Nesta terça-feira, 10, o Brasil registrou mais de 5 mil focos de incêndio no país. É o que mostram os dados do sistema BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Os biomas mais afetados são o Cerrado e a Amazônia, com 4,5 mil focos.
Em virtude da crise, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou o Amazonas na manhã desta terça-feira, onde cumpriu agenda e apresentou um plano de combate à seca que afeta mais de 330 mil pessoas.
Mato Grosso, por exemplo, é o Estado com o maior número de incêndios em um só dia: mais de 2 mil, superior a 40% do total. Em seguida estão Pará (901), Goiás (639), Tocantins (362), Mato Grosso do Sul (329), Minas Gerais (208) e Amazonas (149).
Outros biomas sofrem com as queimadas
Além do Cerrado e da Amazônia, outros biomas brasileiros, como Mata Atlântica (393 focos), Pantanal (187), Caatinga (8) e Pampa (1), sofrem com o avanço das queimadas
O país encerrou agosto de 2024 com quase 70 mil queimadas, o maior número em 14 anos. Trata-se de um aumento de 144%, em relação ao mesmo período de 2023. Entre 1º e 9 de setembro deste ano, o Brasil registrou 37 mil novos focos de incêndio. É o maior número desde 2010.
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Até agora, em 2024, a Amazônia contabiliza 82 mil incêndios — o maior índice desde 2005, quando foram registrados 110 mil. O Cerrado contabiliza 53 mil focos neste ano.
Por que aumentou o número de incêndios
A crise é agravada por uma seca histórica, considerada a pior dos últimos 44 anos, conforme o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). Esse cenário de estiagem, que já atinge grande parte dos municípios brasileiros, é resultado de ondas de calor intensas e da antecipação do período seco em várias regiões, incluindo a Amazônia.
Na Amazônia, a situação é especialmente grave. Municípios enfrentam a maior seca já registrada na região. O fenômeno El Niño, que aquece as águas do Oceano Pacífico, é apontado como um dos principais responsáveis por alterar o regime de chuvas, junto do aquecimento anormal das águas do Atlântico Tropical Norte.
Dos 62 municípios do Estado, 61 receberam reconhecimento federal da situação de emergência por causa da seca. Na região amazônica, 20 municípios concentram 85% dos focos de calor, principalmente nos Estados do Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Acre e Mato Grosso.
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática (MMA), quase 7 milhões de hectares da Amazônia foram queimados ao longo deste ano, o equivalente a 1,6% do bioma.
A resposta do governo Lula
O Ministério de Portos e Aeroportos (MPor) já destinou R$ 92,8 milhões para a dragagem do trecho Manaus-Itacoatiara, enquanto outros trechos estão em fase de licitação, com valores entre R$ 112,3 milhões e R$ 139,8 milhões. Os valores dependem da extensão e da complexidade da obra.
As obras serão executadas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e respeitarão o licenciamento ambiental. Os sedimentos retirados serão depositados fora do canal de navegação.
Além dessas intervenções, o governo anunciou novas dragagens no Rio Madeira, como nas travessias entre Porto Velho (RO) e Manicoré (AM). Anunciou também ações na BR-230, em Humaitá (AM), cujos valores ultrapassam mais de R$ 150 milhões.
No Rio Tapajós, trechos entre Itaituba e Santarém, no Pará, também serão dragados, com investimento estimado de R$ 117,3 milhões.