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Trump
Ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump | Foto: Evan El-Amin/Shutterstock
Edição 125

Temporada de caça às bruxas

Estamos vendo a divisão entre os que estão dispostos a usar o poder do Estado para silenciar seus oponentes e os que estão preocupados com a liberdade e o império das leis

Ana Paula Henkel
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Foram quatro ininterruptos anos de uma perseguição histórica. Desde a campanha presidencial, Donald Trump vem sendo caçado pelos democratas como nunca se viu com qualquer outro presidente. E falo isso com muita tranquilidade, o bufão laranja não era meu candidato favorito nas primárias republicanas em 2016. Em novembro daquele ano, confesso que não estava animada com o desfecho da eleição presidencial. A corrida para a Casa Branca, entre Donald Trump e Hillary Clinton, ficou marcada como uma corrida de dois nomes ruins para os norte-americanos.

Mas Donald Trump me surpreendeu com a sua administração. E acredito ter surpreendido muita gente que comprou a embalagem, e não o conteúdo. É verdade que o conteúdo só pôde ser conhecido, de fato, depois de vê-lo por algum tempo no Salão Oval. Mas, rapaz… que conteúdo. Não vou me estender aqui desmiuçando as políticas dos quatro anos de Trump na Casa Branca, há vários artigos honestos na internet sobre esse período, mas hoje atesto sem vergonha (e também com vergonha por não ter apostado que ele seria um bom “CEO da América”!) que os Estados Unidos estariam em lençóis muito piores se o malvadão do século não tivesse entrado na rota dos norte-americanos como Commander in Chief.

Pois bem, mesmo depois de uma conturbada — e ainda cheia de mistérios — eleição presidencial em 2020, os democratas voltaram ao poder. Além da Presidência, eles retomaram também a Câmara e o Senado. Bufão fora da Casa Branca, vamos tocar nossa agenda radical e jogar Trump no esquecimento! Certo? Errado. Donald Trump continua fazendo estragos no caminho político dos democratas até hoje.

A volta do malcriado do Twitter

O movimento MAGA (Make America Great Again), iniciado por Trump em 2016, parece estar mais forte do que nunca, e isso pode ser medido pelos resultados de eleições locais nos Estados. Desde 2021, os republicanos vêm tomando territórios importantes do tabuleiro político norte-americano, como o governo do Estado da Virgínia e quase todos os cargos eletivos importantes, região que votava com os democratas havia muitos anos. No caminho das eleições de midterms agora em novembro, Trump continua incomodando democratas e até republicanos que torcem o nariz para ele. Depois da rodada do último fim de semana para as cadeiras da Câmara e do Senado, dos 187 candidatos apoiados por Trump dentro das primárias do partido republicano, 173 saíram vitoriosos e 14 foram derrotados. Um impressionante aproveitamento de 93% em suas indicações.

Mas há muito mais nesse caminho, além das eleições de midterms, que apavora os democratas. Diante de tamanho engajamento — mesmo com toda a demonização de sua figura política durante os quatro anos na Casa Branca —, Trump ameaça com uma cartada que pode ser devastadora para o partido do senil Joe Biden, hoje sem nenhum legado ou herdeiro político com porte presidencial: sua volta a Washington e ao Salão Oval em 2024. Trump sofreu algumas tentativas de impeachment enquanto presidente, e pelas razões mais ridículas que os norte-americanos poderiam ver. Um processo até passou na Câmara, mas foi derrubado no Senado. Mais um plano de impeachment, um seguro arquitetado por Nancy Pelosi usando o 6 de janeiro, foi colocado em prática para evitar a volta do malcriado do Twitter e se iniciou logo após sua saída da Presidência, mas também não obteve sucesso. Nesta semana, mais uma tentativa de impedir que o 45º presidente dos Estados Unidos se torne o 47º presidente de sua história entrou em curso.

