Os brasileiros não precisam de estatísticas para sentir a ameaça da violência por perto. Em boa parte do país, a experiência de botar o pé na rua muitas vezes vem acompanhada do medo. Mesmo assim, a nova produção da Brasil Paralelo sobre segurança pública choca até um público acostumado com absurdos.
O trilogia Entre Lobos estreia na próxima segunda-feira, 20 de junho, inicialmente apenas na plataforma da Brasil Paralelo, hoje com mais de 300 mil assinantes. A produtora pretende levar o projeto para o YouTube em algum momento.
A promessa da produção é oferecer ao público uma investigação inédita sobre a criminalidade no Brasil. Mas, ao contrário do que se pode esperar, o documentário não impacta exatamente pelos casos de violência. O pior é a constatação de que, na configuração atual de Estado, não há como combater o crime.
A sessão de pré-estreia em São Paulo, na última semana, contou com um debate entre o diretor Silvio Medeiros e alguns consultores técnicos do filme. Na conversa, o cientista político especializado em economia criminal João Henrique Martins disse entender que a crise da segurança pública é “o principal problema desta geração no Brasil”. O especialista ainda destacou a falência do tripé penal-policial-penitenciário e afirmou que uma saída só vai ser viável quando a sociedade brasileira se unir por um ‘basta’.
Martins citou como exemplo o pacto da sociedade contra a inflação nos anos 1990, na época do Plano Real, quando a rotina de aumento de preços já não era mais suportável. Medeiros endossou a visão. “Essa é uma questão que transcende esquerda e direita. É uma escolha que a sociedade precisa fazer entre civilização ou barbárie”.
Um assassinato a cada nove minutos
Segundo a Brasil Paralelo, Entre Lobos é o maior investimento da produtora desde a sua criação, há seis anos. Seu custo estimado foi de R$ 1 milhão. Foram mais de 100 horas de gravação e cerca de 50 pessoas entrevistadas em quase um ano de filmagens, em 13 cidades de três países diferentes.
O documentário começa com o relato em primeira pessoa de uma atriz descrevendo um estupro seguido de homicídio, cometido na frente da filha da vítima. O menor envolvido escapou da detenção e foi direcionado a um programa de ressocialização.
Adiante, o documentário explora como efeito estético a taxa de um assassinato no país a cada nove minutos, com base na média de 60 mil homicídios anuais. Dessa forma, a cada nove minutos de filme, uma cruz aparece no canto da tela com o nome de um brasileiro morto, trazendo uma explicação sucinta sobre o motivo do crime.
A sensação de desvantagem do Estado é reforçada por uma narrativa pró-bandidos, abraçada por parte da grande imprensa e por setores do meio político
Também chama a atenção do espectador um dado extraído de um levantamento independente do major Rodrigo Vilardi, da PM paulista, um dos consultores técnicos do documentário. Vilardi se debruçou sobre boletins de ocorrência dos últimos anos e chegou à estimativa de que metade dos crimes em São Paulo não deveria acontecer, já que foram cometidos por indivíduos com penas em andamento.
Outros dados ajudam a dar peso à exposição geral, destacando o Brasil como líder global em golpes financeiros (metade das fraudes internacionais de cartão de crédito), primeiro do mundo em carros blindados (200 mil) e um dos últimos em elucidação de homicídios (apenas 8%). Enquanto explora os números, o documentário abusa de imagens ilustrativas de residências protegidas por grades e muros, reforçando a reflexão sobre quem de fato está preso.
Ex-capitão do Bope aponta intervenção desastrosa do STF
A trilogia de Entre Lobos se esforça em oferecer ao público um olhar panorâmico sobre a questão. O diretor também optou por não mergulhar na questão do armamento da sociedade. A produção entendeu que discutir a configuração de Estado vem antes do acesso a armas pela população. Outra decisão dos produtores foi não recorrer apenas a entrevistas por “vias ilícitas”, conversando até com integrantes de organizações criminosas, como outros filmes já fizeram.
Na primeira parte da trilogia, o roteiro, escrito pela dupla Elton Mesquita e Renato Caruso, é hábil em costurar uma narrativa que une o funcionamento detalhado da cracolândia em São Paulo e a linha do tempo da profissionalização do crime organizado nas favelas do Rio de Janeiro — mapeando tráfico de drogas, milícias e operações combinadas entre as duas coisas.
Especificamente sobre o cenário carioca, o ex-secretário-executivo do Conselho de Segurança do Estado Roberto Motta argumenta que não dá mais para planejar Inteligência e aparato de repreensão com a ideia de “crime” como opositor. O especialista diz que os números embasam há tempos uma abordagem de “guerra” por parte do Estado, pelo menos no Rio de Janeiro. Ali, cerca de 3,5 milhões de pessoas vivem em áreas controladas por organizações criminosas.
