J.R. Guzzo
Publicado na Gazeta do Povo, em 26 de novembro de 2020
Eis aqui mais um retrato da vida como ela é, e não como imaginam que ela seja nas mesas redondas que discutem política na televisão. Um dos maiores doadores para a campanha do candidato que se apresenta como de “esquerda-raiz” para a prefeitura de São Paulo não é nenhum sindicato de trabalhadores – e o dinheiro não vem de nenhuma vaquinha de “pessoas em situação de rua”, os grandes clientes nominais do Partido Socialismo e Liberdade. Quem aparece na papelada da justiça eleitoral como a terceira maior doadora da campanha paulistana do PSOL, com um total de 88.000 reais, é uma herdeira da empreiteira de obras públicas Andrade Gutierrez. E daí? Milionário também é gente; tem todo o direito de doar seu dinheiro para quem bem entende. O problema não está aí. Está numa razão social: “Andrade Gutierrez”.
A construtora, como se sabe, é uma das empresas mais corruptas do Brasil – não porque costumava aparecer regularmente no noticiário da ladroagem nacional, mas porque são seus próprios diretores que dizem que ela é corrupta. Tanto é assim que eles mesmos, por sua livre e espontânea vontade, confessaram os crimes da empresa no assalto geral ao dinheiro público empreendido durante os governos Lula-Dilma. Mais: fizeram “delação premiada” na Operação Lava Jato”. Mais ainda: devolveram ao erário 1 bilhão do dinheiro roubado. (Alguém, “na jurídica” ou “na física”, devolve voluntariamente dinheiro que não roubou? Ainda não se sabe de nenhum caso.)
É a velha história: quando se trata de dinheiro, dizia Voltaire, todo mundo é da mesma religião. A diferença entre os altos propósitos socialistas do partido e o dinheiro da herdeira é igual a zero; política real é isso, e não conversa que só aparece em jornal, rádio e televisão. O PSOL tem o direito de receber e a doadora tem o direito de doar, é claro, mas sempre é bom ficar claro que as coisas são assim – e que não têm nada a ver com o palavrório de campanha. É o “mecanismo”. É assim que ele funciona.
O maior doador da campanha do PSOL em São Paulo é o cantor Caetano Veloso, outra estrela da nossa elite capitalista, com 100.000 reais. Mas há uma diferença, aí. Caetano ganhou esse dinheiro unicamente com o seu trabalho – e não se chama Andrade, nem Gutierrez.
A verdade que poucos viram é o esforço da esquerda para que estes voltem a dominar a política brasileira e fique tudo “em casa” novamente, com muitos milhões entrando preferencialmente do dito “dinheiro público” ou seja de “ninguém”. Eles só esquecem de que o povo brasileiro acordou.
Andrade Gutierrez bancando filme de parente, em que diz que foi golpe o impeachment de Dilma. Caetano com sua ex esposa, uma das maiores captadoras de recursos da Lei rouanet, recebendo em seu humilde apartamento na Vieira Souto em Ipanema, um dos metros quadrados mais caros do Brasil, Haddad, Manuela dávilla, Chico Buarque, Martinália, etc.. O Boulos é só mais um desses ai, que prega uma coisa e faz outra com dinheiro público, e que tentam retornar ao poder de qualquer jeito, mesmo que seja ridícula e falsa a retórica deles, e pior tem gente que acredita. Se o Boulos vencer, vai ser julgado daqui a quatros anos, só não sei se São Paulo resiste até lá.
A doação do Caetano é só uma obrigação, por tantos anos controlando junto com sua ex esposa a lei Rouanet.
Caetano foi a maior decepção como pessoa, um capitalistas travestido de”progressista”, tirando a oportunidade de milhares de artistas em benefício dos amigos do rei. Que pobreza de espírito. Mas com certeza amanhã será um lindo dia, e se Deus quiser, sem essa quadrilha de artistas corruptos e prepotentes.
Olha a sinuca de bico que os paulistanos se encontram, o maconha do Boulos ou o amante do lockdown do Covas. Vão ter que engolir seco e esperar mais quatro anos. Espero que não optem pelo Haddad novamente.
A herdeira da Andrade Gutierrez, a cineasta Petra Costa, foi quem dirigiu o documentário Democracia em Vertigem.
Boulos, Manuela, Petra, PSOL, PT, REDE, PCdoB, …, STF, Alcolumbre, Maia, Doria, bandidagem, Estadão, Uol, Folha, Globo, …, tudo a ver!
Resumiu com precisão. É isso mesmo.
Ia bem até dizer que “Caetano ganhou esse dinheiro unicamente com seu trabalho”. Pode dizer quanto foi parar nas mãos dele pela Lei Rouanet, ou seja, por dinheiro que deveria ter ido para o erário?