Representantes de docentes de universidades e campi de institutos federais que estão em greve estão em atrito em decorrência do acordo proposto de reajustes salariais para profissionais da educação. Os sindicalistas divergem quanto à assinatura do acordo na próxima segunda-feira, 27, que pode colocar fim à paralisação de quase dois meses.
O Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos anunciou a proposta definitiva aos professores de universidades e institutos federais. Um aumento salarial de 9% para 2025 e 5% para 2026. Os sindicalistas devem se reunir com a ministra Esther Dweck na segunda-feira para deliberar sobre a greve. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.
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A proposta do ministério para o reajuste de técnicos administrativos em educação, é de, em média, 9% em janeiro de 2025 e 5% em abril de 2026. Ester Dweck ressaltou que, depois de cinco rodadas de negociação com sindicatos, essas eram as ofertas finais às categorias.
A Federação de Sindicatos de Professores e Professoras de Instituições Federais de Ensino Superior e de Ensino Básico Técnico e Tecnológico (Proifes) está disposto a aceitar a oferta do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
Por outro lado, o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) rejeita a proposta da gestão petista. Também questiona a autoridade da Proifes para estabelecer o acordo final para o fim da grave.
Os docentes pediram um aumento de 7,06% para 2024, 9% em janeiro de 2025 e 5,16% para 2026. O ultimato do governo foi considerado antidemocrático pelo Andes, enquanto a Proifes mostrou-se receptiva a finalizar as negociações. A divergência resultou em críticas mútuas.
Críticas ao governo ao longo da greve
Mesmo a dias do encontro com o Ministério da Gestão, não há acordo entre os sindicatos sobre a greve. São mais de 20 universidades e 400 campi de institutos federais em paralisação.
Nesta sexta-feira, 24, representantes do Andes reiteraram sua recusa à proposta governamental de 0% de reajuste para 2024. “Não atende às expectativas”, disse Gustavo Seferian, presidente do Andes.
“Estamos firmes em continuar as negociações. Precisamos de respostas do governo sem imposições”, acrescentou o sindicalista. Atualmente, 58 universidades e instituições federais ligadas ao Andes estão em greve.
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Sindicalistas ainda destacam a baixa popularidade do presidente Lula e criticaram a falta de diálogo com a categoria, chamando-a de “falta de inteligência”.
“O governo deveria evitar esse erro para não se expor ainda mais”, comentou Seferian. Enfatizou que o governo não mostrou a minuta do acordo para a categoria e acusou a gestão de comportamento antisindical.
“Com base apenas em um powerpoint e promessas verbais, como pode um acordo desses ser estabelecido? Isso demonstra o descaso, criando uma farsa para o dia 27, uma tentativa de minar a greve”, refletiu.
Governo dá ultimato em grevistas
Em um e-mail com o ultimato enviado pelo Ministério da Gestão, foi informado que a proposta deveria ser aceita pelos “professores e professoras que desejassem” terminar a greve nas universidades e campi de institutos federais.
Até a data limite estipulada pelo ministério, sindicatos e bases sindicais pelo país têm assembleias agendadas para decidir sobre a posição oficial de cada grupo.
As entidades têm expressado descontentamento com o tom da gestão durante o processo, criticando as contrapropostas insuficientes, a demora nas respostas às reivindicações e a falta de acolhimento por parte dos membros do governo.
Sindicatos travam disputa histórica em greves
A disputa entre Proifes e Andes é antiga, iniciada depois da formação da Federação de Sindicatos por dissidentes do Sindicato Nacional dos Docentes em 2004.
A partir de então, ambas as organizações competem por liderar os profissionais da educação. Nas grandes greves de professores federais de 2012 e 2015, foi a Proifes quem assinou os acordos com o governo, encerrando as negociações, com oposição do Andes.