A tolerância entre pessoas com pensamentos divergentes é uma conquista da civilização ocidental. Consequência da Reforma Protestante, tornou-se um dos valores fundamentais das nações do oeste, aquelas cujos alicerces foram estabelecidos a partir das tradições judaico-cristãs. Há boas razões para exaltar a tolerância. É irmã da liberdade, reduz conflitos, favorece a criatividade, na medida em que o indivíduo se permite considerar uma opinião contrária à sua, um caminho diferente daquele ao qual está habituado.
O estoque de ressentimento presente na sociedade contemporânea, propulsor tanto da correção política que infesta os ambientes acadêmicos quanto da agressividade dos antifas, tem produzido um evidente menosprezo pelos valores ocidentais e ampliado o contágio do vírus da intolerância. Nossa colunista Ana Paula Henkel narra sua experiência com radicais movidos pelo que parece uma incontrolável energia destruidora. Defensora da liberdade e da tolerância, Ana Paula viu-se no meio de uma campanha sórdida contra sua reputação.
O mesmo vírus esteve presente na manifestação que acabou por vandalizar a estátua de Winston Churchill na Praça do Parlamento, em Londres. O episódio é uma demonstração perigosa de como as democracias estão se curvando à mentira, como escrevem J. R. Guzzo e Bruno Garschagen. O regime que se opõe ao modelo democrático ocidental entende bem o fenômeno e explora uma narrativa cujo propósito é nos enfraquecer — a propaganda política chinesa é objeto de análise de Selma Santa Cruz.
A indisposição para a convivência com o contraditório aparece também na raiz do delirante inquérito das fake news. A editora Paula Leal entrevistou um dos empresários investigados, que não sabe de qual crime é acusado nem teve acesso aos autos. E o colunista Augusto Nunes relata como já fomos capazes de conviver sem histeria com as notícias falsas. Éramos mais tolerantes?
Atenta não apenas aos assuntos que estão na ordem do dia, mas também comprometida em apurar histórias alvissareiras, a Redação da Revista Oeste apresenta na capa desta Edição 12 uma reportagem sobre as perspectivas de reação da economia nacional pós-pandemia. E ainda uma entrevista com Pedro Guimarães, presidente da Caixa, assinada pelo editor Wilson Lima e pelo repórter Rodolfo Costa, de Brasília.
Boa leitura.
Os Editores.