“Decapitar crianças, assassinar idosos e estuprar mulheres inocentes, da forma como o Hamas fez é terrorismo, e não há outro nome”, constatou o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, ao dizer que vê com “estranheza” a postura da diplomacia de Lula em relação aos radicais. “Como país amigo, esperamos que o governo nos apoie neste momento difícil, condenando essas ações.” Desde o primeiro ataque do Hamas a Israel, em 7 de outubro, o Palácio do Planalto tem evitado classificar o Hamas como um grupo terrorista, apoiando-se até na ONU.
Zonshine relata ainda a dificuldade para desconstruir a imagem segundo a qual o Hamas é apenas um movimento em busca da libertação da Palestina. De acordo com o embaixador, o monumento ao cinismo levou tempo para ficar pronto. “Trata-se de uma grande mentira”, afirmou com voz imperiosa o diplomata, de 64 anos, formado em arqueologia e com mestrado em defesa, ao denunciar a existência de uma “campanha” que envolve pessoas a serviço dessa teoria falaciosa em universidades e centros de disseminação de informação ao redor do mundo. “É difícil desfazer isso.”
Piloto de avião em Israel e a serviço de seu país no serviço militar por 11 anos, Zonshine falou sobre as estratégias de reação contra o Hamas e garantiu que o objetivo não é matar palestinos, mas, sim, atingir as bases dos extremistas que ficam em túneis de Gaza. Ocupando o cargo de representante do povo israelense no Brasil desde agosto de 2021, Zonshine comentou ainda a cobertura da mídia brasileira e mundial sobre os ataques e falou que a possibilidade de encerramento da guerra está distante. “É difícil falar com alguém cujo objetivo é te matar”, observou. “A única ‘conversa’, hoje, com um radical desses seria perguntar qual é a maneira mais rápida de ele te matar.”
Até o momento, o governo Lula não chamou o Hamas de terrorista, mesmo sendo presidente do Conselho de Segurança da ONU. Por quê? E qual é a sua avaliação a respeito?
É uma resposta que cabe ao Poder Executivo dar. O que posso dizer é que vejo com estranheza as palavras usadas até agora pelo governo federal para se referir ao que houve. Creio que, para a maioria das pessoas, decapitar crianças, assassinar idosos e estuprar mulheres inocentes, da forma como ocorreu, é terrorismo, algo inaceitável. Não há outro nome para quem comete esses horrores, tampouco qualquer relativização. Portanto, trata-se de algo a ser falado. Vi muitas pessoas confundindo as coisas. Alguém a favor da causa dos palestinos não tem de defender o Hamas, pois são distintos. O movimento não os representa.
Qual postura o senhor espera do Brasil?
Como país amigo, que entenda a nossa situação, que temos o direito e a obrigação de nos defendermos. Esperamos que o Brasil nos apoie neste momento difícil, condenando as ações terroristas do Hamas. Se não pararmos esse problema lá, pode ser que vocês tenham de experimentar o efeito dessa ideologia aqui no Brasil. É necessário olhar para o cenário de maneira bem mais ampla.
E, durante o revide de Israel aos ataques, como preservar palestinos inocentes em Gaza?
Trata-se de um problema, principalmente porque os líderes do Hamas estão escondidos em bases fortificadas embaixo da cidade. Enquanto isso, civis ficam na parte de cima expostos a qualquer coisa e acabam sendo atingidos. Para o Hamas, quanto mais pessoas comuns morrerem na guerra, melhor. Fica fácil acusar Israel de praticar crimes e se vitimizar para o restante do mundo. Nosso foco tem sido estritamente as bases militares do grupo. Infelizmente, reconhecemos que, no processo, haverá algumas perdas.
O assessor especial da Presidência, Celso Amorim, prefaciou um livro pró-Hamas. O que o senhor pensa sobre isso?
Não li esse livro e creio não ser preciso. As imagens do que aconteceu em Israel falam por si sós. Por meio delas, dá para saber quem é o Hamas. Não há nenhuma possibilidade de olhar para esse movimento com bons olhos, sobretudo depois das coisas que fez. Os terroristas, agora, mentem descaradamente ao dizer que não praticaram as atrocidades que vimos, algo que faz parte de uma espécie de “máquina de propaganda”. O mundo todo, porém, já testemunhou as cenas do horror e está muito sensibilizado.
O que é essa “máquina de propaganda”?
Desde os ataques, temos tentado mostrar ao mundo a verdadeira face dos terroristas. A ideologia deles é destruir Israel, e isso não se restringe ao meu país. Eles podem ir para outros lugares. O mundo precisa nos apoiar, inclusive o Brasil, que é bem importante. O Hamas usa métodos sofisticados de campanha que envolvem até as redes sociais. Eles têm apoiadores infiltrados em universidades, de professores a alunos, que disseminam falsas teorias de que o grupo é apenas uma milícia revolucionária lutando por libertação. Criaram, durante anos, uma rede muito forte.
A imprensa brasileira tem publicado notícias pró-Palestina e, em alguns casos, minimizando os atos do Hamas. Como o senhor avalia essa cobertura, e como a campanha do Hamas afeta a mídia?
