Há muitas discrepâncias acerca da gênese do ambientalismo. Cada ramo das ciências o localiza em domínio próprio, o que provoca enormes divergências no tempo e no espaço. As mais remotas estão no campo das religiões, da história antiga e das filosofias.
Cada grande evento mundial inaugurou um nova vertente de pensamento ambiental. Foi assim com a Revolução Industrial, com as explosões nucleares em Hiroshima e Nagasaki, ou com a teoria do matemático e monge inglês Thomas Malthus.
Desenvolvida entre os séculos 18 e 19, a teoria de Malthus foi centrada em previsões de que, no futuro, a capacidade mundial de produção de alimentos seria insuficiente para atender ao crescimento vegetativo da população mundial. A solução de Malthus seria limitar a expansão das populações.
O malthusianismo viria a ser revivido a partir dos anos 1950, sob a forma de controle de natalidade, para conter o grande aumento dos contingentes populacionais que ocorreu ao final da Segunda Guerra Mundial.
No final do século 19 e início do século 20, alguns pensadores ocidentais já produziam teorias que, em comum, curiosamente apresentavam o fundamento de que a natureza é mais importante do que a humanidade.
Descolonização
Enquanto isso, criada em 1945, a Organização das Nações Unidas (ONU) imediatamente passou a estimular a independência de países até então sem autonomia. Iniciou-se o chamado processo de descolonização, que teve como efeito, para as potências ocidentais, a perda do domínio de extensas áreas na África, na Ásia e nas Américas e, por consequência, da posse de reservas de recursos naturais.
Os países colonistas então lançaram mão de um recurso já utilizado após o Tratado de Tordesilhas e o descobrimento da América: estimularam a proliferação da pirataria, braços com os quais roubavam o ouro e a prata explorados pelos países ibéricos.
Piratas modernos
Agora, são as ONGs (organizações não governamentais) que surgem como piratas modernos. Manipulando argumentos ambientais, mobilizam países, organismos internacionais e a opinião pública nacional e mundial, concretizando um sistema de pressão, com vista no estabelecimento de reservas ambientais ou terras indígenas.
Esse foi o método que resultou na delimitação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, onde abundam minérios, como ouro e diamantes, e da Reserva Natural do Morro dos Seis Lagos, no Alto Rio Negro, Amazonas, situada sobre uma das maiores jazidas de nióbio já identificadas mundialmente.
Tais processos estimularam a criação de novas teorias sobre o aquecimento global, baseadas em projeções catastróficas formuladas em torno do ano 2000, que, se tivessem sido confirmadas, teríamos hoje o Monte Kilimanjaro sem neve, algumas ilhas da Polinésia desaparecidas, e a vida só seria viável nos polos. Quando se tornaram evidentes as falácias contidas até mesmo em trabalhos científicos, os pesquisadores foram obrigados a rever seus fundamentos.
Produziu-se, então, o climagate. Vieram a público mais de 5 mil e-mails trocados entre cientistas, combinando os ajustes necessários para encobrir as fraudes compartilhadas. A partir daí, foi alterado de aquecimento global para mudanças climáticas.
A era de ouro do ambientalismo
Na Conferência de Estocolmo, em 1972, inaugurou-se o mais importante período para o ambientalismo. Seguiram-se a Rio 92 e, em 1995, em Berlim, a primeira Conferência das Partes (COP). A mais recente, COP 27, teve como sede o Egito.
Desde 1972, o ambientalismo vem, crescentemente, sendo empregado como um braço do imperialismo. É curioso notar que as correntes ideológicas que durante o século 20 condenavam o capitalismo, associando-lhe ao imperialismo, passaram a apoiar essas práticas.
A comprovação ocorreu em 2019: após a assinatura do Tratado de Livre Comércio entre o Mercosul e a União Europeia, desencadeou-se uma enxurrada de diatribes ao Brasil, acusando-nos de tratar a Amazônia com negligência. Tivemos o episódio em que o presidente Macron, da França, usou fotos de 2005 para respaldar as afirmações sobre queimadas, emendando às críticas ameaças à soberania brasileira.
Realmente, na Amazônia, nossa soberania está relativizada. Quando o presidente Michel Temer assinou decreto liberando a exploração da Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca), sem procurar conhecer os cuidados ambientais e os benefícios que índios e quilombolas herdariam, houve nova onda de protestos e acusações, e o presidente viu-se, então, constrangido a revogar seu ato.
