Sabatina televisiva do candidato Ciro Gomes:
— Boa noite, candidato. Em primeiro lugar, uma informação para a nossa audiência: nós vamos ser tão duros com o senhor como fomos com o Bolsonaro.
— Positivo, estou preparado.
— Dá pra notar.
— O quê?
— Seu terno é muito bem cortado e o senhor está com uma expressão plácida que passa confiança.
— Obrigado.
— Mas seremos duros com o senhor.
— Entendo. Agradeço mais uma vez o alerta.
— O senhor é muito educado.
— Pois é, todos elogiam o meu jeito afável e delicado.
— Quanta diferença. É horrível sabatinar gente grosseira. Ontem mesmo nós… Deixa pra lá. Vamos às perguntas.
— Ok.
— Voltamos a alertar que elas serão incisivas, doa a quem doer.
— Compreendo.
— Mas você responde se quiser, Ciro. A gente jamais afrontaria um cara tão legal como você.
— Obrigado. Vocês também são muito legais.
— Como vai a Patrícia?
— Isso já é a sabatina?
— Candidato, quem faz as perguntas aqui somos nós! Avisamos que seríamos duros.
— Ah, tá.
— Repetindo a pergunta: como vai a Patrícia?
— Vai bem.
— Vocês ficaram amigos depois da separação?
— Muito. Nos damos super bem.
— Que legal. Nada como gente civilizada. Detestamos essas pessoas raivosas que brigam com todo mundo.
— Onda de ódio.
— Aí você falou tudo.
— Tudo, não. Tem também desinformação, fake news e atos antidemocráticos.
— Certíssimo, candidato. A conversa está tão boa que até esquecemos de recitar a cartilha completa.
— Não tem problema, acontece.
— O senhor é muito compreensivo.
— Gentileza de vocês.
— E simpático.
— São seus olhos.
— E charmoso.
— Assim vou me encabular.
— Não seja modesto. Ainda assim, com todas essas virtudes, teremos que continuar sendo duros com o senhor.
— Ok. Serei forte.
— Bota forte nisso.
— Sou talhado para a guerra.
— Força, guerreiro.
— Obrigado.
— Então aguenta firme que vamos prosseguir com o interrogatório rigoroso: qual novela da Patrícia você achou mais legal?
— Ah, não sei… Foram tantas…
— Candidato, não fuja da pergunta! Não permitiremos evasivas! O senhor tem mais uma chance: qual é a sua novela preferida da Patrícia?!
— Bem… Acho que O Rei do Gado.
— Acha?! Não tem certeza? Não aceitaremos respostas vagas, candidato!
— Ok. É O Rei do Gado mesmo.
— A gente também adorou. O Fagundes tava ótimo, né?
— Maravilhoso.
— Acho que foi uma das melhores novelas que eu já vi. Você tem muito bom gosto, Ciro.
— Então vocês acham que eu estou indo bem na sabatina?
— Candidato, vamos repetir: quem pergunta aqui somos nós. E não queremos essa intimidade com o sabatinado.
— Desculpem. Estou tão à vontade que esqueci as regras.
— Relaxa, Ciro. Vamos pra um rápido intervalo comercial, aí a gente toma um café. Mas já vamos deixar uma pergunta no ar, pra você responder depois do break: topa jantar depois da sabatina?
— Claro que t…
— Calma, querido. Só depois do intervalo.
— Opa, é mesmo. Desculpem a minha ansiedade.
— Não estamos te achando ansioso. Você está bem calmo até, apesar da pressão que estamos colocando sobre você. Deve ser a experiência.
— É, acho que…
— Não, não, não. Agora, não. Só depois do intervalo.
— Ah, tá. É que vocês anunciaram o break e continuaram falando, aí achei que tinham adiado o comercial.
— Não é isso. É que nós temos que falar mais do que você, senão podem nos acusar de tratamento desigual. Aí vamos esticando um pouquinho as nossas falas. Nossa vontade seria ficar só te ouvindo, horas a fio, com essa sua prosa agradável, essa sua indignação genuína, esse seu sotaque musical, esse seu conhecimento impressionante de todos os assuntos. Se tivéssemos mais tempo até pediríamos pra você nos explicar a Teoria da Relatividade, com essa precisão que só você tem. Mas infelizmente a televisão tem os seus limites, então a nossa ideia é terminar a arguição sobre as novelas a tempo de falarmos um pouquinho sobre bares e restaurantes, um assunto urgente do qual você não poderá escapar.
— …
— E repetimos o alerta: seremos duros nos questionamentos, doa a quem doer.
Leia também “A estranha morte da menina Vanessa”
Perfeito!