Na segunda-feira 8 de agosto, a casa do ex-presidente em Mar-a-Lago, Flórida, sofreu uma incursão sem precedentes do FBI. A operação, que continha um enorme número de agentes, foi desencadeada por uma investigação em andamento do Departamento de Justiça sobre caixas de materiais que Trump levou consigo para a Flórida quando deixou a Casa Branca. Os agentes entraram na residência de Trump enquanto ele não estava em casa, para confiscar documentos de propriedade pessoal, cofre e registros. Seus advogados alegam que também não puderam acompanhar a operação. Tudo isso por causa de uma disputa de arquivo de papéis presidenciais comum a muitos ex-presidentes.

Residência de Trump em Mar-a-Lago | Foto: Divulgação

Os agentes ocuparam e vasculharam a casa inteira, incluindo o guarda-roupa da ex-primeira-dama Melania Trump. A incursão do FBI à casa do ex-presidente Donald Trump — algo nunca visto na história dos Estados Unidos — pode energizar ainda mais os eleitores republicanos que não esqueceram que Hillary Clinton excluiu 33 mil e-mails de quando era secretária de Estado e ganhou apenas um tapinha na mão. Em 2016, o então diretor do FBI, James Comey, anunciou que a candidata Hillary Clinton era culpada de destruir os e-mails — um provável crime relacionado ao seu mandato como secretária de Estado. No entanto, ele praticamente prometeu que ela não seria processada devido ao seu status de candidata presidencial.

Um número crescente de republicanos e independentes (e brasileiros) percebe que, se quiserem realizar alguma coisa na próxima vez que estiverem na Casa Branca (e no Planalto), terão de reformar o serviço público e a política

O evento na Flórida é apenas mais uma razão pela qual os republicanos devem lutar mais para reformar uma burocracia politizada e poderosa. Por três anos, a falsa teoria da conspiração do conluio com a Rússia ajudou a atrapalhar a Presidência de Trump, mas o problema não eram apenas as mentiras de seus inimigos democratas e seus líderes de torcida da velha imprensa. A disposição dos agentes do FBI e funcionários do Departamento de Justiça em perseguir essa trama partidária demonstrou que a ideia de que essas agências são compostas de funcionários públicos apolíticos é um mito. O “deep state” não é um mito da direita.

Durante décadas, o serviço federal tornou-se cada vez mais um bastião para os democratas progressistas (leia-se regressistas). Absolutamente todos os estudos mostram que seus membros estão quase uniformemente à esquerda. Para dar apenas um exemplo, em 2016, 95% dos burocratas federais que fizeram doações registradas para um candidato na eleição presidencial doaram para Hillary Clinton. O controle dos democratas sobre a lealdade dos burocratas significa que esses funcionários podem atrapalhar e até parar qualquer tentativa dos conservadores de implementar políticas de que não gostam. Isso foi particularmente problemático para um presidente como Trump, que não queria jogar pelas regras convencionais estabelecidas pelos sociais-democratas em Washington e establishment que também inclui republicanos como Mitt Romney e Liz Cheney. Os presidentes podem fazer 4 mil nomeações políticas para cargos do governo, com cerca de 1,2 mil delas sujeitas à confirmação do Senado. Mas 50 mil burocratas têm autoridade para tomar decisões sobre questões políticas, e isso implode a lisura de um sistema justo de dentro para fora.

Um ato político

Há menos de 90 dias de uma eleição de meio de mandato, e com a possibilidade de os republicanos retomarem ambas Casas legislativas (a Câmara com um “banho de sangue”, como dizem os analistas), o evento em Mar-a-Lago fica caracterizado não apenas como um ataque, mas um ato político. Para Adam Geller, especialista em pesquisas internas para o Partido Republicano, o ataque e a maneira como foi orquestrado e relatado dão aos eleitores republicanos e indecisos um choque que essencialmente respingará nas eleições de midterms e talvez além: “Não há dúvida de que os republicanos e o presidente Trump podem aproveitar isso para seu benefício político até 2024”. Para a estrategista democrata Carly Cooperman, Trump, com razão, transformará isso em uma oportunidade política: “Ele está reunindo sua base e alimentando seus apoiadores. Isso se encaixa perfeitamente com o que ele gosta de argumentar sobre o exagero do governo. Se isso não for nada muito sério, o evento realmente ajudará sua estratégia.”

