Pelo menos dois jornais da Argentina noticiaram, em 29 de agosto, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu diretamente ao esquerdista Sergio Massa, ministro da Economia argentino, ajudá-lo na disputa pela Casa Rosada contra o opositor Javier Milei, líder da direita no país vizinho. No dia anterior, Massa teve uma reunião com Lula, no Palácio do Planalto.
A informação foi relembrada nos últimos dias, depois que O Estado de S. Paulo noticiou na quarta-feira 4 que Lula ligou para a ministra do Planejamento, Simone Tebet, para liberar US$ 1 bilhão (R$ 5 bilhões) em um empréstimo à Argentina por meio do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), do qual Tebet é governadora. O objetivo, de acordo com o Estadão, seria barrar o avanço de Milei, líder nas pesquisas para as eleições de 22 de outubro.
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Segundo o jornal argentino La Nacion, Lula disse a Massa em 28 de agosto que enviaria pessoas de sua equipe à Argentina, com o objetivo de ajudá-lo na campanha “para parar a direita”. A afirmação foi feita pelo próprio candidato peronista, segundo o La Nacion, em reportagem assinada por Jaime Rosemberg. “Um gênio, Lula. Ele prometeu que nos ajudaria a vencer [Javier] Milei”, disse Massa a seus companheiros, durante voo de volta a Buenos Aires, segundo a reportagem.
O repórter afirma que participantes do encontro entre Massa e Lula confirmaram que o petista ofereceu ao candidato argentino “nosso povo” em matéria de comunicação “para evitar que a direita ganhe e voltemos quarenta anos”. Segundo a reportagem, Lula também disse que “Milei é um louco, pior que o Bolsonaro” e reiterou que era preciso vencer o candidato conservador “para que o Mercosul continue”.
Nessa mesma data — em 29 de agosto — o jornal argentino Página 12 trouxe relatos da conversa entre Lula e Massa no Planalto, contados pelo próprio candidato. “Faça o que você tem que fazer, mas vença”, afirmou o presidente, de acordo com o ministro da Economia argentino. “Deixe de juntar dólares e junte votos. Vocês têm que vencer pela integridade do Mercosul. É sua responsabilidade vencer”, completou Lula, de acordo com a reportagem do Página 12, assinada por Melisa Molina. O jornal também mencionou tratativas sobre um segundo empréstimo do CAF à Argentina.
Já O Globo publicou na edição de quinta-feira 5 que em 13 de agosto desembarcaram em Buenos Aires estrategistas vinculados ao PT, numa ação que “seguiu à risca o pedido de Lula”. Ao Estadão, a assessoria do PT negou que o partido tenha enviado alguém para a capital argentina. “Não indicou nem intermediou atuação de qualquer pessoa em campanhas políticas em outros países.”
Quem estava na reunião entre Massa e Lula
A reunião de Lula com Massa também teve a presença do embaixador da Argentina no Brasil, Daniel Scioli, dos secretários da Indústria, José Ignacio de Mendiguren, da Agricultura, Juan José Bahillo, e da Energia, Flavia Royón. Do lado brasileiro estavam o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o ex-chanceler Celso Amorim, assessor especial de Lula, e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, além de um representante do Banco do Brasil.
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Segundo relatos da delegação argentina, Celso Amorim estava “louco” com a ascensão e a possível vitória de Milei. “Amorim ainda conversou por telefone, no local, com Roberto Lavagna, ex-ministro da Economia que Lula elogiou durante o encontro”, disse o La Nación.
O jornal também destacou que Lula já tinha manifestado preocupação com o conservador argentino havia dois anos e que pediu ao embaixador que lhe enviasse um discurso de Milei. O petista, segundo o La Nacion, disse que estava estudando esses fenômenos na região e no mundo. “Não devemos negar a aparência desses personagens, mas, sim, compreendê-los”, afirmou Lula a Scioli, segundo o jornal.
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