Durante a viagem a Nova York, no começo de setembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou para pedir aos investidores estrangeiros um voto de confiança em seu governo.
“O Brasil não oferece riscos, oferece oportunidades. Vale a pena investir lá”, disse Lula em uma reunião com executivos do mercado financeiro norte-americano.
Evidentemente, as palavras do presidente não foram suficientes para acabar com o receio dos investidores internacionais em investir no Brasil. Segundo dados divulgados pelo Banco Central, os Investimentos Diretos no País (IDP) encerraram o mês de agosto em US$ 4,3 bilhões, 57% abaixo do registrado no mesmo mês do ano passado. Foi o pior resultado para o mês de agosto desde 2020, quando a entrada havia sido de US$ 2 bilhões.
Os investimentos estrangeiros estão em queda ao longo de todo 2023. Nos primeiros oito meses do ano, a entrada de recursos externos no país chegou a quase US$ 38 bilhões, uma queda de 36% em relação ao mesmo período do ano passado, quando havia somado US$ 59 bilhões.
O Banco Central ainda está moderadamente otimista, projetando para este ano a entrada de US$ 75 bilhões em investimentos estrangeiros. Mas isso significaria praticamente dobrar em quatro meses o montante que já ingressou nos primeiros oito meses.
Banco Central alerta: meta vai ser descumprida
O Banco Central foi o portador de más notícias para a economia brasileira nesta semana. Segundo o Relatório Trimestral de Inflação do BC, há 67% de possibilidade de o IPCA superar o teto da meta neste ano. A meta de inflação para 2023 é de 3,25%, com uma tolerância de 1,5% para mais ou para menos. Para 2024, a probabilidade de estouro aumentou de 21% para 24%.
Segundo o BC, a inflação dos últimos meses foi maior do que o esperado por causa da base de cálculo mais baixa em 2022, quando os preços foram impactados por desonerações tributárias.
Lula encontra Campos Neto
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, encontraram-se na última quarta-feira pela primeira vez desde que o petista inaugurou seu terceiro mandato.
A reunião ocorreu no Palácio do Planalto e foi projetada para “pacificar os ânimos” entre os dois, depois de meses de atrito e insultos — vindos do presidente da República.
Quem intermediou o encontro foi Fernando Haddad, ministro da Fazenda, que também participou da conversa e a considerou muito “produtiva e cordial”.
A partir de agora, os dois terão reuniões periódicas a cada 45 dias.
Campos Neto tomou um chá de cadeira de uma hora, enquanto Lula recebia Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul.
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Embraer em alta
A Embraer está aumentando sua presença nos mercados internacionais. Nesta semana, a fabricante de aviões assinou um memorando de entendimento com a SIA Engineering Corporation para ampliar os serviços de manutenção, reparo e revisão nas Filipinas.
O objetivo é aumentar o suporte à crescente frota de jatos E2 na Ásia. Segundo a Embraer, os 1,7 mil E-Jets já entregues são operados em mais de 80 companhias aéreas, em 50 países de todo o mundo.
No âmbito militar, mais um país da Europa pode fechar um contrato com a Embraer para o fornecimento do cargueiro de última geração desenvolvido pela empresa, o KC-390.
Segundo José Múcio, ministro da Defesa, a Suécia também está de olho em três ou quatro unidades da aeronave, que já equipa forças militares da Áustria, Holanda e Hungria.
Como contrapartida, a Suécia pode fornecer mais caças Gripen ao Brasil, adicionando mais aviões ao contrato assinado em 2015.
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Petrobras em baixa
Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia, declarou que a estatal deverá não apenas parar de vender ativos não estratégicos, mas reverter o processo de privatização de ativos vendidos para a iniciativa privada.
Silveira salientou que a Petrobras deverá comprar as refinarias que foram privatizadas. A estatal começou a vendê-las como parte de um acordo assinado em 2019 com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), o órgão de defesa da concorrência. Naquele momento, o Cade estava investigando a Petrobras por suposto abuso de posição dominante da Petrobras no setor de refino.
