Uma das colaboradoras do Ciência e Fé, psiquiatra Ana Lucia Balbino Peixoto, ressaltou as contribuições dos fiéis ao projeto. “Durante o período de pandemia, momento em que todos ficamos fragilizados pelas circunstâncias, muitas pessoas sofreram com ansiedade”, disse a psiquiatra, ao argumentar que a fé é uma herança genética espiritual, enquanto a ciência é uma dádiva. “O papel do Ciência e Fé se tornou fundamental, pois conseguimos comunicar aos nossos irmãos que a ciência é nossa aliada para cuidarmos do nosso corpo. E, muito melhor, através da palavra de Deus.” Em um auditório instalado às margens da BR-262, no município de Domingos Martins, no Espírito Santo, um grupo de homens e mulheres se reúne em torno de uma mesa. Estão ali para discutir uma questão antiga: como unir a razão da ciência com a profundidade da fé. Essa cena, comum nas reuniões do Grupo Ciência e Fé da Igreja Cristã Maranata (ICM), ilustra um esforço inovador para desmistificar as narrativas que muitas vezes opõem esses dois mundos.
Desde fevereiro de 2018, a ICM decidiu criar um espaço onde a fé não é vista como opositora da ciência. Pelo contrário. Com a formação do Grupo Ciência e Fé, a Maranata promove diálogos enriquecedores, ao unir especialistas de diversas áreas do conhecimento para explorar a beleza da criação através da lente científica.
O Ciência e Fé é composto de teólogos, cientistas e educadores com títulos acadêmicos em diversas áreas. Para se ter ideia, um dos embaixadores do grupo é o pastor Alex Sander de Moura, doutor em engenharia elétrica pela Universidade Federal de Minas Gerais e professor associado I da Universidade Federal de Juiz de Fora. Graduado em matemática pela Universidade Federal do Espírito Santo, com mestrado em matemática pela Universidade de Brasília, Alex Sander desenvolve várias atividades, como aulas em seminários; produção de artigos e matérias em revistas de grande circulação nacional e outros meios de comunicação da igreja; e material para os canais oficiais da Maranata nas emissoras de rádio, na TV Web Maanaim e no YouTube.
Segundo Alex Sander, o propósito do Ciência e Fé é propor aos integrantes da igreja uma visão bíblica sobre os temas científicos. Da mesma forma, a ideia é utilizar as ferramentas da ciência para informar os fiéis sobre o projeto de salvação de Deus. É via de mão dupla.
“Muitas vezes, o homem quer usar a ciência como base da fé, o que é desnecessário”, diz o especialista. “A ciência e a fé têm origens diferentes. A ciência está abrigada na obra criadora, e a fé na origem da eternidade de Deus.”
Atualmente, o grupo possui quase 150 participantes de todas as regiões do país e do exterior, representados por profissionais de todas as grandes áreas do conhecimento humano e com diferentes graus de formação. A lista é formada especialmente por:
doutores (38),
mestres (42),
especialistas (24),
graduados (17); e
técnicos (2).
Entre os doutores, há 18 com pós-doutorado em renomadas instituições — nacionais e internacionais. Desde a formação do Ciência e Fé, o grupo já produziu e publicou mais de uma dezena de artigos na revista Veja, no jornal A Tribuna e no Gazeta Online, entre outros.
Com uma seleção de grandes cientistas do cenário acadêmico brasileiro, o Grupo Ciência e Fé é composto de profissionais de excelência, como a pós-doutora em biotecnologia Cristiana Libardi Miranda Furtado; o pós-doutorando em agricultura tropical Joabe Martins de Souza; o pós-doutor em robótica e automação Alessandro Correia Victorino; e o pós-doutor em engenharia mecânica Fabian Andres Lara Molina.
Conforme o mestre em educação e docência Willer Campos Júnior, que integra o grupo, a ciência é um presente de Deus para os homens. Ele acredita que a experiência com a fé não é transmitida entre os homens, tampouco é ensinada apenas pela leitura dos livros científicos. Ela se apresenta a partir das manifestações do Espírito Santo na vida dos seres humanos.
Willer explica ainda a distinção entre a ciência e a fé — e como esses dois elementos se complementam. “As universidades são ambientes de conhecimento, em que a ciência se desenvolve por mecanismos da razão para a compreensão de toda a obra criadora”, diz o mestre em educação e docência. “É nesse ambiente que o cientista observa uma estrutura ou um fenômeno e elabora hipóteses, conduz experimentos e, finalmente, analisa os dados.”