Rodrigo Pimentel, ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais (Bope), explica como a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de proibir operações policiais nas favelas, a partir de 2020, ajudou o crime organizado a expandir sua área de influência: “Uma rua hoje, outra amanhã e mais outra depois”.
Coprodutor do já clássico filme Tropa de Elite, Pimentel relatou um caso que beira o surreal. Um policial de folga que teve de enfrentar sozinho dezenas de bandidos do Comando Vermelho, numa cena de faroeste desse novo cenário pós-interferência do Supremo. “Essa decisão do STF colocou o Rio de Janeiro em perigo. Colocou o Brasil em perigo”, diz o ex-capitão do Bope.
Por sinal, o desequilíbrio jurídico que vem limitando o trabalho policial é uma das bandeiras declaradas do documentário da Brasil Paralelo. Entre Lobos detalha a frustração da categoria em todo o país com mecanismos que aliviam a situação de criminosos, com solturas quase imediatas e restrições cada vez maiores de abordagens a suspeitos. A sensação de desvantagem do Estado é reforçada por uma narrativa pró-bandidos, abraçada por parte da grande imprensa e por setores do meio político, argumenta o filme.
Para ilustrar a questão, a produção expõe algumas audiências de custódia, um mecanismo processual criado teoricamente para encurtar o caminho entre prisões em flagrante e o julgamento. Mas que, na prática, serve para que presos “avaliem” o tratamento da abordagem policial e abreviem a própria jornada dentro do sistema criminal. No filme, são mostradas diversas sessões do gênero que tentam arrancar de criminosos alguma denúncia sobre policiais. Como diz um entrevistado na introdução da trilogia, “o crime no Brasil compensa e está compensando cada vez mais”.
“Um caminho quase sem volta para a barbárie”
Publicitário premiado em Cannes, Silvio Medeiros foi recrutado pela Brasil Paralelo para oferecer um novo olhar sobre a segurança pública no país. Abaixo, o diretor responde algumas perguntas sobre a trilogia Entre Lobos.
— O que o levou a mergulhar no debate sobre segurança pública?
O meu background profissional é da área de publicidade, em agência. Em julho do ano passado, recebi um convite da Brasil Paralelo para assumir dois projetos como diretor. Um especial de Natal e um documentário sobre segurança pública. Em agosto do ano passado, comecei a fazer uma imersão nesse tema, um assunto que nunca tinha estudado a fundo. Tinha um conhecimento bastante superficial, como o da imensa maioria dos brasileiros. Sabia o que todo mundo sabe sobre criminalidade, que é um grande problema. O meu conhecimento eram basicamente as consequências finais da ação criminosa.
— Qual será a grande contribuição do filme para o debate sobre segurança pública?
A grande missão do trabalho era aprofundar e amadurecer o debate sobre criminalidade e segurança pública no Brasil, para além dessa abordagem das consequências finais do crime, que nós já temos, através das páginas policiais, dos programas de TV, que são pautados na linha mais investigativa do crime. Nossa tarefa era ajudar o brasileiro a se localizar diante desse cenário. Infelizmente, o Brasil figura nos últimos lugares dos rankings globais de criminalidade e elucidação de crime. Por outro lado, lideramos os rankings de homicídio, roubo e estupro. A ideia é dar as ferramentas mentais para o brasileiro conseguir enxergar a situação e dar ao cidadão um vocabulário sobre o tema, além de entender mais sobre as causas, para a gente tentar mudar o rumo das coisas. Acho que fomos bem-sucedidos nessa empreitada.
— Vocês encontraram resistência em algum território de investigação?
Em várias democracias desenvolvidas, como nas europeias e nos Estados Unidos, existe uma preocupação da administração pública e das agências oficiais de Inteligência, de combate ao crime, em ser transparente com o cidadão na divulgação de dados. Se você procurar dados sobre criminalidade em Seattle, nos EUA, você tem acesso a tudo. Por meio de dados de geolocalização, você consegue ver o mapa da cidade, em tempo real, quais ocorrências acontecem em qual região, com qual frequência. Esse é um tipo de dado que não existe no Brasil. Se existe, ele não é transmitido. Aqui as instituições entendem que são dados confidenciais, que não podem ser transmitidos à população. Então a gente acabou confiando muito em estudiosos e cientistas da área, que foram abrindo os caminhos para nós.
— Você acredita que o tema de segurança pode pautar as eleições deste ano?
