Políticos enrolados com a Justiça e governantes que enfrentam a fúria popular são preteridos pelos candidatos durante campanha eleitoral
A oportunidade de aparecer ao lado de figuras disputadas no cenário político pode ser ótima estratégia para um candidato surfar na popularidade de seu cabo eleitoral e angariar votos. Entretanto, a tática pode ser um tiro no pé quando o aliado é um político envolvido em escândalos de corrupção, processos de impeachment ou mesmo se cai na antipatia popular. Nas últimas eleições, João Doria e Wilson Witzel aproveitaram o capital político de Jair Bolsonaro e colaram no capitão durante a campanha em 2018. Curiosamente, as duas figuras romperam com o presidente e, agora, são os típicos aliados que ninguém quer por perto. Seja porque está com a popularidade em baixa, no caso de Doria, seja por estar envolvido em processo de impeachment, no caso de Witzel.
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O pior
Ex-juiz federal, Wilson Witzel chegou ao comando do Palácio Guanabara no início de 2019 já com outro objetivo traçado: candidatar-se à Presidência da República. Menos de dois anos depois, os planos do integrante do PSC parecem ter mudado drasticamente. Em vez de sonhar com Brasília, ele se vê obrigado a travar luta para se segurar no cargo de governador do Rio de Janeiro, pois é alvo de processo de impeachment — que foi chancelado de forma unânime pelos deputados estaduais fluminenses.
Ele consegue ser desprezado tanto pela esquerda quanto pela direita. O deputado federal Carlos Jordy (PSL-RJ), por exemplo, concedeu-lhe o título de “pior governador” da história do Rio de Janeiro. Uma verdadeira proeza para um Estado que já foi liderado por figuras como Anthony Garotinho, Benedita da Silva e Sérgio Cabral.
Mas Witzel não será o único a ser desconsiderado por candidatos no pleito deste ano. Oeste lista outros cinco políticos que caminham nesse sentido.
1- João Doria
Eis outro político que parece ter assumido o posto de governador já com o pensamento de se candidatar a presidente da República. Entretanto, faltou combinar isso com o eleitorado e com os aliados, que parecem diminuir a cada dia que passa. Em meio ao confinamento, que durou mais de três meses no Estado de São Paulo, João Doria conseguiu a proeza de ser criticado publicamente por políticos de seu partido — e no próprio reduto eleitoral.
Conforme registrado por Oeste, 15 prefeitos paulistas do PSDB demonstraram não se bicar com o ex-apresentador de reality show. Certamente, para eles, Doria “está demitido” da função de cabo eleitoral. À lista pode ser incluído o prefeito da capital paulista, Bruno Covas, que rompeu com o comitê criado por Doria para o combate à pandemia.
2- Carlos Moisés
Assim como os governadores do Rio de Janeiro e de São Paulo, Carlos Moisés foi outro candidato a ter sucesso nas urnas devido à onda bolsonarista que tomou conta de boa parte do país em 2018. No poder, tendo sido eleito governador de Santa Catarina, ele foi pelo mesmo caminho de seus colegas fluminense e paulista: rompeu a aliança com o presidente da República. No PSL local também criou desavenças com a vice-governadora, Daniela Reinehr.
Diante da suspeita de ter cometido crime de responsabilidade por ter aumentado o salário dos procuradores do Estado, Moisés se tornou alvo de processo de cassação. Sem apoio no Legislativo catarinense, recorreu ao Judiciário na tentativa de barrar os procedimentos.
3- Wilson Lima
Diferentemente de Carlos Moisés e Wilson Witzel, o governador do Amazonas, Wilson Lima, já superou processo de impeachment. Isso porque na última semana a Assembleia Legislativa do Estado arquivou o pedido contra o político do PSC. A vitória junto ao Legislativo, no entanto, não o gabarita a ser cabo eleitoral neste ano, pois há outros problemas a ser encarados pelo governador.
Formado em jornalismo e ex-apresentador de programas policialescos em Manaus, Lima, na situação enfrentada por ele hoje, certamente renderia pauta para as atrações que conduzia na televisão local. Isso porque ele é uma das figuras políticas envolvidas em denúncias do chamado “Covidão”. Em junho, por exemplo, foi alvo de operação da Polícia Federal e viu sua então secretária de Saúde, Simone Papaiz, ser presa. Por fim, ainda tem de explicar a razão de seu governo ter comprado R$ 2,9 milhões em respiradores fabricados por uma adega.
4- Aécio Neves
Fotos no estilo das que tirava ao lado do animador de palco Luciano Huck ficaram no passado do tucano Aécio Neves. De quase eleito presidente da República, quando recebeu mais de 51 milhões de votos no segundo turno em 2014, ele teve seu ativo político pulverizado nos últimos anos. Flagrado pedindo dinheiro ao empresário Joesley Batista, viu-se obrigado a abrir mão da reeleição ao Senado e, dessa forma, candidatou-se a deputado federal em 2018. Foi eleito e conseguiu manter o foro privilegiado, mas ocupou a nada honrosa 19ª posição entre os parlamentares mais votados na ocasião, com 106 mil votos.
Sem funcionar sequer como puxador de votos, Aécio deve ser ignorado como cabo eleitoral neste ano, até porque ainda deve explicações à Justiça em relação à construção da Cidade Administrativa, sede do governo de Minas. Aliás, para não correr o risco de ter sua imagem vinculada ao ex-governador mineiro, o senador Antonio Anastasia, antes fiel escudeiro de Aécio, deixou o PSDB no começo do ano e foi para o PSD.
5- Gleisi Hoffmann
Apesar de ostentar o título de presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, que já tentou ser governadora do Paraná, adotou estratégia similar à de Aécio nas eleições de 2018. Então senadora, a petista que aparece na lista de propinas da Odebrecht com os apelidos “Amante” e “Coxa” também resolveu se candidatar a deputada federal. Assim como o tucano mineiro, foi eleita. Mas, em vez de pensar em projetos em prol do povo brasileiro, chegou a brincar de “antifa” em recente manifestação realizada em Brasília.
De senadora a deputada federal para garantir o foro privilegiado, Gleisi mostra nos bastidores de seu partido conduta que se assemelha à do tucano João Doria. De acordo com informações levantadas por Oeste em março, o trabalho dela como presidente do PT irritou Lula. Nos bastidores, o ex-presidente chegou a falar em “fracasso” e “falta de capacidade de articulação política”.
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E para você, leitor de Oeste espalhado por todo o Brasil, quais os outros políticos que serão os cabos eleitorais a ser ignorados nas eleições deste ano?
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“A LISTA” deve ser bem maior do que esta, vez que não foi citado: O governador do Ceará, do Piaui, da Paraíba, A Governadora do RN, Os Ferreiras Gomes do Ceará, etc. Aliás cada eleitor tem sua própria lista. As muitas surpresas irão aparecer nestas eleições municipais. Aguardem!
Acho que Lula e Paulo Câmara, governador de Pernambuco além.de qualquer membro do STF. Quem.eles apoiarem ( se o fizessem, claro) , seria um tiro no pé do candidato apoiado.
Também lembrei da Joice Hasselman, acho que o Lula tbm entra nesta lista, ele só consegue votos dos que não deixaram de acreditar nele, não conquista ninguém novo.
Joice Hasselman não pode ficar fora dessa lista.
José Serra, FHC, Alckmin, Beto Richa, Major Olimpio,
Concordo, inclui também o Rodrigo Maia,