O empresário Guilherme Paulus vai expandir seu complexo de hotelaria em Gramado, no Rio Grande do Sul. O fundador da CVC vai levantar dez novos quartos — mais modernos, sofisticados, mas não tão glamourosos, nas palavras dele — destinados a um público mais jovem. As obras iniciam em setembro e incluem piscinas e bares exclusivos. O luxo vai continuar com o seu Castelo Saint Andrews, inspirado nos castelos escoceses, localizado a 100 quilômetros de Porto Alegre, cujas diárias variam entre R$ 1.800 e R$ 7.500 — este último, para os quartos chamados diamantes, com sala, varanda e chá da tarde servido pontualmente nos jardins às 17 horas, como manda a etiqueta inglesa. Desde março de 2020, a ocupação dos 22 quartos do local tem se esgotado rapidamente. Das andanças pela Europa, Paulus trouxe a inspiração para construir meses atrás uma casa dentro do complexo com vista para o Vale do Quilombo, para famílias que desejam passar a semana, incluindo o home office, com serviço de alto padrão de hotel, mas com ares de lar. “A própria residência desse público já é um verdadeiro hotel de lazer, com spa, minicampo de golfe, quadra de tênis e espaço para pets. Precisamos estar à altura.”
Um homem de sorte
Aos 72 anos, o paulista Guilherme Paulus diz a Oeste que tem certeza de uma coisa: “Tive sorte na vida”. Em 1972, fundou aquela que seria a maior operadora de viagens da América Latina, a CVC, e popularizou o turismo dentro e fora do país para milhões de brasileiros. Em 2010, vendeu cerca de 64% da CVC para o fundo Carlyle. Nesse meio tempo, foi dono da companhia aérea Webjet, vendida para a GOL em 2011. Há poucos meses, Paulus vendeu 100% da rede GJP, fundada por ele em 2005 e com marcas de hotéis com as bandeiras Wish, Prodigy, Linx e Marupiara, para o fundo de private equity R Capital. Atualmente, Paulus cuida do Castelo Saint Andrews e do condomínio de luxo e campo de golfe Village Iguassu Golf Residence, em Foz do Iguaçu, no Paraná.
O luxo no Brasil
Quando Paulus tece uma visão sobre o turismo, o setor costuma ouvi-lo. O panorama atual e o futuro se centram, para ele, na consolidação e no aumento do turismo de luxo no Brasil. “É para um público — de 35 a 45 anos, de 45 a 60 anos e mais — que só ia ao exterior, uma ou duas vezes ao ano, e começou a conhecer o Brasil”, diz Paulus. “O brasileiro não valorizava seu próprio país. Agora há uma retomada, pela ansiedade das pessoas que ficaram aprisionadas em casa.” As frequentes lotações em seu castelo, no Hotel Fasano Boa Vista — no interior paulista — ou no recém-inaugurado Hotel Rosewood, em São Paulo, corroboram a tese pela alta na demanda por um serviço de altíssimo padrão. Ele revela, por outro lado, que vai haver uma queda acentuada no interesse por resorts. “As pessoas não querem mais hotel com 50, 100, 200 pessoas na piscina ou no café da manhã. O público ainda tem receio.”
Curta distância
Em dezembro de 2019, Paulus começou uma imersão de estudos para entender quais seriam as tendências no turismo no mundo. A decisão ocorreu depois de receber um e-mail de um europeu ligado ao setor sobre o alastramento do vírus da covid-19 na China e a possibilidade de um fechamento planetário para evitar a disseminação. Sua preocupação era estratégica: ele era a principal liderança da GJP Hotéis e Resorts, empresa com 3,8 mil funcionários. “Já se sabia a revolução tecnológica que passaríamos a viver”, diz. A partir de março, com o brasileiro confinado em casa, Paulus sugeriu a seus executivos que o retorno do turismo se daria gradualmente e como era feito no passado, como em 1970: com poucas companhias aéreas no país, todas caras, as viagens eram curtas e de carro. “E geralmente iam com o extinto Guia 4 Rodas, a bíblia do turismo, debaixo do braço, para saber detalhes dos roteiros”, diz. Meses depois, em uma andança no estacionamento de seu condomínio de casas em Foz do Iguaçu, confirmou o que previa: as placas de carro eram de Londrina, Toledo, Pato Branco, todas cidades paranaenses, que passaram a viajar para locais perto.
Entre vinícolas
Outra aposta de Paulus é o crescimento do enoturismo no Brasil, com roteiros entre vinícolas. Ele se apoia num dado gaúcho: no Estado, há 170 vinícolas, a maioria sem ser conhecida do público que gosta de vinho. “O Brasil é campeão e tem melhorado seus vinhos”, diz. “Pena que o imposto ainda é muito alto, e o produtor brasileiro tem de brigar de igual para igual com os vinhos argentinos e europeus.”
