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Parque Global | Foto: Divulgação
Edição 144

A cidade a dez minutos

Com ou sem eleição, o mercado de alto padrão continua firme. Os investimentos na bolsa também

Bruno Meyer
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Alto padrão vende. Das cinco torres residenciais, três estão 100% vendidas, uma está 85% e a última, lançada há cinco meses, está 45%. Algumas das unidades com vista para o Rio Pinheiros chegam a custar R$ 18 milhões. Esse é o atual panorama das vendas da área residencial do Parque Global, o megaprojeto que São Paulo vai ganhar até 2026. O complexo é um verdadeiro bairro planejado, que conta com cinco prédios de 47 andares cada um, em um terreno de mais de 200 quilômetros quadrados que inclui uma universidade, uma nova unidade do Hospital Albert Einstein e um shopping center maior que o Morumbi Shopping, da Multiplan. O Parque Global vai consumir ao todo R$ 14,2 bilhões.

Parque Global, em São Paulo: um novo bairro planejado, com apartamentos a R$ 18 milhões | Foto: Divulgação

Resiliência

O mercado de luxo é resiliente e passou incólume nos últimos anos. Não chega a ser surpresa, portanto, que um portentoso projeto como o Parque Global tenha boa parte dos apartamentos já vendida. “O setor de alto padrão responde muito bem e São Paulo é um mercado muito forte”, diz André de Marchi, diretor-geral do complexo. Um dos maiores nomes que estão por trás do projeto é a incorporadora norte-americana Related Companies, responsável pela construção do Hudson Yards, o fenômeno turístico-imobiliário em Nova Iorque, cujo destaque é o The Vessel, à beira do Rio Hudson. 

The Vessel, em Nova Iorque: incorporadora norte-americana assume projeto no Brasil | Foto: Stef Ko/Shutterstock

Open mall

O planejamento da construção das torres residenciais começou em 2019, num ano em que ninguém poderia imaginar o horizonte que se transformaria logo depois, com uma pandemia vinda da China. Essa realidade, cruel para os mais variados setores, não assustou o mercado de luxo nem a turma imobiliária do porte da Global. “O mercado se adapta constantemente, porque ele é dinâmico e vivo”. O maior exemplo é que o projeto do shopping center se alterou e virou open mall, um espaço muito mais aberto.

Parque Global, em São Paulo: a cidade em dez minutos | Foto: Divulgação

Condomínios fechados… 

O Parque Global foi concebido numa ideia de espaço multiuso, projetado para as pessoas resolverem a vida num pequeno espaço, uma tendência que chegou aos grandes centros urbanos pelo mundo. No Brasil, o interior paulista e bairros como a Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, são casos clássicos de condomínios fechados que possibilitam a instalação de restaurantes a minimercados.

Projeto de praça contemplativa, no Parque Global | Foto: Divulgação

…com hospital na porta

O diferencial do Global é o número de parceiros de primeira linha: na saúde, o Hospital Albert Einstein vai levantar um centro de oncologia e hematologia, orçado em R$ 1,2 bilhão, sendo R$ 400 milhões oriundos direto do caixa do hospital, e previsão de inauguração em 2025. Trata-se do maior investimento destinado a um único empreendimento hospitalar focado em tratamento de câncer no Brasil. “O projeto foi 100% projetado tendo o ser humano como protagonista”, diz Marchi. “A pessoa pode morar, trabalhar, estudar, consultar-se, almoçar, ter o seu lazer em apenas dez minutos. A cidade vira dez minutos.”

* * * *

R$ 500 bilhões contra…

Um novo levantamento feito pela B3 mostra que o número de investidores cresceu no segundo semestre, mesmo em outubro, quando um evento do porte de uma eleição presidencial costumava afugentar pessoas físicas e jurídicas na bolsa de valores. Entre setembro e outubro, ativos de renda variável bateram em R$ 11 bilhões, encorpando uma cifra que surpreendeu os executivos da B3. A renda variável chegou a R$ 504 bilhões. “Todos os investimentos cresceram”, comemora Felipe Paiva, diretor de relacionamento com clientes e pessoa física da B3. “As pessoas perceberam que existem alternativas de investimentos além da poupança. Ela pode ir para renda fixa, pode colocar uma parcela em ações ou outros ativos.”

B3: a bolsa brasileira cresce | Foto: Shutterstock

…R$ 1 trilhão

A poupança brasileira ainda tem um valor parado — ou represado, como gostam de chamar os executivos da B3 — de R$ 1 trilhão, provenientes de brasileiros que deixam seu dinheirinho ali. Mas o que os dados da bolsa brasileira mostram é que um movimento importante, além das ações, passou a ir direto para a renda fixa — que chegou à cifra vultosa de R$ 1,45 trilhão, uma alta de 48%, na comparação com o terceiro trimestre de 2021. Com esse valor, a renda fixa ultrapassou a poupança. Em um mês, ela ganhou 100 mil novos investidores. O mais vistoso dos ativos dentro do mundo da renda fixa é o CDB, com R$ 603,5 bilhões, alta de 23% se comparado com 2021.

A propósito

A bolsa brasileira negocia por volta de R$ 30 bilhões a R$ 35 bilhões por dia, que saem da mão de compradores e vendedores. Desse volume, 10% a 15% são pessoas físicas.

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1 comentário
  1. Luzia Helena Lacerda Nunes Da Silva
    Luzia Helena Lacerda Nunes Da Silva

    Acho lamentável esse tipo de projeto. Burgo, reduto, condomínio de fechado, cancelas, guaritas, câmeras de segurança, tudo feito para isolar, para agilizar o tempo, para separar cada vez mais os habitantes da cidade da própria cidade. Se hoje em dia há milhares de paulistanos que nunca foram ao Centro, imagine vivendo em lugares assim, autossuficientes/ insuficientes por natureza.

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