Militância digital
Hoje, vivemos a era da internet e um multiverso em que todos são especialistas, comentários podem criar e destruir reputações, e influenciar é a palavra-chave. Há muita informação, pouca de fonte segura, com conhecimento de causa. Assistimos, abismados, ao posicionamento de lideranças sobre os nossos interesses ou mesmo a protestos para salvar as “girafas” da Amazônia.
Podemos aguardar por mais situações assim, uma vez que, sempre que as questões climáticas dominam a pauta, a Amazônia desponta como a maior preocupação mundial. O Brasil é posto em xeque, e o coro questiona: o que será de todos nós se a floresta ruir?
Amazônia e seus três papéis a desempenhar
No entanto, para que se processe uma adequada abordagem sobre as questões da Amazônia, é necessário que se olhe para o mapa do Brasil segundo uma perspectiva de quem lá se encontra. A partir dessa posição, avultam realidades que tornam explícitos os três papéis fundamentais que a região tem a cumprir para o Brasil, para a América do Sul e para o mundo, impulsionados por dinâmicas que se originam em sua geografia e que projetarão o Brasil a um patamar muito mais destacado no sistema de poder mundial.
Desde 1972, o ambientalismo vem, crescentemente, sendo empregado como um braço do imperialismo
O primeiro papel da Amazônia será o de provocar a elevação, em escala exponencial, do poder nacional, a partir do momento em que o país tiver consolidado sua expansão interna, trazendo a Amazônia ao contexto da vida nacional e efetuando a exploração racional de seus recursos naturais, que ainda aguardam uma completa identificação, delimitação e quantificação.
Ainda no início do século, dados apresentados pela revista Exame revelavam que os recursos naturais da Região Amazônica poderiam chegar à impressionante cifra de US$ 23 trilhões; US$ 15 trilhões deles decorrentes dos recursos minerais e US$ 8 trilhões proporcionados pela biodiversidade.
Vê-se que o Brasil dispõe de riquezas capazes de elevá-lo à condição de potência mundial e, principalmente, de solucionar os problemas que afligem nossa população, não só nos livrando da pobreza como também eliminando as desigualdades sociais e os desequilíbrios regionais.
O segundo, de larga contribuição para a vocação natural de liderança continental, da qual não nos podemos furtar, repousa na condição de plataforma física em cujo entorno se consolidará a integração sul-americana. A Amazônia brasileira faz fronteira com sete países, tem acesso a três oceanos — Atlântico, Mar do Caribe e, dentro em pouco, ao Pacífico — e conecta-se com o Altiplano Boliviano e, no Brasil, com as Regiões Nordeste e Centro-Oeste.
Esse processo, à medida que avance, por meio da construção de uma indispensável infraestrutura de transporte e de comunicações, provocará o crescimento exponencial da importância relativa da Amazônia no contexto continental. É previsível ainda que cidades como Belém e Manaus, em função da localização, a primeira como porta de entrada da densa malha fluvial e a segunda pela posição geográfica central, venham a consolidarem-se como polos industriais, tecnológicos, logísticos e de serviços em geral.
O terceiro, por fim, decorre das condições e da vocação que a Amazônia ostenta de proporcionar solução para os principais problemas que afligem a humanidade e que já adquirem dimensões de verdadeiras crises mundiais: mudança climática, meio ambiente, energia e água. Tudo isso é discutido em nível mundial, mas somente com visão local será possível acertar no melhor a ser feito.
Esses três papéis, por si sós, ensejam razões de sobra para que o Brasil passe a enfocar de forma mais concreta e objetiva as questões relativas à região. Porém, enquanto o mundo aplaude os novos (antigos) rumos que a política ambientalista brasileira deve tomar nos próximos tempos, a maioria dos brasileiros continua sem saber ao certo o que é melhor para a Amazônia.
Um conselho: “Amazone-se”.
Sem receio de estar adotando posturas passíveis de serem rotuladas como alarmistas ou de estar formulando teorias conspiratórias: é lícito, legítimo e até mesmo obrigatório, a todos os que participam da formulação de políticas e estratégias para a Amazônia, levar em conta eventuais pressões externas, diretas ou indiretas, objetivando obstar a consolidação dos projetos fundamentais para o Brasil.
A soberania da Amazônia não se assegura somente com presença militar, mas, sobretudo, com ações que combinem desenvolvimento e preservação.