O cenário político para 2022 na América está se definindo rapidamente. O Partido Democrata deverá sofrer perdas históricas em novembro. Donald Trump estava prestes a anunciar sua candidatura presidencial para a corrida de 2024. No último domingo em Dallas, Texas, ele falou por quase duas horas no encerramento do CPAC, evento conservador norte-americano, e mostrou que em muitas pesquisas continua sendo o republicano favorito para a indicação — e bem à frente do atual presidente Joe Biden em uma suposta revanche em 2024.

Assim como no Brasil, uma atual republiqueta devido ao ativismo porco de membros judiciário e do atual STF, o “deep state” pode ser de enorme ajuda para os democratas, que buscam de maneira radical transformar o governo e a economia para se adequarem à sua agenda ideológica de extrema esquerda sem a presença de membros do Congresso. Os republicanos (assim como milhões de brasileiros) que querem drenar o pântano de Washington (e de Brasília) hoje se deparam com um serviço público não eleito, ativista e irresponsável que atua como um quarto Poder extraconstitucional do governo, e com veto efetivo sobre as políticas dos políticos eleitos.

É por isso que um número crescente de republicanos e independentes (e brasileiros) percebe que, se quiserem realizar alguma coisa na próxima vez que estiverem na Casa Branca (e no Planalto), terão de reformar o serviço público e a política. Os esquerdistas, nos Estados Unidos ou no Brasil, completamente desconectados da realidade, sabem que urnas aferidas não estão elegendo seus oficiais e, por isso, estão pavimentando um caminho em direção a um regime autoritário.

As Américas começam a ver uma divisão política nacional permanente. Não é uma simples ruptura entre democratas e republicanos, ou lulistas e bolsonaristas. Isso é simples demais. O que estamos vendo é a divisão entre pessoas que estão dispostas a usar o poder do Estado para silenciar seus oponentes e aquelas que estão preocupadas com a liberdade e o império das leis. O que manteve a América unida desde a Guerra Civil não foi a Constituição ou a Declaração de Direitos (Bill of Rights), por mais importantes que sejam esses documentos. A União Soviética possuía “leis de direitos” que garantiam a “liberdade de expressão e direitos iguais”. E os bolcheviques assassinaram seus adversários políticos e enviaram seus dissidentes aos gulags. Lavrentiy Beria, o chefe da polícia secreta mais implacável e mais antigo no reinado de terror de Joseph Stalin na Rússia e na Europa Oriental, se gabava de poder provar uma conduta criminosa contra qualquer pessoa, até mesmo um inocente: “Mostre-me o homem e eu lhe mostrarei o crime”. Essa era a infame ostentação de Beria.

O que nos mantém funcionando, mesmo com todos os defeitos detectados em nossas leis, diferentemente dos bolcheviques, é que nossas Constituições separaram os Poderes para impedir uma união partidária em torno de apenas um. Eleições têm consequências. As espinhas dorsais das eleições no Brasil, em outubro, e nos Estados Unidos, em novembro, nunca estiveram tão próximas e talvez nunca foram tão importantes não apenas para as Américas, mas para o Ocidente.

Leia também “As verdades inconvenientes de Jordan Peterson”

22 comentários
  1. MARIA DE LOURDES FERNANDES CAUDURO
    MARIA DE LOURDES FERNANDES CAUDURO

    Exclente artigo, muito bem escrito. Parabéns. Esqueci de dizer que se tiverem interesse no estudo sobre as “palavras apreciativas”, posso mandar para todos. Mandem um endereço. Abraços. Maria de Lourdes

