O ex-deputado federal Cabo Daciolo, que disputou a Presidência em 2018 pelo extinto Patriota, pode ser lançado à Prefeitura do Rio de Janeiro pelo Republicanos, conforme relatou o jornal O Globo. Sua última candidatura foi ao Senado, em 2022, pelo PDT, quando ficou em sexto lugar, com 285 mil votos. Ele apoiou Ciro Gomes no primeiro turno e pregou voto nulo no segundo.
Daciolo se tornou conhecido no cenário nacional ao jejuar e orar em um monte durante a campanha de 2018. Ele terminou em sexto lugar na disputa presidencial, à frente de Marina Silva (Rede) e Henrique Meirelles (MDB). O Republicanos é o décimo partido de Daciolo, que foi eleito pela primeira vez em 2014 pelo Psol.
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Se confirmada, a candidatura de Daciolo será a primeira do Republicanos no Rio sem vinculação direta com a Igreja Universal do Reino de Deus. Embora evangélico, ele deve explorar pautas conservadoras. A ideia da candidatura surgiu como retaliação a Eduardo Paes (PSD) por demissões na prefeitura.
Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados, foi apontado como o idealizador da revanche. Cunha, apesar de filiado ao PRD, tem influência no Republicanos. Daciolo se filiou ao partido em abril, conforme registros do TSE. Lideranças afirmam que a decisão sobre uma candidatura própria será tomada mais tarde.
Ruptura com Eduardo Paes
Paes desfez a aliança com o Republicanos depois de demitir três indicados de Waguinho e Eduardo Cunha. A pressão de Cunha para contratar uma ONG ligada a ele, vetada pela Secretaria de Integridade, foi um dos motivos do rompimento. A ONG era destinatária de emendas de R$ 1,5 milhão de Chiquinho Brazão, preso em março.
A exoneração de indicados de Chiquinho, ex-secretário de Ação Comunitária de Paes, também contribuiu para a ruptura. Paes temia que o caso da ONG prejudicasse sua campanha. A decisão foi criticada pelo Republicanos, que mencionou quebra de acordos. Marcelo Crivella, ex-prefeito e deputado federal, declarou que a ruptura era “irreversível”.
Republicanos busca alternativa
Waguinho, prefeito de Belford Roxo e presidente estadual do Republicanos, tenta uma repactuação com Paes. Ele é aliado de Lula, assim como Paes. No entanto, a candidatura de Daciolo pode ser uma estratégia para enfraquecer Paes nas eleições municipais, ao forçar um segundo turno contra um candidato da direita.
O Republicanos, com uma bancada de quatro vereadores, pode retirar seu apoio a Paes na eleição de outubro.
Depois de eleito, Daciolo foi expulso do Psol, em 2015, por ter proposto uma emenda constitucional que alterava “todo poder emana do povo” para “todo poder emana de Deus”.
Ele ganhou notoriedade em 2012 ao liderar uma greve no Corpo de Bombeiros do Rio, o que lhe rendeu apoio popular.