O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, informou que o governo federal está organizando a reabertura das salas de aula em todo o país. “Já estamos trabalhando em uma portaria interministerial para disciplinar a volta às aulas presenciais”, declarou, em entrevista coletiva, na noite da terça-feira 6, ao mencionar os ministros da Educação Milton Ribeiro, da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, e da Advocacia-Geral da União, André Mendonça.
Atualmente, 25 Estados, mais o Distrito Federal, operam no sistema híbrido nos colégios particulares. Contudo, na rede pública, a retomada do ensino ocorre em ritmos diferentes. A preocupação do governo é a desigualdade que se instala entre as classes sociais. Especialistas da área da educação defendem que a medida proposta por Queiroga seja nacional, com a finalidade de abranger o maior número de alunos possível.
Educação brasileira à deriva
Um levantamento realizado pela Unesco e divulgado em 24 de janeiro mostrou que, enquanto a maioria dos países fechou suas escolas por pouco mais de 20 semanas, no Brasil, as crianças e adolescentes ficaram longe das salas de aula pelo dobro do tempo: 40 semanas. Nesse recorde, o país só se equipara à Argentina, Chile, Moçambique e Etiópia. De acordo com o estudo, aproximadamente 800 milhões de estudantes no mundo foram afetados e as instituições de ensino passaram, em média, dois terços do ano letivo fechadas.
No Brasil, quase 50 milhões de estudantes ficaram entregues à própria sorte — particularmente os 80% matriculados em escolas públicas. Destes, cerca de 25% não têm acesso à internet. Uma pesquisa do Ibope realizada em agosto mostrou que, em domicílios com renda per capita de até meio salário mínimo, um quarto dos estudantes não teve sequer acesso à educação remota. No mês de outubro, conforme a Pnad Covid19 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 6 milhões de alunos de 6 a 29 anos, da educação básica ao ensino superior, não tiveram acesso a atividades escolares. Na educação básica, “inexistência de aulas” e “dificuldade com o acesso remoto” foram as principais causas da evasão escolar. No ano da pandemia, cerca de 4 milhões de jovens abandonaram os estudos, segundo uma pesquisa encomendada pelo banco digital C6 Bank.
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