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Militantes do MST bloqueia BR 386 em Nova Santa Rita, na região Metropolitana de Porto Alegre, em junho 2017 | Foto: Leandro Molina/MST|Capa da Revista Oeste, edição 156. Militantes do MST com Lula no Espírito Santo | Foto: Acervo MST
Edição 156

Carta ao Leitor — Edição 156

As invasões do MST e a ressaca política causada pela eleição de 2022 estão entre os destaques desta edição

Redação Oeste
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Nos anos 1970, eram as japonas à Mao Tsé-tung e as barbas no estilo Fidel Castro. Depois, vieram as camisetas com o rosto de Che Guevara estampado. Agora, para reconhecer um típico militante da esquerda brasileira, basta verificar se, além da máscara de proteção contra uma pandemia que acabou, também completa o uniforme com o boné vermelho com o emblema do MST.

“O ‘MST raiz’, da luta pela reforma agrária, virou uma mistura de assessoria de imprensa decidida a emplacar artigos de ‘intelectuais progressistas’ no consórcio da velha mídia com butique de venda de bonés para jovens frequentadores de bares da Vila Madalena ou do Leblon”, resume a reportagem de capa desta edição, assinada pelos repórteres Artur Piva e Joice Maffezzolli.

O texto detalha o que foi e no que se transformou o movimento que há anos atormenta produtores rurais brasileiros. Dezessete anos depois da destruição do viveiro da Aracruz Celulose — imagens de um bando de mulheres do MST acabando com 15 anos de pesquisas genéticas no campo correram o mundo —, o alvo foi a empresa Suzano, no sul da Bahia. “A explicação é a mesma: a empresa tem causado mal ao meio ambiente”, lembra a reportagem. “Um detalhe, contudo, derruba de cara essa justificativa: a Suzano ganhou prêmios nos últimos anos como referência em gestão ambiental.”

Ex-integrantes acusam a sigla de buscar não a reforma agrária, mas outro palanque para a esquerda. “O MST quer continuar na baderna”, afirma um dos entrevistados. “Se o governo dá o título de propriedade, acaba o movimento.” Em média, Michel Temer concedeu 14 mil títulos definitivos de propriedade por ano. Com Jair Bolsonaro foram 8,5 mil títulos, ante 2,2 mil no governo Lula e 3,5 mil no Brasil de Dilma Rousseff. Previsivelmente, a volta das invasões espetaculosas coincide com o retorno de Lula ao poder.

“No curto período em que todos foram iguais perante a lei neste país, e em que cada um, fosse quem ele fosse, teve de responder por seus atos, um ex-presidente foi para a cadeia, e ficou lá 20 meses”, observa J.R. Guzzo, em seu artigo publicado nesta edição. “Não é exagero dizer que o Brasil se embriagou de liberdade”, completa Roberto Motta, ao lembrar que esse período coincide com o nascimento da direita democrática. “Eis o fato essencial: a partir de 2014, o brasileiro renovou sua crença nas instituições e nas leis, e em sua validade, seriedade e permanência. Os brasileiros voltaram a se interessar por política.

O resultado das eleições de 2022 representou uma decepção paralisante para muita gente, afetada por uma espécie de ressaca cívica. O desânimo levou ao afastamento de tudo o que lembre política. A boa notícia é que, como constata Motta, a ressaca não dura uma vida inteira. E as eleições municipais de 2024 estão aí para apressar a inevitável mudança de ânimo.

 

Boa leitura.

 

Branca Nunes

Diretora de Redação

Capa da Revista Oeste, edição 156. Militantes do MST com Lula, no Espírito Santo | Foto: Acervo MST
0 comentários
  1. Rosaura Eichenberg
    Rosaura Eichenberg

    Minha gratidão à Revista Oeste. Estamos vivendo tempos sombrios no Brasil. Eles chamam a situação de Estado Democrático de Direito (a expressão correta é Estado de Direito), mas o que realmente temos é o embrião já em desenvolvimento de um Estado Totalitário. Uma terra sem lei e sem liberdade. Nestes dias turvos, a Revista Oeste nos aquece com sua luz, porque vocês conseguiram criar um ambiente saudável de liberdade de expressão.

  2. louranice rodrigues
    louranice rodrigues

    Tanto esse movimento dos pretensos trabalhadores sem terras com os dos sindicatos so têm um objetivo, ocupar o poder e nunca mais sair, caso dos partidos socialista/comunistas na Rússia, China, Coreia do Norte, Cuba e Venezuela e outros menores que seguem a mesma linha. Quanto ao mais é balela, mas eles aprenderam e ensinam táticas de agressão e usurpação de terrar privadas, praticas nada republicanas nem democráticas, para prejudicar os que de fato produzem e garantem a segurança alimentar do Brasil e de parte do mundo.

  3. JHONATAN SURDINI
    JHONATAN SURDINI

    FIUZA! volta!

