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Foto: Shutterstock
Edição 162

Brasil, uma nação de influencers

No país, existem 500 mil influenciadores. Quase o mesmo que médicos (502 mil), mais que engenheiros civis (455 mil) e muito mais que dentistas (374 mil)

Bruno Meyer
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A empresa de tecnologia brasileira Squid fez um raio X do potente setor de criadores de conteúdo no Brasil. Sim, potente, porque é um país de 500 mil influenciadores, de acordo com a Nielsen, quase o mesmo que médicos (502 mil), mais que engenheiros civis (455 mil), muito mais que dentistas (374 mil). Esse primeiro mapeamento mostra que 74% dos chamados criadores são mulheres, 61% vivem no Sudeste e 36% das pessoas que criam conteúdo têm entre 30 e 39 anos, os chamados millennials. A pesquisa ouviu 4,5 mil dos chamados criadores de conteúdo.

esquenta
Redes sociais | Foto: Divulgação/Flickr
Nação dos aparecidos…

A nação dos criadores de conteúdo — gente que fala, discorre e apresenta tudo o que é tipo de assunto nas redes sociais, especialmente no Instagram, onde estão 76% desse oceano de aparecidos — surge porque o brasileiro é vidrado no celular. O Brasil é o segundo país que mais gasta tempo exposto a uma tela no mundo, atrás da África do Sul.

…nas redes

 Segundo levantamento da Electronics Hubs, divulgado na última semana, o país é também o segundo que mais gasta tempo nas redes sociais: dessas nove horas, quatro são destinadas a navegar em redes como Instagram e Facebook. “O brasileiro é um povo muito criativo, adora entretenimento e é muito curioso”, diz Felipe Oliva, da Squid. “Quando vão surgindo novas redes sociais, somos um dos primeiros países a serem adeptos”. O TikTok é um exemplo: bastou o aplicativo chinês chegar aqui para abocanhar um pedaço de usuários do poderoso Instagram, da Meta.

Felipe Oliva, fundador e CEO da Squid:  “O brasileiro é muito curioso” | Foto: Divulgação
Quem são eles

O paulistano Felipe Oliva, fundador e CEO da Squid, decidiu mensurar dados para identificar quem são essas pessoas, de onde são e quanto ganham. “Quem tem filho sabe: você pergunta o que ele quer ser quando crescer e muitos respondem: streamer ou youtuber”, diz Oliva. “Mas pouco se fala em renda, e o estudo mostra que são pouquíssimas pessoas que conseguiram transformar isso em carreira”. Aos números: apenas 1,2% recebe mais de R$ 15 mil.

O segredo é o nicho

O mercado se adapta e evolui, quando cresce. O momento atual mostra que não basta ter milhões de seguidores para faturar, mas ter conteúdo relevante para atrair potenciais anunciantes. “O segredo está no nicho”, diz Oliva. Nessa linha, um microinfluenciador, denominação para aqueles com no mínimo 10 mil seguidores, pode ganhar uma boa grana se falar para uma audiência seleta e com dinheiro, como temas ligados a finanças. A pesquisa ainda mostra que quase 5% conseguem substituir a renda primária pelo trabalho digital. “Esse dado, porém, precisa ser ponderado, porque muita gente começa mais nova, quando seus salários são mais baixos, e consegue fazer mais rápido essa substituição.”

Foto: Shutterstock
O fim dos garotos-propagandas

Aos 32 anos, Felipe Oliva é engenheiro formado pela USP e tem o faro do bom empreendedor: achar soluções em problemas de um setor. Ao ver que as novas gerações não se espelhavam mais nos garotos e garotas-propagandas da TV, ele viu que havia oportunidade em trazer trabalhos para as pequenas autoridades que surgiam nas redes sociais. “Decidimos fazer um negócio em cima disso” diz. “Entendemos que, para as marcas, encontrar essas pessoas era muito assertivo, e elas conseguiam fazer campanhas com potencial muito grande.” Nascia assim a Squid, em 2014. Sete anos depois, foi vendida para a Locaweb, por R$ 176,5 milhões.

De vendedores às referências 

O modelo de negócio funciona como um marketplace, em que se conectam os influenciadores aos anunciantes, em uma plataforma de software própria da marca. “Eles conseguem fazer a transação lá dentro, e a gente fica com um pedaço dessa transação”, diz Oliva. Em sua avaliação, o mercado vai evoluir por categorias: “Vão ter aqueles, como acontece na China, que são mais vendedores, que vendem produtos. Têm os criadores mais criativos, voltados ao entretenimento. Vai ter o pessoal de influência, que de fato vira uma referência para a gente em algum segmento”. Em 2024, ele promete um novo raio X dos criadores.

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Nova plataforma…

A Celcoin vai lançar uma nova plataforma de soluções financeiras, o Cel_Bricks. O anúncio será feito pelo próprio CEO e fundador, Marcelo França, direto da Web Summit, o megafestival de inovação e tecnologia que acontece na próxima semana, no Rio de Janeiro. 

Marcelo França, fundador e CEO da Celcoin: nova plataforma financeira | Foto: Divulgação
…bancos digitais

Lançada em 2016 e com mais de 300 funcionários, a Celcoin — que já recebeu investimentos do BTG Pactual, Vox Capital, Innova Capital e Torq Ventures — é uma fintech de infraestrutura. É como se ela fosse um lego por trás dos serviços financeiros de bancos digitais e fintechs. A nova plataforma vai permitir que clientes de diversos portes e segmentos customizem a contratação de produtos financeiros de acordo com as necessidades. 

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Leia também “O poder do iFood e a escola de ricos”

5 comentários
  1. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    Eu não penso nada porque sou analfabeto digital

  2. DONIZETE LOURENCO
    DONIZETE LOURENCO

    Não sou da geração tec apesar de utilizar de modo racional muitas ferramentas em meu trabalho.
    Uma coisa é inegável. Os meios eletrônicos, principalmente os celulares estão transformando as pessoas em seres robotizados.
    Nunca tive e não tenho a mínima vontade de possuir uma conta no Instagram, Tik Tok, etc e estou avaliando desativar Linkedin e Facebook.
    Nem tudo é inutilidade mas encontrar alguma coisa útil nestes aplicativos é uma árdua tarefa e agora com o PL 2630, se aprovado, ninguém sabe que rumo as coisas tomarão, mas certamente teremos somente as “verdades” segundo os interesses de cada grupo.

  3. Laura Rocha
    Laura Rocha

    Falando das ondas que o brasileiro surfa como “nova profissão” no mercado on line, vejo cada vez mais o tal only fans virando profissão pra muita gente.

  4. Luzia Helena Lacerda Nunes Da Silva
    Luzia Helena Lacerda Nunes Da Silva

    Incrível isso. O metrô é uma fotografia disso: 99% dos passageiros viajam abdusidos pelos seus celulares.

    1. Bruno Meyer

      Excelente paralelo com o metrô, Luzia. E para ver como aqui se usa mais celular e redes sociais que outros lugares: nos metrôs de outras cidades grandes pelo mundo, como Nova York, se fica muito no celular, mas também se lê livros ou simplesmente dorme. Aqui, como você falou, 99% está no celular.

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