A brasileira Ambipar Response deu um chega para lá no mau humor do mercado financeiro global, que tem evitado a todo custo abrir o capital das empresas. Há duas semanas, a empresa — uma subsidiária da multinacional brasileira Ambipar — foi listada com valor estimado em R$ 2,6 bilhões na Bolsa de Nova Iorque. Com esse valor, a Response viveu a experiência da Embraer de tempos atrás com a sua subsidiária Eve (dos eVTOLs, os carros voadores): a empresa, até então considerada secundária, passou a ser mais valiosa que a fabricante de aeronaves, com sede em São José dos Campos. A holding Ambipar — uma empresa listada na B3 — passou a valer R$ 100 milhões a menos do que a Ambipar Response. “Ninguém ficou bravo por esse detalhe na empresa”, brinca Thiago Costa, CFO da Ambipar. “Porque a gente tem certeza que a holding está com seu valor na bolsa brasileira ainda não correspondente.”
A vigilância…
O business da Ambipar Response é a prevenção e a gestão de acidentes industriais e ambientais. A empresa fica numa espécie de stand by, no caso, por exemplo, de um tombamento de um caminhão com produto químico, que paralisa uma estrada e pode causar dano ao meio ambiente. Ou se eventualmente um determinado produto químico poder causar alguma reação que represente um risco à população em torno do acidente. “A gente está ali para mitigar qualquer risco, fazer a contenção de algo que pode vir a afetar”, diz Costa. O setor rodoviário é a maior demanda da empresa no Brasil, mas há situações de acidentes nas ferrovias e nos mares, no caso de vazamento de óleo.
…e o faturamento
Como a Response ganha dinheiro? A remuneração entra no caixa da empresa através de uma mensalidade dos clientes, que pagam para os profissionais ficarem de prontidão. Em caso de acidente, a companhia cobra a ocorrência. A Response cresce ainda ao fazer a manutenção de equipamentos sensíveis para clientes industriais, como petroquímicas e mineradoras.
“Plano bem robusto”
A entrada da empresa brasileira na bolsa norte-americana vai além de obter atenção do mercado global: é da América do Norte que vêm as receitas da Response. Com sede em São Paulo, a Response tem 30% do resultado oriundo do Brasil e 70% fora, sendo 52% na América do Norte. “Nossas receitas estão no mercado norte-americano e é lá que nós vamos focar mais”, diz Costa. “Essa listagem traz visibilidade, credibilidade, vai gerar com certeza bons negócios. Não preciso falar que o mercado financeiro norte-americano é muito forte e o acesso a esse mercado vai fazer com que a gente faça um plano bem robusto de crescimento lá.”
Treinando 24 mil pessoas por ano
Os executivos da Ambipar gostam de deixar claro que a empresa gerencia o maior centro de treinamento de resposta a emergências no mundo, situado em Pueblo, Colorado, nos Estados Unidos. Além disso, administra outros centros que contam com cenários variados de emergências em transporte terrestre e tecnologias de última geração por meio de simulações ao vivo para aplicações ferroviárias, rodoviárias, intermodais e portuárias. Os treinamentos chegam a envolver 24 mil pessoas por ano.
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Duas semanas para o resto da vida…
A VCI, incorporadora do Hard Rock Hotel, projeta faturar R$ 2 bilhões neste ano, com a venda de unidades multipropriedades, modelo que se caracteriza quando um consumidor adquire uma fração do imóvel. A incorporadora tem colocado no mercado cotas individuais, e o comprador pode adquirir um pedaço de um apartamento. Isso dará o direito de uso por duas semanas para o resto da vida. Uma cota gira em torno de R$ 120 mil, que poderá ser parcelada em 60 vezes no cartão de crédito. Entre dezembro e fevereiro, a VCI faturou R$ 240 milhões.
…num cinco-estrelas
A empresa vai contratar mais de 600 funcionários nas próximas semanas, para atuar nos dois hotéis da rede que serão lançados em 2023: um na paranaense Ilha do Sol, a uma hora de Londrina, e outro em Fortaleza, no Ceará. Ambos hotéis serão cinco-estrelas.
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