'Lula pode acabar com o tiro esportivo no Brasil'

Eleito deputado federal pelo Estado de São Paulo nas últimas eleições, com mais de 70 mil votos, o delegado de Polícia Paulo Bilynskyj (PL) chega à Câmara com uma missão bem definida: facilitar o acesso às armas de fogo no Brasil.

Segundo ele, com a eleição de um Congresso Nacional mais à direita, como ocorreu neste ano, será possível discutir a revogação do Estatuto do Desarmamento — legislação em vigor desde 2003.

Em entrevista a Oeste, o parlamentar eleito também afirmou que, caso vitorioso, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode acabar com o tiro esportivo no Brasil.

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A seguir, os principais trechos da entrevista.

1 — É possível revogar o Estatuto do Desarmamento com esse novo Congresso eleito ?

Sim, é possível revogarmos o Estatuto do Desarmamento, em vigor desde 2003, e que dificulta o acesso das armas de fogo pelo cidadão comum. A melhor forma de ampliarmos o armamento no país hoje é com a aprovação de uma Emenda Constitucional permitindo a posse e o porte,  seguido de uma regulamentação por uma lei federal. Além disso, como deputado, pretendo transformar os requisitos para tirar uma arma de fogo em pontos objetivos. Hoje, o processo de obtenção é totalmente subjetivo. Um delegado de polícia tem de avaliar a “necessidade” do indivíduo em ter o armamento. Quero fazer com que seja um processo similar ao da carteira de trânsito: “Apresente os documentos, prove sua inocência e tire a sua arma”.

2 — O ex-presidente Lula chegou a dizer que, caso eleito, pretende fechar clubes de tiro. Ele poderia fazer isso? 

Sim. O Lula poderia fechar os clubes de tiro porque esses estabelecimentos dependem de uma autorização para funcionamento junto ao poder público. Com isso, basta que a autorização seja aplicada, via decreto presidencial, para que tanto os clubes de tiro fechem quanto o tiro esportivo, como um todo, deixe de existir no Brasil. 

3 — Como você analisa a flexibilização de armas pelo governo Jair Bolsonaro?

Comecei a ministrar cursos de tiro em 2017. A primeira grande mudança que percebi foi a partir de 2018 com a eleição do presidente Jair Bolsonaro e, consequentemente, a flexibilização do acesso às armas de fogo pelo cidadão civil. Com isso, ter uma arma ficou mais fácil e mais barato. Hoje, temos cerca de um milhão de caçadores, atiradores e colecionadores (CACs)  no Brasil. O aumento foi geral. Acabei de voltar de Dormentes, interior de Pernambuco, cidade com menos de 20 mil habitantes, e o tiro cresceu muito por lá com o atual governo. 

4 — “Mais armas, mais mortes”. Como o senhor avalia essa afirmação?

Armar um cidadão de bem não vai aumentar o número de homicídios, porque o acesso às armas somente é reservado para aqueles que passam por todos os processos, como idade, ocupação lícita, ausência de antecedentes criminais, capacidade psicológica e técnica. Os crimes com armas de fogo são praticados por criminosos, que têm acesso ao armamento por vias ilegais. Não vemos crimes significativos praticados por quem possui armas de forma legal.  

5 — É correto dizer que, ao armar a população, o tráfico também sai ganhando? 

Não. Eu, por exemplo, tenho dez anos como policial e nunca apreendi uma arma de fogo que tenha sido de propriedade de um cidadão de bem, mas roubada por bandidos. Muito pelo contrário. As milhares de armas que apreendi eram ilegais. Os criminosos conseguem armas de maneira muito fácil e barata. As armas do cidadão de bem não entram nessa conta. 

Leia também: “O número de armas cresceu e os homicídios caíram“, entrevista com Marcos Pollon publicada na Edição 115 da Revista Oeste