Leia também “O general Villas Bôas estreia como colunista de Oeste”
O Exmo Sr General Villas Bôas faz com que se sinta no coração o patriotismo, nos lembra o amor a NOSSA bandeira, e a vontade de proteger NOSSO país torna-se mais intensa. Saudades do que sentía-mos pelo NOSSO EXÉRCITO.
“Há muita informação, pouca de fonte segura, com conhecimento de causa”. Tendo isso em mente, gostaria de saber onde estão as fontes do Eduardo Villas Bôas. Vejo muita informação que não se sustenta, mas faz-se parecer verdade para que o autor consiga “provar” seu ponto. É muito fácil inventar uma mentira, o difícil é provar uma verdade, algo que esse texto não conseguiu chegar nem perto.
“Conhecido estudioso da cultura e da geopolítica da Amazônia, especializou-se nos assuntos da região que conheceu a fundo como comandante do 1º Batalhão de Infantaria de Selva, chefe do Estado-Maior e comandante militar da Amazônia.”
Você não faz ideia do quanto um militar estuda para se tornar elegível ao posto de General.
Obrigada, General Villas Bôas. Artigo excelente, sobre um tema complexo e extremamente importante.
Prezado general. Vossa inteligência é um oasis no meio da mais profunda estupidez dos tempos hodiernos. Fica a pergunta: as FFAA serão negligentes a entregar o país a ladroes ? Continência gozosa bandidos? Onde está a honra? Será trocada pelo ordenado mensal ? Talvez a mais antiga das profissões?
Concordo plenamente com o comentário do Ciro.
Estamos decepcionados por tanto esperar atitudes que garantam nossas liberdades.
Se internamente a censura dominar, guardar fronteiras não servirá de nada.
Prezado General,
Infelizmente hoje a preocupação da maioria da população brasileira é com sua liberdade que vem diminuindo a medida que o SISTEMA implanta a ditadura venezuelana brasileira acompanhada do silêncio sepulcral das FFAAs que perde a cada dia o respeito e o descrédito dos cidadãos de bem. Onde está o Exército de Caxias o braço forte e a mão amiga que prometeu defender o Brasil das ameaças externas e INTERNAS?
Atenciosamente de um paulista paulistano economista casado aposentado com dois filhos desiludido com o que chamava de PÁTRIA AMADA…
Com isso entendemos a razão pela qual os globalistas odeiam o presidente Bolsonaro e desejam a volta do corrupto. Cada um quer o seu quinhão na NOSSA floresta
O GENERAL VILAS BOAS, UM DOS MAIS DESTACADOS PATRIOTAS DA ATUALIDADE, PROFUNDO CONHECEDOR DAS QUESTÕES BRASILEIRAS, VEM ESCLARECER PARA NÓS A IMPORTÂNCIA DE FOCAR CORRETAMENTE NOS PROBLEMAS DESTE NOSSO TEMPO. BEM VINDO GENERAL E PARABENS À REVISTA OESTE.
O então pres. Collor foi a Base Aérea de Cachimbo, em Mato Grosso, para colocar uma pá de cal no projeto nuclear de defesa nacional. Mau passo, afinal, fossemos hoje uma potência mundial militar essa “enxurrada de diatribes” inexistiria. País que domina a tecnologia nuclear sabe que míssil no furico dos outros é refresco… e no seu também.
Considerando a possível entrada do PT, continuaremos deitados em berço esplêndido cheio de nióbio, aguardando, para preservar a maior mentira do mundo: que somos o pulmão do mundo e tudo deve ficar invocado . Li uma reportagem que um avião executivo alemão da Gulfstream G559, matrícula D-ADLR, tem sobrevoado a Amazônia saindo de Manaus fazendo vários círculos sobre a região e retornando. Nossa aeronáutica sabe disso?
Que maravilha ter a companhia deste grande patriota ! Bem vindo general Villas Bôas !
Muito bom ter mais conhecimento sobre nossa Amazônia.
General, muito bom. A dificuldade de defesa científica do “aquecimento global” motivou o uso da noção ambígua de “mudanças climáticas” em seu lugar. Qualquer anormalidade climática, absolutamente dentro das variações historicamente observadas, é caracterizada como uma novidade, como se nunca tivesse ocorrido antes. E logo procura-se uma conexão causal entre a anormalidade climática e eventos na Amazonia, visando com isso motivar a tutela internacional sobre essa região.
Sensacional! É importante conhecer o motivo pelo qual ambientalistas impedem o avanço e o progresso na região amazônica.
Parabéns General Villas lobo pela mente brilhante. O Sr. é fonte de cultura informação. Serei seu leitor assíduo.