O ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinicius Marques de Carvalho, negou qualquer conflito de interesses nas negociações entre o órgão e empresas atendidas pelo seu antigo escritório. Ele reiterou que não participa de decisões que envolvem antigos clientes, como a Novonor (antiga Odebrecht).
“Esses acordos estão sendo negociados pela equipe técnica da CGU, eu já não participaria da negociação desses acordos e não estou participando pela Odebrecht já ter sido minha cliente no passado”, disse, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura. “Eu não vou decidir a negociação desses acordos.”
O ministro afirmou que não recebe dividendos da empresa desde janeiro de 2023 e disse ter comunicado a Comissão de Ética sobre seu afastamento do escritório.
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Porém, Vinicius só pediu o afastamento unilateral à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) recentemente. O pedido ainda está em homologação.
Hoje, o VCMA Advogados é comandado pela namorada do ministro, Marcela Mattiuzzo. No entanto, ele ainda aparece no site do escritório como “sócio licenciado”.
“Única coisa que mudou foi que, naquele momento, [a Comissão de Ética] permitiu que eu recebesse dividendos do escritório, e agora que não recebesse. Mas eu já tinha tomado a decisão de não receber dividendos”, afirmou. “Resolvi me afastar para evitar qualquer tipo de ilação e questionamentos sobre minha conduta.”
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Ministro da CGU foi investigado por conflito de interesses
Em abril, a Comissão de Ética Pública da Presidência iniciou uma investigação sobre um possível conflito de interesses que envolve o ministro da CGU, Vinicius Marques de Carvalho. O processo foi arquivado em 13 de maio, com a conclusão de que não havia materialidade nas acusações.
Sobre as decisões de advocacy do VMCA em Brasília, Carvalho ressaltou que não participou de tais deliberações. “Eu não participei dessa decisão, dado que estou afastado do escritório desde o começo do ano passado”, afirmou. “Foi uma decisão que os sócios tomaram.”
Em abril de 2024, o ministro participou de uma reunião com advogados da Novonor e outras sete empreiteiras para rediscutir acordos de leniência. Ele afirmou que apenas apresentou as empresas à equipe da CGU. “[Eu] disse que eram eles que iriam negociar esses acordos e saí da reunião”, contou.