A precedente gestão da Petrobras tinha como objetivo vender oito plantas, que representavam 50% da capacidade total de refino, com um processamento diário de 1,1 milhão de barris de petróleo.
Entretanto, apenas quatro refinarias foram vendidas: Landulpho Alves (Mataripe); Isaac Sabbá (Reman); Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor); e Unidade de Industrialização do Xisto (SIX).
Hoje, a Petrobras ainda controla a maioria absoluta do mercado de derivativos do petróleo, e essa posição dominante é considerada pelos operadores privados como prejudicial para a concorrência.
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BYD registra recordes de vendas
A produtora chinesa de carros elétricos BYD registrou recorde de vendas de veículos em um único dia no Brasil. No último sábado, 23, foram vendidas 603 unidades em todo o país. Um crescimento de quase 100% comparado com o recorde anterior, de 309 carros, em 15 de julho.
Todas as outras montadoras de carros elétricos emplacaram 511 carros no mês inteiro de agosto. Isso significa que, em apenas um dia, a BYD vendeu mais carros do que todos os concorrentes juntos em todo o mês de agosto.
O BYD Dolphin liderou as vendas, com 226 unidades, seguido pelo Song Plus DM-i, com 208, e pelo BYD Seal, com 122 unidades.
A empresa apresentou nesta semana duas novas versões do Dolphin: o Plus e o Diamond, por menos de R$ 180 mil e R$ 150 mil, respectivamente.
“Vamos competir com os SUV convencionais, que até o momento estão dominando as vendas no Brasil. Seremos muito competitivos”, declarou Alexandre Baldy, Chairman da BYD no país.
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Os brasileiros ensinam a operar drone em Israel
Quem disse que o Brasil só exporta commodities? No caso, o país também exporta tecnologia de drones de alta complexidade para entregas de produtos. E ensina como operar esses aparelhos até mesmo para o país mais tecnológico do mundo: Israel.
A Speedbird Aero, empresa de logística por drones com sede em Franca (SP), está ensinando os israelenses a operar aparelhos voadores não tripulados. A empresa é a única companhia estrangeira a participar do Programa Nacional de Entregas de Drone, criado para integrar drones no espaço aéreo israelense.
Entre as empresas que participam do programa estão a Unilever e a Rami Levy, uma das principais redes de supermercados de Israel. Além disso, a Speedbird Aero opera em uma série de outros países, como o Reino Unido, onde trabalha com a entrega de correspondência do Royal Mail, o correio britânico. Ou transportando combustível para navios no Porto de Cingapura, o maior do mundo.
A Speedbird Aero acaba de captar R$ 10 milhões em investimentos, em uma rodada conduzida pela MSW Capital, gestora do fundo MSW MultiCorp2, que conta entre os investidores com Embraer, BB Seguros, Baterias Moura e AgeRio.
Confira a entrevista exclusiva com Manoel Coelho, cofundador e CEO da Speedbird Aero.
Como surgiu a ideia de criar uma startup de drones?
Aprendemos no mercado internacional. Meu sócio, Samuel Salomão, era head de software de uma grande empresa de telemedicina, e eu era chefe do departamento de receitas de uma grande empresa nos Estados Unidos. Ambos éramos acostumados a trabalhar com tecnologias disruptivas, que nunca existiram. Em 2013, tivemos a ideia do negócio quando começaram a falar de drones lá fora. Por exemplo, havia uma startup que operava na África, a Zipline, que transportava sangue congelado. A Amazon também estava crescendo muito. Aí pensamos em fazer algo parecido no Brasil. Só que na África pode tudo, voa qualquer coisa. No Brasil não se pode voar de qualquer maneira. Existe a Anac, uma das maiores agências do mundo de regulamentação do setor aéreo. E tem a Embraer. Fomos falar com a Anac e ver o que ela estava fazendo no caso da regulamentação de veículos não tripulados. Em 2019, fomos os primeiros a investir na certificação de drones. Fizemos muitos testes no estado norte-americano do Arizona, onde morávamos. E depois viemos ao Brasil.
