Apontado como um dos ministros do governo Jair Bolsonaro com melhor interlocução com o Congresso Nacional, Fabio Faria (Comunicações) avalia que o resultado das urnas neste ano não produzirá reflexos nas eleições presidenciais. Reafirma o nome do deputado Arthur Lira (PP-AL) como o favorito do Palácio do Planalto para comandar a agenda da Câmara e também fala sobre privatizações aguardadas, como a dos Correios.
Acompanhe os principais trechos da entrevista a Oeste.
Qual a avaliação do senhor sobre o saldo das eleições municipais deste ano? O “centrão”foi o vencedor? A esquerda saiu derrotada?
Qualquer tipo de avaliação pode ser precipitada porque foi uma eleição diferente, no meio da pandemia, e as pessoas estavam com a cabeça em outro lugar e não na política. Tivemos a exclusão do partido do presidente, porque ele não teve partido na eleição. Quem votou no presidente em 2018, votou contra a esquerda neste ano. Ele não deixou que nenhum ministro participasse da eleição, nenhum grupo político estivesse na linha de frente, não foi a nenhuma cidade, somente gravou algumas lives pontuais. O governo se manteve distante do pleito. Sem o presidente entrar com mais força nas disputas, os partidos conseguiram amealhar resultados importantes, que contaram com o voto antiesquerda e o voto da própria base do presidente. O PT não teve bom desempenho, mas o Psol teve. Continuo achando que a batalha de 2022 será entre Jair Bolsonaro e a esquerda e que esses partidos de centro vão apoiar o presidente.
A conclusão do senhor, portanto, é que não há uma conexão entre a eleição deste ano e a tentativa de reeleição do presidente em 2022.
Não acredito que tenha reflexo, até porque em 2016 o presidente não fez nenhum prefeito e ganhou com 57 milhões de votos em 2018. São pleitos diferentes, a paixão nacional predomina na corrida presidencial, mas na eleição municipal o que define é a política local.
O deputado Arthur Lira (PP-AL) é o favorito para presidir a Câmara? Caso a candidatura não vingue, o senhor cogitaria retomar o mandato para disputar como nome do governo?
Arthur Lira é um nome muito bem colocado, com apoios importantes de partidos. Ele tem alinhamento com a pauta que o presidente defende, liberal e conservadora, algo que o não foi possível pautar nos últimos dois anos, mas que agora pode avançar. Sobre o meu papel, hoje o principal desafio é fazer o presidente Jair Bolsonaro ser reeleito em 2022. Penso que consigo contribuir para isso na atual posição.
Qual a agenda prioritária do governo no Congresso no ano que vem?
As reformas que não foram aprovadas, com base na retomada da economia, além da pauta conservadora que o presidente prometeu na campanha, mas que é difícil de ser votada porque necessita de uma base maior. Mas essas pautas devem ser pautas porque é da democracia, como por exemplo o PT pautou quando esteve no poder, vide os sem-terra e os sindicatos. Da mesma forma o presidente tem o direito de pautar.
O senhor confia na privatização dos Correios, que estão no guarda-chuva da sua pasta?
Estou otimista em relação a esse tema, trabalho com isso para o final de 2021.
Quais outras privatizações podem ser esperadas?
No governo, há várias possibilidades, como Eletrobras, que precisa pautar, e o Porto de Santos. Temos de colocá-los na linha de frente, além da Telebrás aqui no meu ministério. A agenda é grande, mas é importante frisar que é preciso apoio do Congresso Nacional.
O senhor tem um plano para a Empresa Brasileira de Comunicação (EBC)?
Pretendemos diminuí-la, enxugá-la, torná-la menor e mais funcional. Essa grande estrutura, no meio ponto de vista, não é mais necessária.
O ministro Fabio Faria deveria aproveitar a proximidade que tem com Silvio Santos e dar um toque sobre o Jornal do SBT. Esses dias mesmo o jornal distorceu uma fala do presidente. Bolsonaro disse “a pandemia está chegando ao fim” e o jornal disse, “Bolsonaro diz que a pandemia acabou”. O Jornal do SBT parece ser um puxadinho da esquerda dentro do quintal do Silvio Santos.
O “garoto propaganda” do Centrão, que tenta a todo custo transformar a ORCRIM do Congresso num “grupo moderador, limpinho, limpinho”. “Çei!”
O CENTRÃO SEMPRE FOI E SEMPRE SERÁ O QUE HÁ DE PIOR NO CONGRESSO!! CHANTAGISTA, GANANCIOSO E CORRUPTO.
Concordo quando diz: “…O CENTRÃO SEMPRE FOI E SEMPRE SERÁ O QUE HÁ DE PIOR NO CONGRESSO!! CHANTAGISTA, GANANCIOSO E CORRUPTO.”.
Mas infelizmente é que temos (e temos esse “Centrão” há bastante tempo..). Foram todos eleitos democraticamente.. Temos que, de alguma forma, contar com eles mesmos.. (agora, se o Povo não sabe escolher bem os seus representantes, aí já é outra estória…). Os votos do famigerado “Centrão” são o fiel da balança no Congresso… Ainda bem que até agora me parece não estar havendo a velha prática adotada pelo Governo do PT, de “moeda de troca” com o Parlamento.. Que Deus Ilumine o Presidente…
Ótima entrevista Silvio, parabéns!
Precisamos de mais entrevistas como essa…o governo do PR JB tem muita gente boa e trabalhando de verdade…mas que, em geral, não tem tempo para fazer marketing…. então é preciso deste seu trabalho para divulgar as ideias e o trabalho destes patriotas!
Tá falado!
Ia comentar, mas preferi seguir essa linha. Boa entrevista, que venham mais. Fora os ministros “técnicos”, este é de longe o melhor do governo. Tem a exata dimensão do significado e prática de política. Estou de saco cheio da direita que quer tudo preto-no-branco. Só atrasa.
Gostaria de saber quem não é de esquerda neste congresso e judiciário. Os de direita que tenho certeza são pouquíssimos e não vou citá-los pois posso esquecer de algum deles. Portanto dizer que o embate no próximo pleito presidencial será, por óbvio, contra a esquerda mesmo, pois quase não tem mais ninguém na base de apoio para contrapor com a esquerda. Agora, esse negócio de afirmar que as eleições municipais são outra coisa, eu não acredito. Acredito mais é na falta de informação do eleitor para identificar quem é quem no meio dessa manada. Já na eleição presidencial, os candidatos no segundo turno são só dois, aí fica fácil identificar que é de direita.
Achei o entrevistado um pouco evasivo em diversos pontos, sobre o Arthur Lyra e o direito do presidente pautar agendas do interesse do eleitor que deu maioria ao Bolsonaro em 2018 (induzido a achar que algumas joyces e frotas eram da base do presidente). Pautar e levar fumo não adianta nada. É pautar e vencer.
Concordo. Mas se vc explicar como, ficaremos felizes.