Contudo, Willer argumenta que a fé, por definição bíblica, “…é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não veem” (Hebreus 11:1). “Entendemos que a fé está fundamentada na Bíblia, e a palavra do próprio Deus nos garante isso”, afirma. “Sendo assim, só a fé permite ao homem experimentar elementos espirituais que extrapolam as medidas do universo, ou seja, possibilita o conhecimento dos atributos da obra redentora de Deus. O papel da igreja então é mostrar que a ciência e a fé são coisas distintas. Porém, uma não anula a outra.”
O Ciência e Fé desenvolve trabalhos nas seguintes áreas:
preparação para aulas de seminários da Igreja Cristã Maranata;
produção de material para o quadro Lições do Maanaim;
produção de artigos para publicações internas e revistas de grande circulação no Brasil;
contribuições para a escola bíblica dominical;
material para a Rádio Maanaim; e
organização da Feira de Ciências no Seminário Unidos em Família.
Tiago Campos Pereira, mestre e doutor em genética e biologia, também está no Ciência e Fé. Ele, que tem pós-doutorado pela Universidade de Cambridge, reforça a ideia de que a ciência e a religião caminham juntas. “O homem que tem a fé viva em seu coração também entende que a ciência é um elemento-chave nesse momento que vivemos”, diz o especialista. “Entretanto, o homem sabe que nada escapa ao controle de Deus.”
Para Carlos Nejar, escritor e membro da Academia Brasileira de Letras e da Academia Brasileira de Filosofia, a ciência sempre se vê diante do limite. “Amamos o conhecimento, respeitamos a ciência, que na verdade pode moldar o pensamento, mas jamais muda o homem, dando-lhe uma nova vida no espírito”, observa.
O doutor em física teórica Tarcísio Nunes Teles, que tem pós-doutorado pelo Instituto Nazionale di Fisica Nucleare em Firenze, na Itália, destaca que essa discussão é relevante atualmente. “Principalmente para um público que tem acesso a muitas informações e, às vezes, é levado a ter conceitos equivocados tanto sobre ciência quanto fé”, acrescenta.
A organização do Grupo Ciência e Fé
Desde 2018, o Grupo Ciência e Fé promove diversas atividades: aulas em seminários, produção de artigos e matérias em revistas, conteúdo para o canal da ICM no YouTube e trabalho de evangelização no Instagram.
O nome do projeto mostra que o objetivo da Igreja Cristã Maranata não é confrontar nenhum tipo de ciência. Pelo contrário, a instituição acredita que o conhecimento adquirido por meio da utilização de métodos objetivos é fundamental para os seres humanos. A ICM destaca, todavia, que a ciência não concebe a transcendência do homem para a Eternidade — tal dádiva é possível apenas pela Fé em Jesus Cristo.
Membros com diferentes formações acadêmicas, jurídicas e militares e participam do Grupo Ciência e Fé. A equipe é formada por 160 pessoas, incluindo 60 mulheres.
Leonice Monteiro Dias Rocha, secretária do Trabalho de Acessibilidade da Igreja Cristã Maranata, ressalta a importância da colaboração das mulheres. “É maravilhoso podermos trabalhar na Obra do Senhor”, diz. “Assim como encontramos servas valentes citadas na Bíblia, Deus tem separado servas que têm se dedicado à Obra do Espírito Santo. Com suas experiências de vida, mães, esposas e avós têm sido usadas para levar a Palavra de Deus às crianças e para serem testemunhas em seus lares e no ambiente de trabalho.”
Conheça a Igreja Cristã Maranata
- A ICM foi fundada em 1968, em Vila Velha (ES). Os cultos, reconhecidamente objetivos, duram no máximo 30 minutos. A igreja foi presidida por Manoel dos Passos Barros, entre 1970 e 1986, e por Edward Hemming Dodd, entre 1986 e 2007;
- “Maranata” é uma expressão de origem aramaica que, na tradução para a língua portuguesa, significa “vem, Senhor” ou “nosso Senhor vem”;
- Desde 2007, a ICM está sob a direção de seu terceiro presidente, Gedelti Victalino Teixeira Gueiros, em conjunto com o Conselho Presbiteral, formado por 18 pastores;
- O IBGE informou, em 2000, que a ICM tinha aproximadamente 280 mil integrantes. Em 2021, o órgão relatou um crescimento no número de fiéis: 356 mil. Isso representa uma alta de quase 30%. A maioria dos fiéis no país está concentrada no Espírito Santo: 37%; e
- No Brasil, a Maranata tem mais de 5 mil templos. E está presente em 200 países.
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Gênesis 1. 1: “No princípio, Deus criou os céus e a terra.” Percebam que a ciência está inclusa na criação. Romanos 10. 17: ” E, assim, a fé vem pelo ouvir, e o ouvir, pela palavra de Deus.” Para acreditar na ciência, dependo da fé natural. Para crer em Deus, dependo da fé sobrenatural. Simples assim.