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Manifestantes pró-Palestina, em meio à guerra em curso entre Israel e o grupo terrorista islâmico palestino Hamas, em Londres, na Inglaterra (14/10/2023) | Foto: Reuters/Susannah Ireland
Edição 188

A esquerda islâmica é uma ameaça contra os judeus e a decência

Esse pacto suicida entre esquerdistas desesperados e religiosos radicais que os enforcariam se tivessem uma oportunidade chegou a um nível indescritivelmente baixo

Brendan O'Neill, da Spiked
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Quanto mais se pensa nisso, pior fica. No aniversário de duas semanas do pior massacre de judeus desde o Holocausto, milhares de pessoas se reuniram em Londres para gritar o slogan dos assassinos. Apenas 15 dias depois de 1,4 mil homens, mulheres e crianças terem sido massacrados pelo crime de serem judeus em Israel, as pessoas se reuniram no centro de Londres para dar voz a um dos lemas dos homens responsáveis por esse massacre. “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, gritaram os manifestantes em Londres. É um brado no mínimo controverso, que o Hamas adora.

Vamos pensar nisso. O mundo assistiu ao mais sangrento ataque contra os judeus em 80 anos e, em seguida, o centro de Londres ecoou o gritos que os próprios responsáveis por esse ataque usaram. Enquanto isso, a Praça de Trafalgar tremeu com gritos de “Allahu Akbar”, que foram as últimas palavras que alguns desses judeus do sul de Israel ouviram antes de serem mortos ou queimados vivos. Uma multidão de membros do Hizb ut-Tahrir realizou uma manifestação de apoio, na qual os “exércitos muçulmanos” foram chamados a invadir o Estado judeu. “Qual é a ‘solução’ para o problema de Israel?”, perguntou um manifestante. “Jihad! Jihad!”, veio a resposta assustadora.

Vista aérea mostra membros da mídia durante uma visita ao kibutz Kfar Aza, após um ataque mortal do Hamas na Faixa de Gaza (15/10/2023) | Foto: Reuters/Ilan Rosenberg

Vale repetir: duas semanas depois de um autoproclamado “exército muçulmano” invadir o sul de Israel para uma “jihad” contra os judeus, havia pessoas em Londres que pediam mais exércitos muçulmanos, mais jihad. Pior ainda, tanto o governo quanto a esquerda fizeram vista grossa para esses gritos cruéis de mais punição para a nação que acabou de perder mais de mil pessoas para as bombas, armas e facas do Hamas. A polícia metropolitana local chegou a fazer uma espécie de justificativa teológica para os apelos de Hizb ut-Tahrir a uma guerra santa contra Israel. O uso do termo “jihad” não era um problema, disseram eles, essencialmente.

“A palavra ‘jihad‘ tem vários significados.” Foi tuitada para nós, londrinos idiotas horrorizados por uma multidão que exaltava uma jihad contra o Estado judeu. “Sabemos que o público costuma associar o termo ao terrorismo”, disse a declaração, esbanjando paternalismo, mas “nossos agentes especializados em contraterrorismo” têm “conhecimentos especiais nessa área” e não “identificaram quaisquer crimes específicos decorrentes do chamado à jihad”. Sim, tenho a certeza de que o Hizb ut-Tahrir — um culto tão extremista que foi proibido na Alemanha, na Arábia Saudita e no Paquistão, e que se referiu à invasão do sul de Israel pelo Hamas como “um dia de boas notícias” — estava usando a palavra “jihad” no sentido pacífico. Talvez o apelo para que os exércitos muçulmanos declarassem uma guerra santa contra Israel quisesse dizer “fazer negociações de paz”.

O comportamento da polícia foi de fato covarde. Quando li seu perfil no Twitter, pareceu que eu tinha sido transportado para alguma distopia houellebecqiana em que o Estado segue as ordens do Islã radical. Quando pessoas na multidão se queixaram das bandeiras islâmicas pretas e da possibilidade de isso ser uma ameaça contra os judeus de Londres, a polícia insistiu delicadamente para que todos se acalmassem porque as bandeiras “não eram do Isis”. Sobre os gritos para que os “exércitos muçulmanos” se levantassem, a polícia metropolitana coçou o queixo e declarou que existem “diferentes interpretações” para uma frase como essa. Não existem. Um muçulmano é um seguidor da religião do Islã, e um exército é uma força militar organizada e equipada para lutar em terra. A arrogância da força policial em afirmar aos judeus de Londres, em especial, que eles precisam parar de se estressar por causa de algumas bandeiras pretas e de alguns pedidos por uma jihad é surpreendente. Nunca me senti tão tentado a usar a palavra “sujeira” para a polícia.