Qual é a diferença entre o Brasil e os Estados Unidos?
No Brasil temos muitas coisas boas, mas também temos muitos problemas. Trânsito, gargalos, infraestrutura carente. O Rio de Janeiro, Cidade Maravilhosa, tem o pior trânsito do mundo. Pensamos que por aqui poderíamos contribuir. E receber apoio também. Ganhamos gradativamente o apoio de muitas empresas. Conseguimos construir uma pequena fábrica em Franca. Começamos a operar diariamente em vários setores do Brasil, acumulando horas de voo em áreas urbanas. Agora temos entregas até o cliente final todos os dias. Outra diferença é o modelo de negócios. Wall Mart e Amazon são considerados os gigantes vanguardistas da entrega via drone. Só que eles fazem cem entregas por ano. Com drones que voam no máximo 1 milha e com contato visual. Não tem nenhuma viabilidade econômica. A gente faz cem entregas por dia com drones completamente automatizados. Voamos em plenos centros urbanos e, só em Salvador, temos uma malha aérea de 42 quilômetros. A maior do mundo. Eles estão gastando bilhões sem ganhar nada. Não têm sequer autorização da agência reguladora de voos dos Estados Unidos. A gente está no caminho oposto.
Qual é a vantagem de entregar produtos via drones?
Primeiro ponto: não estamos levando comida para o cliente final. Não vamos bater na janela dele. A comida chega com o motoboy. Nós cortamos 90% do percurso do motoboy. Ajudamos no escoamento, reduzindo acidentes, emissões de carbono e custos de transporte. Nossos drones saem de helipontos e aeródromos e chegam a essas infraestruturas. Estamos desenvolvendo um sistema de controle de tráfego aéreo que se integrará ao sistema atual do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea). Neste momento podemos dizer, sem falsa modéstia, que no segmento de drones o Brasil está muito mais avançado do que países desenvolvidos. Podemos exportar muito mais essa tecnologia.
A Embraer está prestes a lançar seu “carro voador”, e vocês assinaram parcerias com a fabricante de aeronaves. Qual é o futuro desse segmento?
Em dois anos a Embraer vai colocar o “carro voador” para rodar. Hoje, a subsidiária criada para isso, a Eve, está valendo mais do que a própria Embraer. É um percurso irreversível. O mundo está mudando. Trabalhamos muito com a Embraer. Compartilhamos muitos programas, muitas informações. Estamos operando no dia a dia das cidades. Também assinamos um acordo importante com a Thales, líder global de alta tecnologia, para criar sistemas avançados de controle de tráfego aéreo de drones. Essa será nossa base para impulsionar uma nova etapa nos serviços de delivery no Brasil.
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Um cara como o Roberto Campos Neto, ter que levar chá de cadeira de 1 hora para falar com um chefe de quadrilha. Que situação!
Por quê o Brasil não divulga as coisas boas como essa?
Obrigado Carlos Cauti por esta entrevista.
Meu grande receio com os drones para entrega sempre foi o tráfego aéreo e você esclareceu que isto é possível ser controlado.
Saber que o Brasil está na ponta para este sistema de entregas só nos deixa orgulhosos.
Têm sido excelentes as participações/análises de Carlo Cauti no Oeste Sem Filtro! Não o conhecia! Grata revelação!
Campos Neto tomou chá de cadeira por 1h antes de ser recebido!
Nojenta demonstração de poder! E de falta de educação! Ridículo! E alguns o tratam como estadista!🤣🤣🤣🤣🤣
O líder da seita fez questão desse atrasar por dois minutos em encontro com a Rainha Elizabeth!
É de virar o estômago 🤢🤮🤢🤮🤢🤮🤢🤮🤮