Em uma postagem no Twitter na manhã desta quinta-feira, 27, o ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou que Serguei Vladimirovich Cherkasov, suspeito de ser espião russo a serviço do governo de Vladimir Putin, não será extraditado. Havia dois pedidos de extradição: dos Estados Unidos e da Rússia.
“Quanto ao cidadão russo Serguei Vladimirovich Cherkasov, esclareço que o parecer técnico do Ministério da Justiça, acerca de dois pedidos de extradição, está embasado em Tratados e na Lei 13.445/2017. No momento, o citado cidadão permanecerá preso no Brasil”, escreveu, citando a Lei de Imigração.
Cherkasov, de 36 anos, usava no Brasil o nome falso de Viktor Muller Ferreira, e teve a extradição requerida pelo governo dos Estados Unidos em abril. Cherkasov foi preso em abril do ano passado, na Holanda, e deportado para o Brasil. Desde janeiro deste ano, está em presídio de segurança máxima de Brasília.
Na Holanda, o russo planejava trabalhar no Tribunal Penal Internacional, em Haia, para investigar supostos crimes de guerra cometidos na Ucrânia. As autoridades holandesas alegaram que ele é um espião russo e que usava passaporte brasileiro para esconder a identidade.
Em agosto do ano passado, a Rússia já tinha pedido a extradição do suposto espião. Ouvido no processo, Cherkasov chamou atenção ao afirmar que gostaria de ser entregue às autoridades do seu país, apesar de a pena no seu país ser mais do que no Brasil.
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O suposto espião foi condenado em primeira instância pela Justiça Federal, em junho do ano passado, a 15 anos de prisão por uso de documento falso. Ele responde a inquérito por crimes de lavagem de dinheiro, corrupção e espionagem.
De acordo com o MPF, entre 2012 e 2022, Cherkasov usou documentos em nome de Viktor Muller Ferreira para entrar e sair do Brasil por 15 vezes.
Em 20 de julho, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve a prisão de Cherkasov. A defesa do suposto espião russo argumentava que ele aguarda julgamento de recurso contra condenação da Justiça Federal paulista e que o tempo da prisão preventiva seria excessivo.
Como mostrou o jornal The Washington Post, o suposto espião russo, nascido em Kaliningrado, se passava por um estudante brasileiro nascido em Niterói (RJ), em 1989.
Tinha que extraditá-lo para os EUA.