Duas fazendas que pertenceram ao ex-presidente João Goulart, o Jango, foram colocadas à venda pela família dele, no Rio Grande do Sul.
As propriedades, próximas à fronteira com a Argentina, foram avaliadas em R$ 254 milhões e têm previsão de serem leiloadas em 11 de agosto.
Uma das fazendas, a Cinamomo, pertenceu ao ex-presidente Getúlio Vargas — amigo da família de João Goulart e uma das figuras que mais lhe inspirou politicamente.
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“Meu avô comprou a propriedade em 1954”, contou o neto do ex-presidente, Rui Goulart, ao jornal O Estado de S. Paulo.
Fazendas de Jango “servem à agricultura”
João Belchior Marques Goulart nasceu na cidade de São Borja (RS), em 1º de março de 1919. Começou na carreira política em 1946, no Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), que havia sido fundado por Getúlio Vargas.
Jango foi vice-presidente do governo de Juscelino Kubitschek. Tomou posse como presidente do Brasil em 7 de setembro de 1961, quando Jânio Quadros, de quem também era vice, renunciou ao cargo.
Rui Goulart afirmou que foi na Fazenda Cinamomo que Jango passou seus últimos momentos no Brasil, depois de seu governo ser derrubado pelos militares, em 1964. A propriedade, que fica no município de Itaqui (RS) tem 2,7 mil hectares e 90% de área agricultável. O bem foi avaliado em R$ 173,9 milhões.
“Ele saiu dali para o exílio, voou para o Uruguai”, relatou o neto. “No Uruguai, começou a perseguição, ele foi para a Argentina.”
Jango se exilou no Uruguai em 2 de abril de 1964. O ex-presidente morreu em Mercedes, na Argentina, em 6 de dezembro de 1976, vítima de uma parada cardíaca. “Não voltou mais”, disse Rui Goulart. “Veio ao Brasil morto, em um caixão.”
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O neto diz que a outra fazenda à venda foi nomeada Presidente João Goulart — por ele próprio. A propriedade fica em Itacurubi (RS), município que já foi um distrito da cidade de São Borja. “Ele nasceu na fazenda Rancho Grande, coligada com esta”, conta.
A fazenda Presidente João Goulart foi avaliada em R$ 80 milhões. Segundo Rui Goulart, a propriedade é “55% para agricultura e o resto para pecuária”.
Rui Goulart tem 65 anos e é filho de Noé Goulart. O neto de Jango contou que, dos descendentes do ex-presidente, ele é “o único que gosta de campo”, como o avô, e chegou a hora de vender os bens. “Eu era o último”, afirma. “O único que saiu campeiro fui eu. Nenhum dos outros filhos e netos dele não foi campeiro. Estou querendo encerrar esse capítulo da história.”
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As fazendas tiveram uma primeira rodada de leilão na sexta-feira 28, mas não foram vendidas. Na avaliação de Rui Goulart, houve “pouco espaço de tempo da negociação para fazer o leilão até ontem”.
“Teve mais ou menos 15 ou 16 dias”, observa o neto de Jango. “Não deu tempo de o agronegócio, do pessoal que quer investir em terras, assimilar bem a intenção da família de vender.”
Revista Oeste, com informações da Agência Estado