  2. Luis Antonio Felipe
    Luis Antonio Felipe

    E na calada da direita a esquerda vai dominando o mundo

  3. Paulo Kubota
    Paulo Kubota

    Gostei muito desta análise Paula! O que me espanta é a incrível similaridade na política binária nos EUA e no Brasil. Eu participo de um grupo com o propósito de fortalecer os conservadores na política do Brasil. A luta é muito imensa depois que o status quo armou um sistema político muito eficiente de perpetuação no poder.
    Espero que os grupos que proliferam ainda que de forma insípida mas alinhada fortemente ao Bolsonaro possamos equilibra forças para superar o mau que imperam há anos de revolucionários e que destronados em 2018 querem a todo custo ocupar de novo Brasília. E concordo com você Paula que o grande problema do Brasil são o parelhamento dos progressistas e sindicalistas (câncer) articulam de dentro para fora o poder (4º poder como você bem definiu).
    Temos um longo trabalho para mudar isso equilibrando ao menos. 2022 vai ser o marco.

  4. SFLW
    SFLW

    Nesta edição fomos brindados com duas colunas da Ana! As duas com a mesma qualidade fora de série. Como sempre! Parabéns Ana!
    Obrigado Sr Paulo por promover estas duas oportunidades de ler textos da Ana. Pela sua desinformação, devo dizer que seus comentários não agregaram nada!

  5. carlos roberto de moura
    carlos roberto de moura

    Grande Ana! Nunca estive nos EUA, não conheço a história do país e não me atrevo a discutir a política de lá. Porém, três fatos me chamam a atenção: 1) Em 2018, na ONU, Trump discursou alertando os alemães sobre o risco da dependência energética dos russos. 2) Os diplomatas alemães riram de Trump. 3) Atualmente os alemães estão apavorados com a proximidade do inverno e correm o risco de congelarem as lágrimas. Outros países têm problemas parecidos. Do jeito que as coisas estão, acho que os norte-americanos se contentariam com ‘Make America Good Again’.

  6. JOSE TADEU MOURA SERRA
    JOSE TADEU MOURA SERRA

    Brilhante ANA PAULA desde que assinei a REVISTA OESTE me tornei seu fã .
    Suas analises são fantásticas e de uma racionalidade incrível .
    Aqui no BRASIL essas aberrações estão acontecendo também .
    Podemos ver a maior excrecência possível, um LADRÃO condenado por NOVE juízes está concorrendo a PRESIDENCIA DA REPUBLICA

  7. Paulo Alencar Da Silva
    Paulo Alencar Da Silva

    Penso que este governo democrata, inescrupuloso como sói acontecer com essas ideologias de esquerda, ao perder fragorosamente as casas legislativas, terá como única opção a cooptação de Republicanos. Isso é possível ai Ana? De repente alguns parlamentares republicanos poderiam ser comprados ou pressionados a não darem apoio aos interesses dos Republicamos? Se fosse aqui não teria duvidas, mas e ai?

  8. Robson Oliveira Aires
    Robson Oliveira Aires

    Excelente texto. Parabéns Ana. Parece até ficção que a realidade americana e brasileira estejam tão parecidas. Os esquerdoloides e esquerdopatas têm que ser varridos do mundo.

  9. Airton Boni
    Airton Boni

    Parabéns Ana, educada, verdadeira e certeira sua resposta ao missivista travestido de “conhecedor” da realidade americana. Contra fatos, os argumentos se esvaem.

  10. João Antônio Dohms
    João Antônio Dohms

    Elucidativa a sua reportagem ,como sempre .
    Num dos últimos do falecido MANHATAN CONEXION alguém entrevistou o Lucas Mendes sobre o Trump perguntando sobre a gestão dele !
    Ele rapidamente respondeu que foi uma das piores nos EUA.
    Eu fiquei perplexo ,pois acompanho seus comentários e sabia que isso não procedia !
    Essa é parte de uma realmente imprensa maldita !
    Que tenta nos ludibriar com suas convicções pessoais !
    Parabéns Ana Paula por sua lucidez e inteligência !

