O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, ficou em silêncio durante seu depoimento à CPI do 8 de Janeiro do Distrito Federal. A oitiva começou às 10 horas da manhã desta quinta-feira, 24, e deve continuar, ao menos, pelas próximas duas horas.
Assim como na CPMI do Congresso, o militar conseguiu no Supremo Tribunal Federal um habeas corpus que o autoriza a ficar em silêncio nas perguntas que possam produzir provas contra ele.
Cid, contudo, deve responder aos questionamentos que não têm relação com os inquéritos em que é investigado. O tenente-coronel respondeu apenas ao deputado distrital Pastor Daniel (PP), que perguntou qual a idade do militar: 44 anos.
Cid foi questionado sobre o conjunto de mensagens e de documentos encontrados pela Polícia Federal (PF) no celular dele. Além disso, sobre o esquema de joias que teria sido montado a mando do ex-presidente.
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Fardado, Cid falou no início da oitiva sobre a própria trajetória no Exército e explicou que o cargo que ocupava na gestão do ex-presidente era uma escolha das Forças Armadas, e não de Bolsonaro. O uso da farda é uma orientação da cúpula do Exército.
Segundo Cid, entre as funções de seu cargo, está a recepção de correspondências remetidas ao presidente da República. “Não questionávamos o que era tratado nas respectivas agendas e reuniões. Não estava na minha esfera analisar propostas de apoiadores”, assegurou.
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Ele está preso há 110 dias devido a uma operação da PF que apura fraudes em carteiras de vacinação. Na ocasião, a polícia extraiu algumas informações do telefone de Mauro Cid, pois teve acesso aos aparelhos dele; de Gabriela Santiago Cid, mulher do tenente-coronel; e de Luis Marcos dos Reis, militar que trabalhou com Bolsonaro.
Discussão com advogado de Mauro Cid
O início da sessão foi marcado por uma pequena discussão entre o presidente da CPI, deputado Chico Vigilante (PT), e o advogado do militar, Cezar Bitencourt. O criminalista havia anunciado que Cid permaneceria em silêncio na oitiva.
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Chico então afirmou que o ex-ajudante de ordens foi convocado na condição de testemunha, conforme o ministro Alexandre de Moraes, do STF. Bitencourt negou e afirmou que o militar seria investigado — o que lhe garante o direito de não responder às perguntas. “Eu também contrario o STF”, disse o defensor.