No topo da lista de fornecedores pagos pelo diretório nacional do PT em 2025 aparece a Zion Produções. A empresa foi responsável pela realização do primeiro ato de campanha de Guilherme Boulos (Psol) à Prefeitura de São Paulo, em agosto de 2024. A informação foi divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo.
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Na ocasião, uma cantora contratada modificou o Hino Nacional para linguagem neutra. O trecho “dos filhos deste solo és mãe gentil” virou “des filhes deste solo”. O episódio ocorreu na Praça do Campo Limpo, com a presença de Boulos, Lula e Marta Suplicy, vice na chapa.
Adversários acusaram Boulos de querer implementar “linguagem neutra” nas escolas. O candidato, cujo partido é um defensor da pauta da “linguagem neutra”, se apressou em negar. Apagou os vídeos nas redes sociais, culpou a produtora pela escolha da artista e rompeu o contrato quatro dias depois. Ainda assim, a Zion embolsou R$ 720 mil ao longo da campanha.
A polêmica não impediu o retorno da empresa aos contratos do partido. Em fevereiro de 2025, a Zion organizou o evento de 45 anos do PT no Rio de Janeiro. O custo: quase R$ 600 mil, pagos em uma única parcela. Apenas dois repasses superaram esse valor em todo o ano — um de R$ 707 mil ao Tesouro Nacional, outro de R$ 2,3 milhões à Fundação Perseu Abramo.
A empresa cresceu dentro do circuito de eventos do PT
A produtora pertence a Warley Alves Barbosa, ex-candidato a vereador em São Paulo pelo Psol em 2016. Teve apenas 24 votos. Segundo ele, abandonou a campanha antes da eleição. A empresa começou como microempreendimento, mas cresceu dentro do circuito de eventos do PT.

Desde 2018, a Zion marcou presença em todas as campanhas do partido. Atuou na eleição presidencial barrada de Lula, nas campanhas de Fernando Haddad, Jilmar Tatto e na posse de 2022. Para esse último evento, o chamado “Festival do Futuro”, a empresa alega ter produzido as apresentações de mais de 60 artistas. O PT nega ter organizado o festival. Por isso, o evento não aparece na prestação de contas oficial enviada à Justiça Eleitoral.
Nos anos fora do calendário eleitoral, os contratos continuaram. Em 2020, a Zion recebeu R$ 2 mil. Em 2021, o valor subiu para R$ 40,9 mil. Já em 2022, chegou a R$ 533,7 mil. Parte do montante cobriu ações de formação política e promoção partidária.
Diante das críticas pelo episódio do Hino, a direção do PT justificou a contratação com base em critérios como confiança, qualidade e “entrega no prazo”. A Zion, por sua vez, informou que ajustou seus procedimentos.
Será que Léo Saraiva, Antônio Nogueira e companhia sabem cantar o Hino em “linguagem neutra”?…