(J.R. Guzzo, publicado no jornal Gazeta do Povo em 1° de agosto de 2022)
O ex-presidente Lula tem dito e repetido, durante a sua campanha eleitoral para voltar à presidência, que o “Movimento dos Sem-Terra”, e tudo aquilo que vem junto com ele, terá um lugar de “importância” em seu governo. Pode ser mentira, para segurar o apoio da “esquerda radical” com mais uma promessa que não sabe se vai cumprir ou não. Mas, de qualquer jeito, é o que ele está dizendo que vai fazer; seu vice Geraldo Alckmin, aliás, não tira mais da cabeça o boné do MST. É a mais violenta declaração de hostilidade ao agronegócio que um candidato poderia fazer em público. O MST, esse mesmo a quem ele promete dar poderes extraordinários se ganhar a eleição, não prega apenas a “reforma agrária”, ou “mudanças no modelo”; está exigindo, em voz alta, a eliminação pura e simples de todo o sistema de produção que existe hoje na agricultura brasileira.
Em suas reuniões, comícios e atos públicos em geral, os líderes do MST — gente que, nessas ocasiões, fala em “dialética”, “agregado econômico” e “modelo político” — diz, exatamente com essas palavras, que o agronegócio é “o inimigo do povo brasileiro”. Tem de ser “destruído”, e o seu lugar vai ser ocupado pelos “homens e mulheres” que “produzem alimentos saudáveis” e que estão no campo para cumprir metas sociais; em vez de buscarem o “lucro” estarão servindo “à sociedade”, etc. etc. etc. Não querem mudanças no sistema; querem a destruição do sistema. Não querem acesso a terras hoje não cultivadas e que poderiam ser exploradas. Querem tomar dos seus proprietários o patrimônio que eles construíram com o seu trabalho; querem ficar com o que já está pronto com o esforço, o talento e o capital alheios.
O MST diz em seus discursos que a soja é uma “inimiga do Brasil”. Todo o agronegócio, segundo afirmam os seus chefes, é um “modelo de poder” que tem de ser eliminado da face da Terra. Os agricultores e pecuaristas, mais os técnicos, os pesquisadores e os trabalhadores especializados do agro, são delinquentes sociais que precisam ser reprimidos pelo governo. É essa gente que Lula promete levar para dentro do Palácio do Planalto. É com eles que quer governar o Brasil. É esse o futuro que está preparando.
O agronegócio brasileiro é, já há anos, o mais eficiente e bem-sucedido setor da economia brasileira. É ele que garante a liquidez internacional do Brasil em divisas, com os recordes seguidos que consegue nas exportações — e fornece ao país os dólares para pagar as suas importações. É ele que alimenta 1 bilhão de pessoas pelo mundo afora, além da população brasileira. É ele que transformou o Brasil num dos dois ou três maiores produtores e exportadores de produtos agrícolas do mundo — ou, como acontece em muitos casos, no número 1. O agro sustenta e faz prosperar toda uma cadeia de produção na indústria, no comércio e no universo da tecnologia. Fornece emprego, renda e impostos. É por isso tudo, precisamente, que o MST exige a sua destruição: o agro é a prova mais indiscutível de que o capitalismo deu certo no campo brasileiro, e a ideia de liberdade econômica no setor agrário é intolerável para a esquerda nacional. Não pode continuar tendo sucesso, portanto; tem de ser banida.
A agricultura, a pecuária e o restante da atividade rural não deram certo no Brasil por causa da “reforma agrária”, nem da distribuição de terras, nem da “propriedade coletiva” ou de outros embustes defendidos pelo MST e seus associados na esquerda brasileira. Deram certo por fazerem exatamente o contrário de tudo o que é pregado pelo “campo progressista” — e, desta maneira, prejudicarem os interesses materiais e políticos dos proprietários do “movimento social”. Seus principais aliados, hoje, são as forças econômicas multinacionais que, em defesa do seu caixa, declararam guerra ao agronegócio do Brasil — com a desculpa de estarem defendendo o meio ambiente, o “clima” e a Floresta Amazônica. Lula, hoje, é a sua esperança.