  11. Maria Cristina Cordeiro Batista
    Maria Cristina Cordeiro Batista

    Parabéns Ana, pelo artigo e pela resposta. Admiro muito você. Abs

    1. Gabriel Miranda
      Gabriel Miranda

      Parabéns pelas análises e pela resposta, Ana. Admiro demais o seu comprometimento e o do Rodrigo Constantino com detalhes e informações que só a Revista Oeste nos passa sobre a política americana. Já consumi muitos livros indicados por vcs dois e sempre aprendo muito. Obrigado e continue nos brindando com seus excelentes e inspiradores artigos.

  12. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    Essa Ana é de dá inveja nas análises, parabéns Ana pelo paralelo Estados Unidos/Brasil

    1. Taciane Cavet
      Taciane Cavet

      Brilhante análise e excelente resposta, Ana! Sou aluna do seu curso História e Política Americana e recomendo-o fortemente. Obrigada por tanto aprendizado!

  13. PAULO DE SOUZA BELLO
    PAULO DE SOUZA BELLO

    Sou assinante da Revista Oeste , fui ao Brasil votar para Bolsonar em 2018 e apoio Bolsonaro mas, morando nos Estados Unidos e sendo Cidadao Americano e Republicano ha muitos anos discordo totalmente das opinioes de Ana Paulo Henkel sobre a politica americana , principalmente sua defesa do pior presidente americano de toda a historia desse pais (que conheco muitissimo mais que a articulista – desde inicio da decada de 70) Seria melhor que a Revista Oeste se mantivesse na politica Brasileira em vez de querer enveredar-se na politica internacional vista atraves da otica brasileira. Gostaria de ver entao opinioes de politicos serios americanos sobre a politica americana. Sugiro entrevistas com Liz Cheney ou Mit Romney em vez de opinioes de Brasileiros defensores do Trumpismo, que esta’ desvirtuando o Partido de Lincoln. Uma boa parte dos realmente Republicanos nao apioa Trump uma pesquisa recente – de 27 de Julho – indicou que 51% dos eleitores Republicanos vai votar em outros candidatos na primaria do partido , ou seja : mais da metade dos Republicanos – como eu – querem outro candidato em vez de Trump . Vejo que a Ana , por ter adotado o Trumpismo em vez da Politica se’ria e mais profunda nao esta a altura da revista Oeste . Tenho varios amigos brasileiros neste pais e noto que a grande maioria defende Trump (por isso nao entro em discussoes politicas para manter as amizades ) mas o que vejo sao pessoas que veem a politica americana atraves dos olhos brasileiros , o que e’ um erro pois para entender a politica de um pais devemos ter a capacidade de nao ve-la com o olhar politico do pais de onde viemos.

    1. Ana Paula Henkel

      Sr. Paulo,
      Obrigada pela mensagem. Críticas construtivas são sempre bem-vindas, afinal, meu objetivo aqui sempre foi e será colaborar com informações fidedignas e abrir um debate intelectualmente honesto com os leitores. No entanto, ataques destemperados precisam ser respondidos. Eu poderia simplesmente apagar sua grosseria, mas decidi responder.

      Assim como o senhor, também moro nos EUA há muitos anos e não apenas sou republicana, como voto para presidente por ser uma cidadã americana. Acho no mínimo curiosa sua afirmação de que repudia a “defesa do pior presidente americano de toda a historia desse pais (que conheco muitissimo mais que a articulista – desde inicio da decada de 70)” sem se ater aos FATOS e conquistas de sua administração e sem sequer saber do conhecimento que tenho sobre política ou história americana.

