(J. R. Guzzo, publicado no jornal O Estado de S. Paulo em 4 de outubro de 2023)
A greve no metrô e trens urbanos de São Paulo não foi apenas mais uma agressão estúpida ao cidadão que precisa do transporte público para ir ao trabalho todos os dias. Foi uma apresentação prévia do tratamento que o deputado Boulos e o seu Psol, com o apoio do PT e do presidente Lula, vão dar à cidade de São Paulo e à massa dos trabalhadores paulistanos se forem declarados vencedores nas eleições municipais do ano que vem. É assim que agem; é isso, exatamente, o que querem para a cidade. Deputados do partido vieram a São Paulo para festejar o que consideravam, então, “o sucesso” da penitência que tinham imposto à população; é um caso realmente extremo de celebração da desordem e de desprezo pelo povo que querem governar. A greve morreu em um dia. Mas deixou claro os termos do contrato que Boulos e o Psol querem impor à São Paulo a partir de 2024.
Não houve, em nenhum momento desta greve, qualquer tipo de reivindicação trabalhista em favor dos metroviários e dos funcionários do sistema metropolitano de ferrovias. Não houve, obviamente, nenhuma demanda de melhoria do sistema de transporte, ou de aprimoramento no serviço prestado à população. O objetivo dos lordes do sindicato que impôs esse castigo para o trabalhador paulistano foi puramente político: protestar contra as propostas de privatização do metrô e da CPTM que estão em estudo. Manter o sistema estatizado é um desejo exclusivo dos dirigentes sindicais, do Psol e da extrema esquerda. Os usuários têm interesse zero nisso. A única coisa que lhes importa é que o metrô e os trens funcionem todos os dias da melhor forma possível — e não quem é o dono dos trilhos, dos trens e das estações. Mas os políticos da confederação que se anuncia como “progressista” querem que a rede seja deles. É a sua ideia de “políticas públicas”. Não têm nada de públicas; querem apenas privatizar o Estado em seu benefício pessoal.
A greve não atendeu a nenhum interesse ou reivindicação legítima dos metroviários; como sempre, eles só pararam porque foram impedidos de trabalhar pela força dos piquetes operados pelo sindicato. A violência pode ser mantida por um tempo; greves não se sustentam sem o apoio dos trabalhadores que estão em greve, e foi exatamente o que aconteceu. A paralisação não sobreviveu ao primeiro dia. Acabou sendo, também, um espetacular tiro no próprio pé. As linhas já privatizadas do metrô funcionaram durante a greve; ficou claro, para o cidadão, qual o modelo que funciona melhor. Como é possível fazer as pessoas acreditarem numa estatização que as deixa a pé, na hora em que dá na telha de meia dúzia de gatos gordos do sindicato? Como o candidato do Psol pretende demonstrar a alguém que o sistema ruim é aquele que funciona?
A esquerda que quer mandar na prefeitura de São Paulo exibiu à luz do sol, mais uma vez, os abusos que está disposta a impor ao paulistano para atender à sua agenda política. O trabalhador sofre para pegar a sua condução? Funcionários de hospitais não conseguem chegar ao trabalho? Os autônomos, que não têm a proteção de um emprego, perdem um dia de ganho? O sindicato, o Psol o deputado Boulos querem que eles todos se explodam. Estão pouco ligando, também, para a lei. São os primeiros a dizer que “decisão da Justiça não se discute, se cumpre”. Mas quando a decisão é contra eles, como foi no episódio da greve do metrô, simplesmente ignoram o ordenamento legal. Têm certeza, é claro, de que vão ficar impunes.