  4. Mozart
    Mozart

    Não precisa buscar argumentos e razões, basta ver os números e os momentos políticos associados…É só…

  5. ALCINDO ALVES DOS REIS FILHO
    ALCINDO ALVES DOS REIS FILHO

    DE QUE ADIANTA ELEIÇÕES MUNICIPAIS USANDO AS URNAS ELETRÔNICAS? ESSES EQUIPAMENTOS INAUDITÁVEIS DESDE QUE FORAM CRIADOS NUNCA ELEGERAM CORRETAMENTE OS CANDIDADOS ESCOLHIDOS! FAZ PARTE DO PLANO!

  6. Daniel BG
    Daniel BG

    As urnas foram fraudadas e o Mané perdeu. Ministros imundos, manipuladores, bandidos.
    Agora esse desfile do MST que ninguém quis (nem os nordestinos e nortistas que no ladrão votaram, ou nao – paradoxo).

  7. IMP
    IMP

    QUAL É A RAZAO DO SILENCIO DA REVISTA OESTE SOBRE TUDO QUE ESTA ACONTECENDO NA VIDA DO ESCRITOR E J0RNALISTA FIUZA. Ontem foi o Fiuza, hoje o humorista preso no Paraguay, amanha seremos nos que pensamos que somos anonimos e imunes a censura e o fim da liberdade de expressao.

    1. Fábio Donato de Brito
      Fábio Donato de Brito

      Comovente desabafo!

  8. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    Bolsonaro entregou 362 mil títulos de propriedades rurais

  9. MB
    MB

    Sugiro uma matéria sobre as razões que levaram as FFAA a se esquivarem de atuar em conformidade com os anseios de milhões de eleitores e de seu candidato derrotado.

    1. IMP
      IMP

      Carta de um Brigadeiro.
      Nunca mais se diga que nossas Forças Armadas nunca perderam uma guerra!
      Hoje perdemos a maior delas!
      Perdemos nossa Coragem!
      Perdemos nossa Honra!
      Perdemos nossa Lealdade!
      Não cumprimos com o nosso Dever!
      Perdemos a nossa Pátria!
      Eu estou com vergonha de ser militar!
      Vergonha de ver que tudo aquilo pelo qual jurei, trabalhei e lutei, foi traído por militares fracos, desleais e covardes, que fugiram do combate, preferindo apoiar quem sempre nos agrediu, sempre nos desrespeitou, sempre nos humilhou e sempre se vangloriou disso, e que ainda brada por aí que não nos quer em sua escolta, por não confiar nos militares das Forças Armadas, e que estas devem ser “colocadas em seu devido lugar”.
      Militares que traíram seu próprio povo, que clamou pela nossa ajuda e que não foi atendido, por estarem os militares da ativa preocupados somente com o seu umbigo, e não com o povo a quem juraram proteger!
      Fomos reduzidos a pó. Viramos farelo.
      Seremos atacados cruelmente e, se reagirmos somente depois disso, estaremos fazendo apenas em causa própria, o que só irá piorar ainda mais as coisas.
      Joguem todas as nossas canções no lixo!
      A partir de hoje, só representam mentiras!
      Como disse Churchill:
      “Entre a guerra e a vergonha, escolhemos a vergonha.”
      E agora teremos a vergonha e a guerra que se seguirá inevitavelmente.
      A guerra seguirá com o povo, com os indígenas, com os caminhoneiros, com o Agronegócio. Todos verão os militares como traidores.
      Segmentos militares certamente os apoiarão. Eu inclusive.
      Generais não serão mais representantes de suas tropas.
      Perderão o respeito dos honestos.
      As tropas se insubordinarão, e com toda razão.
      Os generais pagarão caro por essa deslealdade.
      Esconderam sua covardia, dizendo não ter havido fraude nas urnas.
      Oras! O Exército é que não conseguiu identificar a fraude!
      Mas outros, civis, conseguiram!
      A vaidade prevaleceu no Exército e no seu Centro de Guerra Cibernética. Não foram, mais uma vez, humildes o suficiente para reconhecer suas falhas. Prevaleceu o marketing e a defesa de sua imagem. Perderam, Manés!
      E o que dizer da parcialidade escancarada do TSE e do STF, que além de privilegiarem um candidato, acabam por prender inconstitucionalmente políticos, jornalistas, indígenas, humoristas e mesmo pessoas comuns, simplesmente por apoiar temas de direita, sem sequer lhes informar o crime cometido ou oportunidade de defesa? Isso não conta? Isso não aconteceu?
      E a intromissão em assuntos do Executivo e do Legislativo?
      Isso também não aconteceu?
      Onde está a defesa dos poderes constitucionais?
      Onde estão aqueles que bradaram que não bateriam continência a um ladrão?
      Será que os generais são incapazes de enxergar que, validando esta eleição, mesmo com o descumprimento de ordem de entrega dos códigos-fonte, valida-se também esse mesmo método, não só para todas as próximas eleições, para o que quer que seja, perpetuando a bandidagem no poder, assim como corrompendo futuros plebiscitos e decisões populares para aprovar/reprovar qualquer grande projeto de interesse da criminalidade?
      NÃO HAVERÁ MAIS ELEIÇÕES HONESTAS!
      A bandidagem governará impune, e as Forças Armadas, assim como já ocorre com a Polícia Federal, serão vistas como cães de guarda que asseguram o governo ditatorial.
      O povo nunca perdoou os traidores nem os burros.
      Não vai ser agora que irão.
      Ah, sim, generais:
      Entrarão para a História!
      Pela mesma porta que entrou Calabar.
      QUE VERGONHA!
      Assina:
      Brigadeiro Eduardo Serra Negra Camerini

      1. Daniel BG
        Daniel BG

        Estamos mesmo de luto. De tão triste que a situação se tornou e ainda sequer conseguimos produzir arte que represente nossos sentimentos. Seria tal arte reprimida pelos 9 do STF? Vejam a gravidade da suposição!

