aprovados. Em alguns, os deputados pedem informações e documentos sobre o rombo contábil de R$ 20 bilhões, anunciado pela Americanas em 11 de janeiro, um dia antes de entrar com um pedido de recuperação judicial na Justiça do Rio de Janeiro, que foi aceito.
A CPI já aprovou convites a Fernando Dantas Alves Filho e Carlos Eduardo Munhoz, sócios das PwC e da KPMG, consultorias responsáveis por analisar os balanços contábeis da Americanas. A essas empresas também foram solicitadas diversas informações e os nomes dos auditores que assinaram as auditorias.
Também foi formulado um convite a João Pedro Nascimento, presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), “para que forneça esclarecimentos sobre o possível uso de informação privilegiada (insider trading), irregularidades relacionadas às inconsistências contábeis e à atuação das agências de classificação de risco de crédito nas emissões da Americanas”.
Para obter esclarecimentos, a CPI também aprovou o convite a diretores da Bolsa B3. Os deputados esperam saber “de que forma as medidas de governança corporativa falharam, e o que precisa ser feito para que episódios semelhantes não ocorram novamente no futuro”. Também foi formulado convite a representantes do Ministério Público de São Paulo para esclarecer o estado atual das investigações.
Há requerimentos aprovados e em discussão para convidar representantes do bancos credores da varejista, como Bradesco, BTG Pactual, Itaú, Santander, Deutsche Bank Trust Company Americas, Banco do Brasil, Banco Safra e Caixa Econômica Federal. O motivo, diz o requerimento aprovado, é “esclarecer a situação real dos passivos da companhia e a real possibilidade de sobrevivência da empresa”.
Em outros pedidos, os deputados da CPI querem ouvir o atual presidente da companhia, Leonardo Coelho Pereira, e atuais e ex-membros da diretoria, como André Covre, Miguel Gutierrez, Anna Christina Ramos Saicali, José Timotheo de Barros, Marcio Cruz Meirelles, João Guerra, Camille Loyo Faria, Fábio da Silva Abrate, Flávia Carneiro e Marcelo da Silva Nunes.
Entre as informações já requisitadas estão a relação nominal de credores e os valores devidos; resultados de auditorias e checagens feitas depois da recuperação judicial; resultado de balanços e auditorias.
Um requerimento ainda não votado, de auditoria de Domingos Neto (PSD-CE) e de Diego Coronel (PSD-BA), pretende convocar, como investigados, os donos da Americanas, Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles, “para esclarecer por que dividendos continuaram a ser pagos para os acionistas se a empresa não tinha situação financeira adequada”.
Presidida por Gustinho Ribeiro (Republicanos-SE) e com relatoria de Carlos Chiodini (MDB-SC), a CPI tem prazo de 120 dias para concluir a investigação.
A Americanas tem 44 mil empregadores e 3,5 mil lojas no Brasil. As dívidas somam R$ 42,5 bilhões.