Não acompanhei todas as notícias publicadas pela mídia brasileira. Penso que algumas premissas têm de ser consideradas por qualquer pessoa. A primeira delas é que Israel é a vítima, porque foi atacada. A segunda é que a barbárie cometida no meu país precisa ser condenada enfaticamente. E a terceira é usar as palavras certas para se referir a tudo isso, sem eufemismos. Os ataques do Hamas foram brutais e violaram os direitos humanos. Sobre se a campanha dos terroristas afetou a imprensa mundial, creio que teve sucesso em muitos países. Tenho visto bastante gente aparentemente esclarecida apoiar o Hamas, só não sei dizer se é por causa dessa propaganda ou porque o indivíduo não quer saber o que é a verdade ou a mentira.
Partidos de esquerda no Brasil, como o PCO e o PCdoB, apoiam explicitamente o Hamas. Qual é sua avaliação a respeito?
Reafirmo a necessidade de diferenciar a causa da Palestina daquilo que propõe o Hamas. Para alcançar seus objetivos, os terroristas cometem toda a sorte de crimes. Quem busca obter sucesso em causas legítimas não pode se valer desses meios. Justificar as atrocidades do Hamas como sendo os fins da “luta de resistência” contra um Estado que vem sendo massacrado é hipocrisia e, sem sombra de dúvidas, total falta de humanidade com o próximo.
Além dos Estados Unidos, quais países manifestaram apoio enfático à causa israelense? E quem está por trás do Hamas?
Da Europa, praticamente todos, com ênfase a Alemanha, França, Itália e Reino Unido, além de países da América Latina. Esse conjunto de nações declarou publicamente que nos apoia, além de ter condenado os atos do Hamas e nos enviado cartas de solidariedade. O apoio a nós deveria ser óbvio em uma hora como esta; no entanto, há quem não consiga superar seus interesses e ideologias para ser mais humano. A respeito do Hamas, atualmente, o Irã é o maior financiador. Tem sido ele o responsável por vender armas e dar treinamento aos extremistas. O Catar e o Líbano também ajudaram. No momento, não queremos a interferência de mais ninguém, a exemplo do Hezbollah. Já há problemas demais nisso tudo.
Há chances de haver algum tipo de diálogo com o Hamas?
É difícil falar com alguém cujo objetivo é te matar. A única “conversa”, hoje, com um radical desses seria perguntar qual é a maneira mais rápida de ele te matar. Não dá para discutir com uma organização terrorista que não tem limites, valores nem algo em comum com a cultura do Ocidente. O Hamas é desumano em todos os seus atos. Não estão preocupados com a população de Gaza, que controla há 20 anos. Basta olhar a pobreza ao redor da cidade, muito falada na imprensa. O dinheiro que eles obtêm é usado unicamente para expandir a capacidade militar do grupo. Com esses recursos, constroem túneis sob a Faixa e adquirem armas.
Houve falha da inteligência de Israel nesses ataques?
Sim. Não conseguimos prever os atentados e fomos surpreendidos em um sábado de comemorações. Demoramos para reagir e tomar controle da situação. Ao longo de muito tempo, o Hamas criou a imagem segundo a qual estava enfraquecido, cuidando de Gaza e agindo pacificamente, quando, na verdade, se preparava para a guerra. Tomamos um choque que vai demorar para passar.
Diante do que está acontecendo agora, é possível discutir neste momento a criação de dois Estados?
Muito difícil. Os ataques do Hamas dificultaram ainda mais as discussões para a criação de dois Estados em busca da paz. Em Israel, vai levar tempo até que tudo retorne à normalidade ou que palestinos possam voltar para o país [havia 20 mil trabalhando em Israel]. Até mesmo as tomadas de decisões com nossos vizinhos têm de ser bem pensadas. Infelizmente, predomina a falta de confiança.
Se não bastasse a vergonha que sentimos em ser governado por um ladrão colocado la, ainda temos que conviver com a fama de ser um pais que ,apoia terroristas..
Apenas para comparar …Porque o povo da Venezuela não se rebela contra a ditaduta que gover na lá????
Porque o Brasil não se rebela contra o bandido e sua corja que governa e rouba aqui???
Somos carneiros???????
O embaixador falou muito bem e com propriedade e serenidade. Também fez alertas importantes ao Brasil cijo governo atual é abertamente pró bandidos e terroristas.
Este partido já uma aberracao, deveria ser extinto pelas falcatruas e roubalheiras que já m promoveram,
Ler um diplomata sério falando e respondendo de forma coerente e os pseudo-diplomatas ideológicos brasileiros me dá vergonha do Brasil. Sem nada mais a acrescentar além da palavra lastimável
Sou admirador incondicional do Povo Israelense, assisto sem cansar repetidas vezes o que o Nazistas fizeram com esse povo, e até hoje tem nações que renegam o holocausto, infelizmente irei morrer sem ver esse povo viver em paz nas vossas terras, há um ingrediente insolúvel de solução que é cidade de Jerusalém, essa cidade será eternamente reivindicada pelos palestinos que hora se encontra sobre os domínios dos Israelenses, que também as tem como sua cidade.