(J. R. Guzzo, publicado no jornal O Estado de S. Paulo em 1º de junho de 2024)
A neurose permanente que perturba a vida pública atual está colocando em circulação mais uma ideia suicida — o grande problema do Brasil, segundo o regime em vigor, é o povo brasileiro. É esse povo que elege os integrantes do Congresso Nacional e, na opinião do governo Lula, não há nada pior do que “esse Congresso que está aí.” Existem nele, por sua visão das coisas, duas doenças terminais. A primeira é que há 350 deputados infiéis entre os 513 que formam a Câmara. A segunda é o conceito de que os representantes do povo representam o povo. Como o povo brasileiro está errado, quer coisas erradas e vota errado, acaba por eleger o Congresso errado — e isso atrapalha o “projeto de país” do consórcio Lula-STF-etc. A população não entende os benefícios que “o processo civilizatório” do sistema quer impor a ela — por exemplo, as “saidinhas” de criminosos da prisão, a punição com cinco anos de cadeia para os acusados de “fake news”, o aumento das terras indígenas e por aí afora. Mas o Congresso, em geral, entende, e muito bem, o que o eleitor não quer. Acaba nesse tipo de surra que o governo levou na semana passada.
“Não existe nenhuma lei no Brasil que proíba o cidadão de ser de direita — e nem de esquerda, ou de centro”
J. R. Guzzo
Como os militantes do regime não conseguem admitir que suas derrotas no plenário tenham alguma relação com os atos que praticam, acabam achando que a culpa de tudo é “deles”. São “eles” que estão errados, e são “eles” que teriam de mudar. Como “eles” não mudam, o governo se abandona a um estado de irritação neurastênica com o público pagante. Não pode, é claro, dizer isso na cara de todos. Diz então pelas costas — ou seja, acusando o Congresso de ser o lobisomem do Brasil de hoje. O crime inafiançável da maioria dos deputados e senadores atuais é ser de “extrema direita” — a direita simples, na sua opinião, nem existe mais. O sujeito oculto da frase é que, sendo de direita, são contra a democracia, e sendo contra a democracia não podem estar no Congresso. Não existe nenhuma lei no Brasil que proíba o cidadão de ser de direita — e nem de esquerda, ou de centro. Mas, no pensamento oficial vigente, trata-se de uma tara política que não tem cura possível. Ela faz os direitistas usarem as eleições para serem eleitos e, uma vez eleitos democraticamente, usarem a democracia para “acabar com a democracia”.
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O Congresso Nacional, no mundo das realidades, não é de “direita”, nem bom e nem ruim — é o que a população brasileira, através de eleições, quer que seja. Tem o Partido Ruralista, o Partido Evangélico, o Partido da Polícia; tem, também, a Frente Nacional de Lutas Contra o Erário. É o retrato do Brasil, não o da Suécia. Se não está bom assim, vão ter de trocar de povo.
Leia também: “O Brasil dos Randolfes”, artigo de J. R. Guzzo publicado na Edição 219 da Revista Oeste
A solução, por Bertold Brecht:
Após a insurreição de 17 de Junho
O secretário do Sindicato dos Escritores
Mandou distribuir panfletos na Avenida Stalin
Declarando que o povo
Se tornara indigno da confiança do governo
E só à custa de trabalho intenso
A poderia recuperar. Não seria
Mais simples então que o governo
Dissolvesse o povo e
Elegesse outro?
O governo está certo! Afinal de contas, esse brasileiro problemático elegeu incompetentes que fazem um governo disfuncional e medíocre.
Não elegemos. Afinal, como dizia o camarada Estaline, o que importa não é quem vota, mas quem conta os votos.
Consórcio Lula – STF – etc.!
Que vergonha, como permitimos que isso aconteça e continue acontecendo?
Salve as FA, comandadas por traidores, vaidosos, oportunistas e covardes!
Não tem credibilidade perante o povo da nisso, um governo a margem
Excelente artigo , exatamente como Consorcio enxerga.
A incomPeTência do governo, falta de credibilidade latente, enojante, ele não assume.
Como pode um condenado, que cumpriu pena e foi solto por “amizade” de um juiz ser eleito Presidente?
Aí sim está o grande erro do povo! Será que não temos outros candidatos diferentes? Com condições de fazer outro tipo de política?
Já deu para os Coronéis! Ninguém tolera mais esse tipo de político, de se fazer a política.
Como explicar que juízes da Suprema Corte brasileira são indicados porque são amigos da esposa do presidente, ou são ex-advogados, ou ex-ministro de estado? Onde já se viu uma situação assim no mundo democrático?
O problema para esse governo é que o POVO está ligado, na marra, mas está! Graças ao poder de comunicação da internet que tanto querem acabar, exterminar, prender, punir, retirar de cena quem ousar discordar de suas sandices, de suas estapafúrdias decisões, como os inquéritos, as “fakes news” e outros.
Esta figura, além de caráter duvidoso e ignorante , dá sinais de desequilíbrio mental.
É aí que os oportunistas de plantão, se aproveitam do cara, é só bajular……
O congresso está coerente com os votos do eleitorado . O que não bate são os votos para presidência . O brasileiro não é idiota , sabe o que aconteceu .
Grande Guzzo, o maior do Brasil! É desse jeito: as “zelite” querem trocar de povo, e o povo quer trocar de “zelite”. E vamos levando.
Lula.3 está “biruta” mesmo, odeia o povo que elegeu os deputados e senadores,mas gosta quando muito do mesmo povo quando o elegeu para presidente do Brasil. Dá para entender?
Excelente artigo
Professor José Roberto Guzzo eeterno sempre fui assinante da veja por trinta e três ano,saudade do grande Guzzo hoje sou assinante da oeste.