Sold out
Há cidades brasileiras com expectativa de 100% de ocupação dos hotéis no feriado de Corpus Christi, entre 16 e 19 de junho: Campos do Jordão, no interior de São Paulo, e Friburgo, Teresópolis e Valença, cidades da região serrana do Rio de Janeiro. Na região Sul, Gramado e o entorno — como Canela e São Francisco de Paula — prometem ter o inverno mais movimentado de sua história. Os dados são da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis.
Palpite de bolsa
Questionado por este colunista sobre o melhor setor da bolsa brasileira atualmente, Pablo Spyer elegeu o turismo — que engloba de companhias aéreas a grandes agências do setor. A resposta foi dada durante a gravação do OesteCast, novo podcast jornalístico da Revista Oeste, apresentado pelo colunista Dagomir Marquezi.
Um esquilo na Nasdaq
Conhecido pelo bordão ”Vai, Tourinho”, o economista-celebridade revelou que vai lançar um jogo de economia no metaverso, em parceria com uma montadora alemã, e o vencedor ganhará uma viagem — “de classe executiva”, é bom frisar — com ele para Frankfurt, na Alemanha, para conhecer a Estátua do Touro e o Urso. No jogo, inúmeras curiosidades sobre bolsas de valores no mundo. A maior delas: a Nasdaq, bolsa de tecnologia de Nova Iorque, deixou de funcionar por mais de uma hora, porque um esquilo comeu um dos fios e desligou os computadores do lugar.
Longe da vida pública…
João Doria não só anunciou que vai deixar a vida pública e retornar para o setor privado. No fim do discurso, para uma plateia seleta de jornalistas em uma sala de reuniões do Hotel Rosewood, ele deixou no ar que pode entrar de alguma forma no jornalismo. Não deu detalhes se como dono ou colaborador. Em 2018, Doria declarou ter um patrimônio de R$ 189,8 milhões.
…e a volta
O ex-governador de São Paulo será conselheiro do Lide, grupo que reúne lideranças empresariais em eventos fechados, do qual ele era o comandante e fez fortuna até 2016. No conselho, terá a companhia do ex-ministro do Banco Central Henrique Meirelles, que foi seu secretário de Fazenda. Doria frisou que seguirá filiado ao PSDB e não vai receber salário na nova função, que será iniciada em 1º de julho. No discurso, ele não mencionou o nome do presidente Jair Bolsonaro, mas reforçou todo o trabalho em trazer a vacina ao Brasil. “Não tenho nenhum arrependimento do que precisei fazer como governador”, disse. Em seu staff, apenas a coordenadora de comunicação estava presente. O resto da equipe estava em casa, com diagnósticos positivos para covid-19.
Entrega rápida
A escolha da minúscula Jarinu, município paulista de 30 mil habitantes perto de Jundiaí, para ser o local de um novo megacentro de distribuição da L’Oréal é estratégica: diminuir o tempo de entrega de produtos para os clientes da região Sul, de São Paulo e do sul de Minas. O grupo centenário se junta a inúmeros varejistas e companhias que atendem o desejo do consumidor em receber seu produto no menor tempo possível.
Do tamanho do Brasil
Há 60 anos no país e com 88 mil funcionários no mundo, o gigante de cosméticos não revela o investimento, mas os envolvidos no acordo falam num aporte de centenas de milhões de reais. Impressiona o tamanho do terreno, com mais de 62 mil metros quadrados, o equivalente a nove campos de futebol. “A nova instalação é do tamanho das ambições da L’Oréal no Brasil”, diz o diretor Jeferson Fernandes.
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O que matou a reportagem foi o Dória, eu nunca vi ninguém na política brasileira, mais demagogo do que essa figura heterogênea
A única parte que não gostei da matéria é a que menciona o Calça Apertada. Esqueçam esse desgraçado.
Com todo esse ardor e entusiasmo, os empresários mencionados e seus projetos para o futuro próximo denotam uma característica interessante: fazem parecer que tanto faz qual presidente venha a ser eleito, se Lula ou Bolsonaro, pois os investimentos e a economia não sofrerão recuos ou transformações preocupantes em função de princípios ideológicos ou, por outro lado significaria que Bolsonaro já está garantido na continuidade do seu governo por mais um período. Portanto, eu não teria por que me preocupar com esta agitação toda da campanha política, pois tudo dará certo, quer com um “facínora”, que com um “fascista” no Poder (ou será que a segurança nas previsões dos empresários repousa na autoridade “executiva” da Suprema Judicatura?).
Achei um erro na reportagem de capa chamada O Partido da Imprensa!: capas escrito com “s” e não com z .