Você está chateado à toa. Pare com essa mania de dizer que tudo perdeu o sentido. Esse negócio de sentido é muito relativo. Chegar ao fundo do poço não significa nada. Ou melhor: significa o que você quiser. Basta ressignificar. Como você não pensou nisso antes?
Então vamos lá: levante daí, pare de choramingar e ressignifique as coisas da vida.
Fundo do poço, por exemplo. Qual poderia ser o ressignificado dessa expressão tão antipática? Seja empático. Com um mínimo de generosidade, você pode tranquilamente ressignificar “fundo do poço” como “aurora boreal”. Por que não? Deixa de ser mesquinho.
Fica combinado assim. De agora em diante, em vez de dizer “estamos no fundo do poço”, você dirá “estamos na aurora boreal”. Já está se sentindo mais leve?
Quem insistir nos significados velhos será ressignificado como propagador de ódio. Ande na linha, atualize o seu linguajar e garanta seu lugar no bonde do amor.
Maravilha. Vamos em frente. Só uma rápida medida de segurança: para não ser traído pelos sinônimos, tome a providência de ressignificar também “fim da linha”, “fim da picada”, “a vaca foi pro brejo” e todas essas expressões nocivas que possam insidiosamente ser usadas para substituir o “fundo do poço”.
“Fim da linha” pode ser ressignificada como “começar de novo”. “Fim da picada” passa a significar “acabaram-se os mosquitos”. E “a vaca foi pro brejo” agora quer dizer “partiu churrasco na laje”.
Viu como a semântica proativa muda o mundo? Então não perca mais tempo. Os ressignificados aguardam avidamente a sua boa vontade para entrar em campo. E uma instituição que precisa ser urgentemente ressignificada é a ladroagem.
Não é possível vivermos nem mais um dia presos a símbolos do passado que aviltam essa instituição tão bem-sucedida. A ladroagem transcende o plano das coisas materiais. É praticamente um estado de alma. Tem enorme prestígio e aceitação entre gente culta e bem vestida que não está nem aí para os estigmas habitualmente associados a ela. Chega de preconceito. A ladroagem será ressignificada como sustentabilidade.
Note como o clima vai melhorar com esse ajuste sutil. Sempre que lhe chegarem notícias e imagens do bando em ação, você encontrará nas manchetes o avanço da sustentabilidade. Economistas conceituados, empresários modernos e personalidades famosas nunca mais precisarão se envergonhar da sua complacência com a ladroagem. Passarão a ser simplesmente seres humanos sustentáveis (ou sustentados, dependendo da situação). É ou não é uma vitória da democracia?
Mas atenção: nada disso terá efeito se não for ressignificada a cara de pau. Frequentemente essa expressão agressiva e rancorosa vem azedar os momentos triunfantes da sustentabilidade na aurora boreal. Basta. Sob as prerrogativas do novo marco linguístico, “cara de pau” está ressignificada como “coração valente”.
Quem insistir nos significados velhos será ressignificado como propagador de ódio. Ande na linha, atualize o seu linguajar e garanta seu lugar no bonde do amor.
Leia também “Arca Bolso”
A resignificação moral está destruindo pessoas, famílias, empresas, cidades, instituições, estados, países !
Nem o diabo escapou da resignificação !
Só DEUS !
Ele assiste aos seus fiéis !
Grande aula !
Parabéns Fiuza
Fiuza não é desse mundo. Simplismente sensacional
Como sempre o Fiuza manuseia a ferramenta “Língua Portuguesa” com maestria, usa e abusa da figura de linguagem como poucos e expõe a veia de literato.
Impecável. Meus mais sinceros parabéns! 👏🏾👏🏾👏🏾
Brilhante! Quase morri de tanto rir!
Muito, muito bom. Você é genial!
Fiuza, admiro-o como um escriba muito competente. Infelizmente não o temos no Oeste Sem Filtro. Mas tudo bem, continuamos caçando seus escritos e devorando-os salutarmente. Saúde sempre para você.
Guilherme Fiuza, seu texto é magnífico, só pode ter sido escrito por um cérebro privilegiado como o seu, é por isso que a vista OESTE é a revista mais lida no Brasil.
Muito bom Fiúza, mas gostava mais quando dizias, “Lula é Ladrão.”
Sensacional!
Concordo plenamente, de agora em diante vivemos em um mundo colorido onde o amor nos governa, estamos no paraíso. Ainda bem que acordamos para a colorida felicidade, vamos comemorar…sqn!
Comecei a ler a edição de Oeste pelo Fiúza: sensacional!
Como sempre textos geniais. A leitura desse texto faz a nossa imaginação passar por diversos personagens. Ladroagem/sustentabilidade/sustentados. Fantástico
Fiúza, vc é genial! Seus textos são pérolas, iguarias innigualaveis, que devem ser degustadas avidamente!
Excelente texto. O autor é genial. Sabe, como ninguém,ser sarcástico.
Parabéns! Estava com saudade de seus textos.
É Fiuza eles vivem da semântica não é de hoje, República Democrática do Congo. O socialismo não é social, o popular não é popular e sim populista, a democracia é tirania. Como meia-dúzia pode fazer o que quiser com 220 milhões
Craque!!!
Fiuza, você é um gozador! Sensacional!
Maravilhoso!
É preciso ressignificar “idiotice”
Porque um povo que elege uma turba dessas, precisa ser ressignificado. Será povo mesmo?
Ou idiotas com outro significado????
. Outro ponto .
Tudo bem…. entendi.
E como repensar o pensamento pensado?
Como resignificar o pensar?
…
Obrigado Fiuza!
Compartilhando….