Espero que sim. E espero que esse filme ajude a elevar o nível de consciência geral dos brasileiros, para que eles aprendam a colocar as questões de uma maneira apropriada. Existe sempre um risco de a gente cair num reducionismo e acabar diminuindo o tema às vezes para pautas menores. Um exemplo: a questão do armamento divide opiniões, causa polarização, desperta paixões imediatas. Existem defensores ferrenhos do armamento civil e defensores apaixonados do desarmamento. Esse é um tema que tangencia a questão da criminalidade e da segurança pública, mas, por si só, não é capaz de abarcar toda a complexidade do problema. Nós estamos diante de um problema complexo em que todos os espectros ideológicos e partidários devem participar e trabalhar para encontrar um consenso. Enquanto a sociedade está dividida, o crime se fortalece mais e se organiza. Enquanto nosso sistema criminal está fragmentado, o crime está mais ágil e com maior capacidade de ação. E a gente acaba se dividindo, não digo por temas menores, mas marginais ao coração do assunto. O coração do assunto é: temos de fazer uma opção pela civilidade. Quando olhamos para os números, fica claro que tomamos um caminho quase sem volta para a barbárie. Direita, esquerda, conservadores, “progressistas”, todos são convocados a chegar a um ponto de concordância sobre reformas básicas, para que o sistema possa funcionar e as vítimas sejam protegidas, para que a gente possa sair desse clima de todos contra todos em que o Brasil vive hoje.
— Qual a entrevista ou o dado mais estarrecedor que você encontrou durante a produção?
Encontrei muitos dados estarrecedores. Um que mais me marcou foi um dado de uma tese de um dos nossos entrevistados, da Universidade de São Paulo (USP). Ele fez uma análise de todos os boletins de ocorrência no Estado de São Paulo por inúmeros dias. Descobriu-se que 50% dos crimes em flagrante no Estado estavam sendo cometidos por presos que estavam nas ruas. Eles estão nas ruas porque nós temos muitos dispositivos de redução de pena, as “saidinhas”, regime semiaberto, que na verdade é aberto, sem fiscalização do Estado. Mesmo se a gente não mexesse nas leis, se não fizéssemos grandes reformas, se aqueles que estão condenados passassem de fato um tempo na prisão cumprindo a pena, metade dos crimes graves em flagrante não aconteceria no Estado de São Paulo. Vidas estão sendo ceifadas e patrimônios subtraídos, algo que não deveria acontecer se o mínimo fosse cumprido. Isso me deixou muito impactado.
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Eu assisti quase que sem piscar a este documentário, que por sinal, é de ótima qualidade! independente de opinião política, partidária, etc. Outro ponto interessante é que elucidada bastante a parte dos “eu só consumo não faço mal à ninguém” – em que enquanto há compradores, existirão vendedores (oferta e demanda).
Tudo começa de cima associado a uma cultura fundada na Lei do Gérson. Certo?
Penitenciárias privatizadas e presos trabalhando para ajudarem a pagar as despesas causadas à sociedade. Extinguir benefícios, afinal o apenas o está sendo punido por atitudes contra as leis vigentes.
Eu tenho uma saída para essa situação! O Aeroporto!!
No momento, impossível enxergar outra!!
A população tem que exigir que faça-me cumprir as leis
Como policial civil aposentado posso afirmar que enquanto não se mudar a visão de que cadeia é para ressocializar preso e não punir, enquanto o vagabundo criminoso for visto como um coitado vítima da sociedade, enquanto não mudarem a legislação penal, endurecendo penas e fazendo com que os criminosos fiquem efetivamente presos, nada mudará. Lembrem-se os esquerdopatas, os ditos progressistas não gostam de lei e ordem e amam a bandidolatria.
Esse é o verdadeiro objetivo da esquerda comunista quanto pior melhor, é não tenham dúvidas, são parceiros, e desde o mais alto poder até as mulas estão imbuídos deste objetivo, causar danos irreparáveis a estrutura social e na repartição do butim ninguém incomoda ninguém, cada qual manda no seu quintal. Pablo Escobar está rindo lá do inferno, morreu mas deixou discípulos e a maioria está no Brasil.
Ex 20:6 “Não matarás.”
Há exceções? Sim:
Exo 22:2 “Se um ladrão for achado arrombando uma casa e, sendo ferido, morrer, quem o feriu não será culpado do sangue.”
Lc 22:36 “Ele lhes disse: “Mas agora, se vocês têm bolsa, levem-na, e também o saco de viagem; e, se não têm espada, vendam a sua capa e comprem uma.”
Rom 13:3-4 “Porque os magistrados não são para temor, quando se faz o bem, e sim quando se faz o mal. Queres tu não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela, visto que a autoridade é ministro de Deus para teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal.”
As exceções são em relação a defesa pessoal, da sociedade e da nação.
Indicação de um bom Livro:
– God, Guns, and Guts of Firearm Defense: The Bible View – Swanstrom, Sig.
É assustador ver que o Poder Judiciário não nos protege.