A gaúcha Karim Miskulin, de 52 anos, nasceu em Santo Antônio da Patrulha, cidade agrícola no interior do Rio Grande do Sul. Trabalhou no segmento de hotelaria, morou fora do Brasil, cursou Direito, mas não terminou a graduação, e se formou em Ciências Políticas. Karim trabalhou na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul na área de comunicação, quando conheceu o jornalismo político e teve a ideia de criar a Revista Voto, iniciativa do Grupo Voto, uma plataforma de comunicação aplicada à política e à formação de novos líderes.
Em entrevista a Oeste, a cientista política afirmou ser contra a reserva de vagas para a candidatura de mulheres a cargos eletivos, falou sobre os desafios da mulher no cenário político e sobre o que acha do movimento feminista atual. A seguir, os principais trechos da entrevista.
1 — Como você avalia a política de cotas eleitorais, que prevê reserva de 30% das vagas para candidaturas de mulheres nos partidos?
Sou contra. Já trabalhei em campanhas políticas e vi muitos partidos indicarem mulheres somente para preencher cotas. Elas entram sem nenhum apoio do partido. As mulheres vão conquistar maior espaço na política ocupando as universidades, as escolas, as empresas. Todos os lugares devem ser preenchidos por competência e dedicação. A mulher deve ter as mesmas verbas e os mesmos direitos de outros políticos. Mas ninguém precisa de cotas.
2 — Na prática, como incentivar a participação das mulheres na política?
O que fomentamos muito no Brasil de Ideias, um projeto do Grupo Voto, é que as mulheres comecem a participar de fóruns de debate, eventos de interlocução política e empresarial, que estejam antenadas e se posicionem nas redes sociais. É importante que elas se manifestem publicamente, não só em relação a pautas políticas. A mulher não deve se sentir amedrontada com o desgaste que essa exposição possa trazer. Se ela realmente quer entrar na vida política e se capacitar para isso, deve comunicar seus ideais em casa, na empresa ou em qualquer ambiente social. Não acredito que a mulher precise se apoiar em uma bandeira feminista para ter espaço. Ela precisa trabalhar, mostrar capacidade, serviço e ter coragem.
3 — Por que a participação das mulheres na política ainda é pequena?
No mundo todo, há menos mulheres do que homens na política. Muitas mulheres desejam participar da política, mas não querem comunicar seu desejo de forma clara porque têm medo de ser mal interpretadas, de se expor, de a família e de o chefe não gostarem. Assim, acabam deixando o sonho lá, guardadinho. Além disso, uma mulher na política é mais ausente, mais exposta, e a família tem de ser uma base, um apoio. Em um meio masculino, se você não lutar muito não consegue ter destaque. Se a mulher não tiver um pai ou marido políticos, que já entendem deste dia a dia, provavelmente terá medo.
4 — Você sofre algum tipo de pressão por trabalhar na política?
Muita gente critica porque viajo toda semana, estou sempre no meio de homens, porque me exponho e me posiciono. Às vezes, algumas mulheres podem ser criticadas por cultivar amizades com pessoas que apresentam pontos de vista diferentes. Por isso, é importante que as mulheres se unam: apoiem mulheres e convidem outras para eventos.
5 — O movimento feminista se radicalizou?
De uns tempos para cá, o feminismo foi distorcido no seu gigantismo. Ele foi cooptado em muitas pautas pela esquerda. Parece que, se você for feminista, precisa ser também uma radical de esquerda. Antes, a mulher precisava do dinheiro do marido. O capitalismo foi um impulso para progredir, consumir e ser independente. Uma mulher pode ser feminista e, ao mesmo tempo, defender pautas que essas feministas de esquerda não defendem. Você pode lutar pelo direito das mulheres, mas não precisa, e não deve, ser radical, muito menos se identificar estritamente com os movimentos de um lado da cor partidária.
Ela precisa ler Ana campagnolo
Quem teria real interesse em gerar conflito entre homens e mulheres?
Se você quer descobrir um criminoso, comece procurando quem se beneficiaria com o crime.
Duas frases de impacto e bem colocadas pela jornalista política: “Parece que, se você for feminista, precisa ser também uma radical de esquerda.”, e, “Você pode lutar pelo direito das mulheres, mas não precisa, e não deve, ser radical, muito menos se identificar estritamente com os movimentos de um lado da cor partidária.”
Foi-se o tempo em que as mulheres eram consideradas minoria, mas o legado que elas deixam para o mundo serve muito bem para todas as minorias, ou seja, minoria não é um conceito e nem objeto político.
A esquerda se apropria de várias pautas, das quais ninguém sabe qual é a reivindicação, nem eles mesmos. E suas manifestações, a maioria são jovens que vivem as custas dos pais, ou ainda, pessoas pagas pra fazer volume. Já passou da hora de se por limites a tanta inutilidade.
Realmente a cooptação feita com interesses ideológicos não traz benefício algum seja às mulheres ou qualquer grupo.
Não será com cotas que se aumentará a participação feminina. É preciso um trabalho de preparação e conscientização.
As leis devem garantir o “jogo justo”.
Parabéns pela matéria!
CORRETO, UMA MULHER NÃO PRECISA DE COR POLÍTICA! FUNDAMENTAL É QUE SEJA INDEPENDENTE, TENHA IDEIAS PRÓPRIAS E LUTE POR AQUILO EM QUE
ACREDITA. ISSO NÃO IMPEDE QUE GOSTE DE COZINHAR, QUE GOSTE DE FAZER
FAXINA NA CASA, QUE GOSTE DE LAVAR ROUPAS E OUTRAS ATIVIDADES DOMÉSTICAS,
ALIÁS TODAS MUITO DIGNAS.