Muito bom o texto, mas tive que me reprimir do riso, pois é tão triste tudo que envolveu essa eleição, os brasileiros estão vivendo em meio a uma loucura provocada pelas narrativas das imprensas partidárias, que nos tiram até a liberdade do riso.
Que falta de postura, respeito e imparcialidade tem esses pseudo-apresentadores desse jornal decadente, que transborda de imbecilidade. Percebe-se a nítida crise da abstinência pela falta do dinheiro público. Lamentável!
Kkkkkkkkkk…👏👏😭😂😅Foi isso aí mesmo! Os tais pensamentos inconfessáveis. Seu humor é ‘da hora’!
Grande Fiuza,
Artigo de pena própria só encontrável em virtuoses da literatura, em mestres de visão larga no domínio da redação em exprimir aquilo que pensa! Conciso no traduzir o momento recente de vergonha alheia, pelo qual passamos na televisão jornalística decadente brasileira !
Dupla entrevistadora e convidado, mais que merecedores deste sarcasmo mordaz cortante de finíssima lavra, que produz ao final de quem o lê, não a sonora gargalhada mas a expressão facial de sobrancelhas levantadas, olhos arregalados e boca aberta!
Aguardo seu livro através dos Correios. Uma pena não poder tê-lo autografado.
Um adendo no entanto relevante observar em coincidência:
Sobral (CE) – curral eleitoral do entrevistado.
Sobral (sobrenome) – relembrando vovô sei que você também o designa, associado
ao ‘Pinto’ da mesma forma pelo gênero! rsrsrsrs
Abraço e vida longa em sucesso sempre. Hoje ainda o revejo no Pingos nos Is, após
ontem em entrevista ao Augusto Nunes e bancada seleta do Direto ao Ponto.
Acho que vamos assistir ao Direto ao Ponto. P.S: estava comentando com os bugios aqui do Juá é um desafio tremendo: se o Bolsonaro ganhar no primeiro turno, o Moraes continuará investigando o golpe?
Fiuza, você é dez. Genial, brilhante, sarcástico como sempre. E com um grande senso de humor. Ri muito lendo esse texto. Apesar disso não deixa de ser vergonhoso, repugnante, abominável e reprovável o comportamento da dupla da Esgoto quando do interrogatório do presidente Bolsonaro.
Fiuza, sempre ácido, mas sem perder o bom humor. Como não rir, diante da leitura desse diálogo???, que nos faz lembrar, de imediato, todas as entrevistas realizadas por essa “duplinha” que agiu de diferentes formas, à medida que iam mudando os entrevistados, mas, em nenhuma delas, como jornalistas éticos e profissionais. Realmente, não merece nosso respeito. Parabéns, Guilherme Fiuza!
Fantástico Fiuzza, ops…..fantástico não, FENOMENAL!
Cac…ilda Fiúza, genial !!!!!!!
Em meio a tantas arbitrariedades infames que temos assistido, seus artigos tem sido um desabafo bem humorado e reconfortante!!!! OBRIGADO!!!!
Perfeito, Fiúza.
Isso ficou muito feio.
O lado bom disso tudo é que o povo já percebeu que para acabar com tudo isso definitivamente será necessário eleger 27 Senadores comprometidos em retirar aqueles que agem ao arrepio da lei. E que também serão indicados mais 2 (dois) ministros para a suprema corte. Neste caso a decisão caberá ao próximo presidente da republica. Espero que não seja o ladrão de 9 dedos. BRASIL A CIMA DE TUDO E DEUS A CIMA DE TODOS !!!
Só amenidades…guerra só com Bolsonaro. “O povo não é bobo, abaixo a rede globo”.
Os colunistas hoje estão demais, um artigo melhor que outro, parabéns pessoal da Oeste.
Imaginei que a Globo e o desacreditado JN estavam no fundo do poço, mas sempre se pode cavar um pouco na lama!
KKKKKKKKKKKKK
Como sempre: hilário, certeiro e, fabuloso!
Vamos aguardar as “pesquisas” pós “Inquisição “Globo-desorientada” para tirarmos nossas conclusões sobre desempenhos.
Impressionante que emissora!
Esses textos do Fiuza lembram muito oa do Stanislaw Ponte Preta
E nós pagamos as custas…..
Excelente !!!
jornalistas ventríloquos
MAGISTRAL! Sr. Fiúza, você é DEZ. Impossível um comentário mais racional e direto que o seu. Tipos como esses “boners e renatas da vida” só merecem sarcasmo e desprezo pelo que fazem com a profissão de jornalista.
Podia ser uma fábula, mas infelizmente é real.
Vale tudo por dinheiro.
Mal sabem que se a esquerda voltar, vão receber todos dia um agente das milícias populares para verificar se estão alinhados ao governo.
Idiotas úteis fantoches são descartados assim que se tornam escravos do sistema.
A liberdade não tem preço, tem valor.