      Diante de sua pedante afirmação de que “Seria melhor que a Revista Oeste se mantivesse na politica Brasileira em vez de querer enveredar-se na politica internacional vista atraves da otica brasileira”, sinto informar-lhe que seu pedido não será atendido, uma vez que a Revista Oeste vem demonstrando há mais de dois anos ser um dos únicos veículos na imprensa brasileira que expõe sem torcida o que, de fato, acontece nos EUA. E muito desse cuidadoso e sério material oferecido aos nossos leitores é desenvolvido também através de minhas análises e artigos, escritos pela ótica de quem VIVE e ESTUDA a política americana há mais de 15 anos in loco. Análises construídas bebendo em fontes primárias, como o próprio partido republicano e ex-assessores de Ronald Reagan que não têm nojinho da estética malcriada daquele que vai se configurando como um dos mais importantes presidentes americanos dos últimos anos; por suas políticas públicas sociais e fiscais, por perspicazes atos administrativos, pela excelente política externa firme e de paz, e também por suas ações que deixaram a esquerda americana, o deep state – e seus torcedores de pompom na imprensa ou em áreas para comentários em veículos da imprensa – nus e sem argumentos, apenas com o velho espantalho ad hominem.

      Moreover, sugerir entrevistas com Liz Cheney e Mitt Romney apenas mostra que o senhor está fora da realidade em que vivem os republicanos deste país. Foi graças ao bobo, chato e feio Donald Trump que as políticas do GOP voltaram aos trilhos das políticas do partido de Ronald Reagan – e não de George W. Bush ou Mitt Romney, completamente desconectados da classe trabalhadora americana. Como o senhor pode perceber, mesmo sendo republicana não adoto nomes, Sr. Paulo de Souza Bello – adoto políticas e ações eficazes.

      Quanto à “pesquisa” que o senhor levou a sério, faltou apenas mencionar que é uma pesquisa do New York Times, braço ativista do partido democrata na imprensa, o que mostra – mais uma vez – que o senhor não é o republicano que pensa que é. Recomendo dar uma olhadinha na última pesquisa interna do CPAC – evento de eleitores republicanos espalhados por todo o país, para ver quem ainda lidera, apesar de Ron DeSantis ser um excelente nome.

      E não se preocupe quanto às ofensas e falácias proferidas em seu comentário. Vou considerar sua falta de entendimento sobre o cenário político americano e a paixão por políticos e não políticas. Mas não se desanime. Há muitos artigos e matérias aqui em Oeste que podem ajudá-lo nesse caminho, mas, por favor, mande seu email que faço questão de presenteá-lo com o meu curso de História e Política Americana. São mais de 5 mil alunos e abordamos desde a fundação da América até Donald Trump, passando pelas Grandes Guerras, Guerra Fria, etc, e vários presidentes. São mais de 80 horas de material, livros, aulas e lives – inclusive com jornalistas, ex-assessores e biógrafos de Ronald Reagan. Passamos também longamente pela Guerra de Secessão (o nome mais apropriado – fica a dica) e creio que ali o senhor poderá aprender quem foi – de fato – Abraham Lincoln e a América que ele defendia, e não cair em retóricas narcisistas vazias repletas de ataques pessoais e que não combinam com reais republicanos.

      Um abraço,
      Ana

      1. Hans Castorp
        Hans Castorp

        Ana, parabéns. Sua resposta foi demolidora!

      2. Wagner Destro
        Wagner Destro

        Parabéns, Ana. Belíssima resposta!!!

      3. Fabio Vitor Reolon
        Fabio Vitor Reolon

        A resposta foi tão boa quanto o artigo, lotada de informações.
        Acho engraçado como algumas pessoas usam a condição “cidadão americano” como um título de nobreza.

      4. Renato Perim
        Renato Perim

        Como disseram antes, a resposta ao sr. Paulo-sabe-tudo foi outro texto esclarecedor. Parabéns duas vezes. Desculpe se pareço arrogante, mas encontrei um erro de gramática no 10° parágrafo; onde se lê “Há menos de 90dias”, o correto é “a menos de 90 dias”. É possível que o erro nem seja da articulista, mas de um corretor de redação distraído. De resto o texto é precioso, como de costume.

      5. Manfred Trennepohl
        Manfred Trennepohl

        Parabéns, Ana pelo artigo e pela resposta, mesmo tendo sida agredida pelo sr. Paulo de S. Bello, foi muito elegante e educada, colocando esse cidadão no seu devido lugar.

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