Depois de o Banco Central revelar que 20 milhões de beneficiários do Bolsa Família gastaram R$ 3 bilhões com apostas on-line, em agosto, o Ministério do Desenvolvimento Social passou a atuar com a Casa Civil e os ministérios da Fazenda e da Saúde para buscar formas de impedir o uso do benefício para as bets.
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Embora a expectativa, ao longo desta semana, fosse de bloqueio do cartão para esse fim, o governo Luiz Inácio Lula da Silva não anunciou a medida referente ao Bolsa Família. De acordo com a Folha de S.Paulo, a cúpula do governo recuou do bloqueio do cartão depois de reunião com o presidente, no Planalto.
O cenário das apostas esportivas on-line no Brasil tem gerado preocupação quanto ao endividamento e à dependência que podem causar nos apostadores. Ao mesmo tempo, cresce a pressão sobre a União para que apresente medidas para regularizar o mercado de apostas e mitigar os impactos negativos sobre a população.
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Por ora, pelo menos 2 mil sites irregulares do segmento vão ser proibidos de operar a partir da próxima semana, segundo a Folha. Além disso, a Polícia Federal já investiga lavagem de dinheiro de organizações criminosas por meio do uso de CPFs de beneficiários.
Medidas do governo Lula sobre uso do Bolsa Família em bets
Nesta quinta-feira, 3, o Ministério da Fazenda atualizou os nomes das empresas de apostas com autorização para atuar no mercado. Há 205 sites com licença no território nacional e 22 com licenças estaduais.
O secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan adiantou que o presidente autorizou a pasta a conversar com essas plataformas “para impor restrições, as mais duras que fossem, nos meios de pagamento que sejam, e que podem incluir o Bolsa Família”.
“A preocupação de proteger o Bolsa Família é atendida pelo bloqueio desses mais de 2 mil sites; é a nossa expectativa para a semana que vem”, avisou.
Conforme o secretário, o contato direto com as empresas que passaram pelo pente-fino será na semana que vem. A pasta orientou os apostadores a recolher o dinheiro depositado nos sites de apostas que vão ficar fora do ar. O prazo para a retirada do dinheiro é o dia 10 de outubro.
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Pelo visto, como o dinheiro do Bolsa Família é retirado de nossos impostos, estamos TODOS apostando em Bets.
Vou acrescentar: o beneficiário do Bolsa Família passa a ser um gestor do dinheiro público que lhe é oferecido sem nenhum retorno aos cofres públicos. A propalada distribuição de renda é renda com dinheiro público e deve ser tratada como tal e não como um fundo perdido. O que se pretendeu é dar sobretudo segurança alimentar com o mínimo de dignidade. Se o Estado não agir , estará sendo promotor da JOGATINA, pois os demais cidadãos ( ou cidadões, como disse Janja) que ainda não participaram das apostas, entenderão que estarão autorizados a também utilizar o Bolsa Família para esse fim. O assunto é muito sério, pois envolve bilhões de reais que deixaram de ir para o comércio do varejo reduzindo inclusive a arrecadação de impostos com risco de promover até desemprego com a queda das vendas. Três bilhões em agosto serão quantos bilhões até dezembro jogados no lixo?
Eu ouvi, infelizmente, uma “economista” da Globo dizendo que não se pode retirar dos beneficiários a conquista histórica de poder decidir sobre seus gastos no Bolsa Família e que essa liberdade foi conquistada a décadas. Amanhã se o Brasil tiver Cassinos, o mesmo raciocínio poderia ser utilizado por ela? Três bilhões jogados em apostas com dinheiro público que deveria ser utilizado para necessidades básicas dessa população escrava dessa esmola para o resto de suas vidas. Não se trata de tirar a liberdade de “escolha”, nem de tutela , mas sim de disciplinar os gastos para os objetivos para os quais foram criados. O cidadão pode pegar o dinheiro e comprar droga ou cachaça, mas não pode fazer isso com o aval do estado ao saber que os recursos estão sendo desvirtuados. Se o Estado não tomar providências estará sendo conivente com o mal uso e promovendo gastança sem substância.