      2. Fábio Donato de Brito
        Fábio Donato de Brito

        Comovente desabafo!

      3. Flávia De Souza Santos
        Flávia De Souza Santos

        O Texto do senhor ficou muito bom, parabéns Brigadeiro.

  10. Luzia Helena Lacerda Nunes Da Silva
    Luzia Helena Lacerda Nunes Da Silva

    Até a ressaca passar, vamos na cadência do PENSAR COM A PRÓPRIA CABEÇA, ler OESTE, estudar os assuntos relevantes, discernir quem é quem na política nacional, olhar com olhos bem abertos para todas as direções. E salvos da ignorância, escolher em 2024 os melhores candidatos sem medo de errar e sem medo da patrulha perversa e autoritária.

  11. Luiz Antônio Alves
    Luiz Antônio Alves

    Dona Branca (termo racista?): A gente nem sabe se serve para alguma coisa o comentário que se faz aqui. Pelo menos a revista sabe da audiência…. Que será o RAndolfe na Direita? Entrar com ações no STF toda semana é uma tática interessante. Por exemplo: o ministro dos direitos desumanos quer dicriminalizar as drogas. Seria importante algum Randolfe de direita entrar com pedido para que ele explique em 24 horas o que ele tem a dizer sobre a revolução no RN e as ligações do tráfico com as palavras dele que foi um marketing para as gangues… O Lula deveria ter sido interpelado judicialmente sobre seu incentivo aberto ao MST e nem siquer pede um cadastramento das pessoas envolvidas no MST para a reforma agrária do governo dele. Afora uma ação preventiva para as pessoas poderem defender as mulheres e homens héteros, já que o Nikolas ao defender mulheres biológicas foi escarniçado. Será que dá para defender MULHERES que estão perdendo espaço para “mulheres”? O programa da revista está bom, mas na maioria dos dias é no horário que tiro leite de três vaquinhas, lá no fundo do sertão.

    1. André Luís Almeida Xavier
      André Luís Almeida Xavier

      O problema é que o STF não é imparcial. O STF é da esquerda.

      1. IMP
        IMP

        *O PORÃO*
        Não, definitivamente não… não queríamos passar por isso, adiamos o quanto foi possível, até demais, mas quando soa o relógio sagrado do tempo das coisas, não há muito o que fazer. Chegou a hora da *faxina no porão*.
        Descendo as escadas, ao se abrir a porta e deixar o primeiro raio de luz entrar, é assustador ver tanta poeira, teias de aranha, ratos e baratas fazendo a festa.
        “Luz começando a invadir a sombra”: é exatamente este momento nacional que estamos vivendo. Analisando desta perspectiva constatamos que não teria o menor cabimento a reeleição do Bolsonaro. Também não faria sentido aplicar o Art. 136 ou 142 da CF, para evitar o desastre que a passos largos se aproxima.
        Obedecendo à inexorável e perfeita cronologia do Universo e da Vida, teríamos sim que passar por tudo isso e um pouco mais. Precisaríamos descer ao porão da pátria amada, para que *TODOS* constatassem com seus próprios olhos a absoluta sujeira entranhada na turma que está, com afinco e rapidez, se esforçando para destruir a nossa nação.
        É óbvio demais, mas todos, como São Tomé, precisaríamos *ver* (incapacidade, corrupção, conchavos, escárnio, censura e abuso) *para crer* que bandidos e criminosos não se regeneram com o passar do tempo, apenas ficam mais velhos… e mais nocivos.
        Do ponto de vista de um processo de limpeza, tudo o que está ocorrendo de trágico está absolutamente correto. Provavelmente a imundície terá que ficar ainda mais visível e deverá produzir mais alergias, incômodos, doenças ou até óbitos.
        *P.:* Quanto tempo levará essa bagunça?
        *R.:* O tempo necessário para a maioria do povo entender que, de bandidos, só podemos esperar mentiras, crimes, roubos e assassinatos.
        A visão do porão imundo e pestilento não poderia ficar restrita a alguns. Para evitar controvérsias, para atenuar a discórdia que tem separado familiares, amigos e irmãos, para que o povo possa alcançar a paz, seria imperioso acontecer o que está acontecendo, a sujeira precisaria ser esfregada na cara de *TODOS*.
        Por ora, rendamos graças a *DEUS* que, no comando de todas as coisas, está proporcionando ao povo brasileiro a oportunidade abençoada de olhar a verdade nua e crua. É impossível começar uma faxina sem que primeiramente tenhamos a exata noção do que precisa ser limpo.
        Desconheço a autoria.

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