Preso desde 24 de março, o delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, afirmou, nesta segunda-feira, 15, que foi a milícia que matou a vereadora do Psol Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes, em 2018. Ele depôs ao Conselho de Ética da Câmara no processo que pode cassar o mandato do deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ).
Rivaldo, Chiquinho e Domingos Brazão são réus pela acusação de serem os mandantes do assassinato da vereadora. Rivaldo foi indicado como uma das testemunhas de Chiquinho, apesar de negar qualquer relação com a família Brazão. Segundo ele, só aceitou o convite para falar, pois seria uma oportunidade de se defender de todas as acusações, que ele nega.
Ao ser interpelado pela relatora do processo de cassação de Chiquinho, deputada federal Jack Rocha (PT-ES), se o crime contra a vereadora é fruto de “perseguição política no Rio”, ele destacou o trabalho do delegado Giniton Lages, indicado por ele próprio para liderar as investigações do caso Marielle. Lages também foi alvo da mesma operação contra Barbosa e usa tornozeleira eletrônica
Ele foi o responsável pela prisão do ex-PM Ronnie Lessa, acusado de ser o autor dos disparos contra Marielle e seu motorista. Rivaldo Barbosa disse que o trabalho de Lages contou com “provas técnicas” e ressaltou que Lessa “é um miliciano”. “Ele fazendo parte sim da milícia, foi a milícia que matou a Marielle.”
Conforme a Polícia Federal, a função do delegado era garantir “imunidade” aos envolvidos para que o inquérito não chegasse aos responsáveis pelo crime. Em delação premiada, Lessa disse que, no segundo trimestre de 2017, Chiquinho, que era vereador do Rio, demonstrou “descontrolada reação” à atuação de Marielle para a votação de um projeto de lei (PL).
Durante a oitiva, Rivaldo Barbosa destacou que trabalha há 20 anos na Polícia Civil, que combateu a milícia no Rio e que o grupo é “um câncer” e um “mal”. O ex-chefe de Polícia respondia às perguntas gesticulando, demonstrando indignação pelo fato de estar preso há quase quatro meses. “Nunca faria qualquer coisa nesse sentido”, disse, em relação ao assassinato da vereadora.
Ele negou ainda que sua nomeação como chefe da Polícia do Estado do Rio tivesse sido influenciada por Domingos. Além disso, não confirmou se Domingos ou Chiquinho são inocentes ou culpados, mas que responde apenas por ele. “Sou inocente”, disse.
Rivaldo Barbosa destacou ainda que conheceu Marielle antes do assassinato dela e que ela o “ajudou”. “Quando assumi a delegacia de homicídios, o deputado Marcelo Freixo era da comissão de direitos humanos”, explicou. “Toda morte que existia em comunidade ele me ligava e me cobrava. Com o passar do tempo foram muitas ocorrências e ele deixou quem para fazer o contato? A Marielle.”
Ele relatou que houve dez mortes no Complexo da Maré e que começou investigar e que a vereadora o ajudou com as pessoas da “comunidade” que deveriam ser ouvidas nos autos do processo. “Ela levou as pessoas para serem ouvidas”, relatou. “E, meses depois, das dez mortes, esclarecemos oito.”
“Se eu já não faria isso [mandar matar] com uma pessoa que não gosto, imagina com uma pessoa que só me ajudou. Marielle só me ajudou”, continuou Rivaldo Barbosa.
Vereador disse ter recebido com ‘espanto’ notícia de envolvimento de Brazão no caso Marielle
O Conselho de Ética ouviu mais depoentes hoje no caso de Brazão. Com 12 anos de mandato na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, Willian Coelho (DC-RJ), que foi colega de Parlamento com Chiquinho e de Marielle, disse que a existência da milícia no Estado do Rio é “um fato notório”, mas que não acredita que a organização tenha “influência política” no território. Além disso, que não tem conhecimento da ligação do deputado com milicianos.
Conforme Willian, ele não ouviu rumores de que Chiquinho seria um dos mandantes do assassinato da vereadora do Psol, mas que soube pela imprensa sobre sua prisão com “espanto”.
“O deputado sempre foi muito tranquilo e respeitoso na Câmara, com todos os vereadores”, disse. “Nunca presenciei nenhuma animosidade ou problema. Sempre foi muito atuante, sempre defendeu suas posições com muita educação e delicadeza.”
O vereador disse ainda que sua relação com Marielle “sempre foi muito boa” e que a vereadora do Psol também tinha uma boa relação com Chiquinho. “Nunca presenciei nenhuma animosidade ou desentendimento”, disse. “Marielle era muito respeitada e querida na Câmara. Ela defendia seus posicionamentos com firmeza, mas de forma muito educada.”
Willian disse ainda não saber se o assassinato de Marielle esteja relacionado a violência política.
Cambada de anjinhos.
Todos querendo tirar O seu respectivo, da seringa…..