Mangaratiba, na Costa Verde do Rio de Janeiro, é conhecida por suas belas praias e ilhas. Nas últimas eleições, entretanto, a cidade foi palco de um estranho fenômeno. Em apenas cinco meses, o município viu um crescimento inesperado de seu colégio eleitoral, com mais de 5,5 mil pedidos de transferência de título de eleitor. O caso foi revelado no Fantástico, da Rede Globo.
O número é alarmante, se considerado que a cidade possui uma população estimada, segundo o IBGE, em 41.220 pessoas, enquanto o número de eleitores chegou a 46.874.
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A Polícia Federal e o Ministério Público começaram a investigar a situação. Há suspeita de fraude em transferências de domicílio eleitoral. Ou seja, pessoas que moram em outras cidades e receberam dinheiro ou outras vantagens para transferir o título de eleitor, com a desculpa de morar ou trabalhar em Mangaratiba.
Entre os mais de 5,5 mil pedidos de transferência, feitos nos primeiros cinco meses do ano, quase 1,5 mil foram rejeitados devido a inconsistências. “Os endereços foram fiscalizados e constatou-se que ou não existiam, eram comerciais ou terrenos baldios, ou as pessoas não eram localizadas nos endereços, sendo que os moradores não conheciam essas pessoas”, afirmou Débora de Souza Becker Lima, promotora da Justiça Eleitoral do Rio de Janeiro.
A investigação também revelou que muitos desses eleitores eram monitorados por grupos nas redes sociais. “Valia R$ 100 por título”, disse à Globo um eleitor que vendeu o voto. Ele recebeu inclusive o transporte por aplicativo que o levaria ao local das eleições. “Um candidato a vereador me chamou para conversar, perguntando se eu não poderia trazer pessoas para votar aqui.”
Os eleitores cooptados eram monitorados no grupo e tinham de informar sobre a chegada à seção eleitoral e enviar fotos dos comprovantes de votação. A Globo apurou que o pagamento pelo voto só era feito depois desse envio.
A explosão de eleitores em Mangaratiba levou à criação de 27 locais de votação. A eleição foi decidida por apenas 125 votos.
Investigações em Mangaratiba recaem sobre a chapa vencedora
Já começaram as investigações da chapa vencedora, composta do prefeito eleito, que também é vice-presidente da Escola de Samba Mocidade Independente de Padre Miguel, Luiz Cláudio (Republicanos), e o vice Lucas Venito (PL).
O candidato que perdeu, Aarão Moura (PP), entrou com uma notícia-crime no Ministério Público e pediu investigação das eleições. Entre as provas juntadas, conforme apuração da Globo, estão dezenas de conversas em grupos montados, segundo a denúncia, para tratar da logística no dia da votação.
Em nota, a defesa do prefeito eleito, Luiz Cláudio, diz que o candidato derrotado busca “criar narrativas e disseminar desinformação para tumultuar o legítimo resultado do pleito.”
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