Os protestos contra o presidente ocorreram em regiões de alto padrão
Bairros nobres em oito capitais brasileiras decidiram se manifestar contra o presidente da República, Jair Bolsonaro, na noite de ontem, terça-feira 17, durante a exibição de uma reportagem no Jornal Nacional sobre o novo coronavírus.
Confira:
Panelaço contra o Bolsonaro, com Fora Temer é muito verdadeiro…#RespeiteOPresidente #Respeitem57MilhoesDeEleitores https://t.co/BuvsxCn2iT
— Marques (@MarquesAllison) March 18, 2020
Internautas aproveitaram para fazer troça ao panelaço:
Que Panelaço?? pic.twitter.com/E8S3pFGdm9
— Marcelo_Marrento (@MarceloMarrent3) March 18, 2020
A manifestação, porém, é bem menor se comparada à que ocorreu contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) no início de 2016. À época, dezoito capitais registraram o chamado panelaço (o oitavo em repúdio à ex-mandatária) contra a petista.
Naquele momento, o Brasil vinha enfrentando uma recessão violenta desde o fim de 2014, inflação nas alturas (10,67%) e assistia às denúncias e prisões de caciques do Partido dos Trabalhadores investigados pela operação Lava Jato, em Curitiba.
Os panelaços contra Dilma foram do Leblon, na Zona Sul do Rio de Janeiro, ao Recreio, na Zona Oeste da cidade. Em São Paulo, houve registros nos Jardins, Higienópolis e também no Tatuapé e em Itaquera — esses dois últimos, na Zona Leste da capital paulista.
Veja os panelaço da “era Dilma”:
Entenda
Nesta terça-feira, os gritos contra Bolsonaro na capital paulista foram registrados em bairros de alto padrão: Jardins, Higienópolis, Pinheiros, Sumaré, Pompeia, Lapa, Vila Madalena, Bela Vista, Santa Cecília.
Na Zona Sul do Rio de Janeiro, a manifestação de repúdio ocorreu em Copacabana, Gávea e Jardim Botânico; em Brasília, na Asa Norte (bairro que registra os melhores índices de qualidade de vida no país). Na capital mineira, houve protestos contra Bolsonaro na região central.
As manifestações são uma reação à atitude do presidente de cumprimentar manifestantes no ato contra parlamentares do Congresso Nacional e ministros do Supremo Tribunal Federal. No domingo 15, o chefe do Executivo saiu do Planalto e apertou a mão de apoiadores aglomerados defronte ao palácio.
A recomendação do Ministério da Saúde é que, em face da pandemia de covid-19 em todo o mundo, as pessoas evitem abraços, beijos e apertos de mão. O secretário da Comunicação Social do governo, Fábio Wajngarten, que estava no mesmo avião que o presidente na volta para o Brasil, havia testado positivo para a doença.
Antes de comparecer à manifestação, o presidente se submeteu a um exame que resultou negativo para a covid-19. Na noite de terça-feira 17, a contraprova (um segundo teste) foi divulgada por Bolsonaro e o resultado constatou que o presidente não fora infectado pela doença.
Impeachment
No mesmo dia do panelaço, a Câmara dos Deputados recebeu um pedido de impeachment contra o presidente da República. O autor é o deputado distrital Leandro Grass (Rede), que quer afastar Bolsonaro por ter endossado as manifestações de rua.
Em pronunciamento veiculado na tevê na quinta-feira 11, o presidente pediu que as manifestações fossem repensadas. “Os movimentos espontâneos marcados para o dia 15 de março atendem aos interesses da nação. Precisam, no entanto, ser repensados. Nossa saúde e a de nossos familiares devem ser preservadas”, afirmou.
O deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP), eleito na esteira do bolsonarismo, em 2018, avisou que tem consigo um texto de impedimento contra o ex-aliado e o apresentará “tão logo a pandemia de coronavírus acabe”.