Pela quarta vez consecutiva, o Uruguai não assina o comunicado conjunto de titulares do Mercosul, num sinal claro de divergência com os demais países do bloco. A reunião da cúpula dos chefes de Estado do grupo foi realizada na terça-feira 4, em Puerto Iguazú, na Argentina.
O Uruguai exige mudanças no regimento interno da organização, por considerar o protecionismo do Mercosul exagerado e avalia sair do bloco caso não seja atendido. O país vizinho está negociando de maneira unilateral um tratado de livre-comércio com os chineses sem participação das demais nações do bloco.
Com a desistência do presidente uruguaio, Luis Alberto Lacalle Pou, o documento foi assinado por Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil; Alberto Fernández, da Argentina; e Mario Abdo Benítez, do Paraguai. No comunicado conjunto, os três outros países se comprometeram a discutir mudanças, embora não citem diretamente os pedidos do Uruguai.
“Os presidentes também concordaram com a necessidade de abrir um espaço de reflexão política sobre a modernização do bloco, incluindo o fortalecimento da agenda interna para uma maior integração de suas economias, bem como a estratégia de inserção internacional”, informou o documento.
A Venezuela não foi citada no texto, no entanto, há menção sobre entrada da Bolívia no bloco e avanços no acordo comercial com a União Europeia após ajustes no tratado.
Críticas contra a Venezuela
Durante a reunião da Cúpula do Mercosul, Lacalle Pou criticou a ditadura venezuelana. O presidente do Uruguai disse que o país não vai se tornar uma democracia saudável.
O presidente uruguaio também criticou a inelegibilidade da principal opositora do ditador venezuelano Nicolás Maduro.
“Uma candidata como María Corina Machado, com enorme potencial, é desqualificada por motivos políticos, e não jurídicos”, afirmou o líder uruguaio. “Creio que o Mercosul tenha de dar um sinal claro para que o povo venezuelano possa encaminhar-se a uma democracia plena, que, claramente, hoje não existe.”
Lacalle Pou ainda afirmou que a violação de direitos humanos deve ser um tema debatido pelos países do Mercosul, porque os países que compõem o bloco dizem defender a democracia.
Enfim, um homem de caráter nessa cúpula do Mercosul.