Policiais entram em confronto com manifestantes que protestavam em prol dos palestinos, em Londres, na Inglaterra (14/10/2023) | Foto: Reuters/Toby Melville

As forças policiais da Inglaterra vão bater em sua porta e fazer um discurso enorme se você disser que mulheres não têm pênis. Eles prendem mulheres críticas de gênero que cometem o crime blasfemo de “errar o gênero”. E, no entanto, não veem problema quando as massas pedem uma jihad contra a única nação judaica do mundo. A polícia fica feliz em chamar um estuprador que tem um pênis de “ela”, mas nega veementemente que o chamado para que um exército muçulmano invada Israel seja de fato um apelo para que um exército muçulmano invada Israel. Nossa polícia foi completamente contaminada pela ideologia. São todos policiais corruptos — corrompidos pela ideologia woke

Manifestantes pró-Palestina protestam perto da embaixada israelense em Londres, na Inglaterra (9/10/2023) | Foto: Reuters/Toby Melville

Também temos a questão da esquerda e dos outros manifestantes. O fato de os esquerdistas estarem felizes em protestar lado a lado com os islamistas radicais nessa orgia de ódio fervoroso contra um Estado que acabou de sofrer o pior ato de terrorismo racista dos tempos modernos diz tudo o que você precisa saber sobre isso. “O sionista mente mais do que respira”, lia-se em um cartaz. Houve caricaturas antissemitas de Netanyahu. Uma bandeira manchada de sangue expressou pesar pelo fato de o mundo árabe ter aceitado os judeus como refugiados depois de “vocês terem sido expulsos de todos os países da Europa”.

Outros manifestantes levantaram cartazes comparando Israel aos nazistas. “O sionismo é o novo nazismo”, dizia um deles. Outro mostrou o rosto de Hitler se transformando no de Benjamin Netanyahu. Isso é provocar os judeus. O objetivo não é apenas denunciar Israel da forma mais hiperbólica que se possa imaginar. É também colocar o judeu frente a frente com seu próprio sofrimento histórico; ridicularizá-lo com lembranças do massacre industrializado de sua raça; difamá-lo como herdeiro do mal desencadeado contra seu próprio povo. Qualquer esquerdista que não faz nada enquanto judeus modernos são comparados aos nazistas perdeu qualquer direito ao manto do antirracismo. Ou, aliás, que fica ao lado de uma mulher de máscara segurando um cartaz que diz “Por favor, cuidem da limpeza do mundo” ao lado da imagem de alguém jogando a Estrela de Davi no lixo, como também aconteceu em Londres alguns dias atrás.

Uma esquerda que levasse a sério suas tradições iluministas estaria em peso nas ruas apoiando a destruição do Hamas — esse movimento socialmente retrógrado, apocalíptico e violento que está empenhado em matar judeus

Podemos ver a ameaça que a esquerda islamista se tornou contra o povo judeu e a decência cotidiana. O islamo-gauchisme, como dizem os franceses, é aquela parte da esquerda que está disposta a fazer vista grossa para o caráter retrógrado, reacionário, misógino, antissemita e anti-humano do islamismo radical, na crença de que esse fundamentalismo pode, às vezes, ter um papel “anti-imperialista” importante. Ou seja, eles podem ser desagradáveis, mas, de vez em quando, podem ser uma espécie de cavalo de batalha contra os próprios governos, os próprios governantes. Como Chris Harman, político veterano da esquerda britânica, disse em seu livro louco The Prophet and the Proletariat (1999), os islamistas não são “nossos aliados”, mas seu “sentimento de revolta” pode, às vezes, ser “acionado para fins progressistas”.

Manifestantes protestam em solidariedade aos palestinos, em Londres, na Inglaterra (14/10/2023) | Foto: Reuters/Toby Melville

Esse pacto suicida entre esquerdistas desesperados e religiosos radicais que os enforcariam se tivessem uma oportunidade chegou a um nível indescritivelmente baixo. Um “dia de celebração” foi como um dos editores da Novara Media descreveu a invasão de Israel pelo Hamas. “Comemorem”, disse o jornal do Partido Socialista dos Trabalhadores britânico. As ações do Hamas foram “encorajadoras”, disse um professor radical da Universidade Cornell. E não vamos esquecer a apologia tática de protestar lado a lado com extremistas que entoam “Allahu Akbar” e pedem uma “guerra santa” contra Israel. Isso também revela o quanto a esquerda se acomodou no festival de reações letais que o Islã radical representa.

“Mas Israel está bombardeando Gaza, você realmente acha que vamos protestar contra o Hamas?”, vão perguntar os esquerdistas. Sim. É exatamente isso que espero que vocês façam. Uma esquerda que levasse a sério suas tradições iluministas estaria em peso nas ruas apoiando a destruição do Hamas — esse movimento socialmente retrógrado, apocalíptico e violento que está empenhado em matar judeus. Que é racista ao extremo. Que deu início à guerra atual. E que fica feliz em sacrificar tanto vidas palestinas quanto de judeus israelenses — o Hamas sabia muito bem que os moradores de Gaza iam morrer quando invadiram Israel e assassinaram centenas de seus habitantes. A oposição ao Hamas deve ser primordial para quem acredita no secularismo, na liberdade e na paz, tanto para Israel como para a Palestina.

A esquerda islamista ocidental está desempenhando o papel exato que lhe foi atribuído pelo Hamas, que apostou em levar as elites culturais do Ocidente para as ruas, em uma onda de ódio existencial por Israel, e ganhou a aposta. O que são alguns milhares de vidas israelenses e palestinas em comparação com o brilhante golpe de relações públicas de levar influenciadores e atores do Ocidente para as ruas ao lado dos islamistas para exigir mais punição para Israel? Nossas classes burras e falantes não têm ideia do papel que desempenham na guerra vaidosa e louca do Hamas contra Israel.

A questão é: se você está fazendo um protesto contra o “genocídio” de Israel em Gaza, mas não condenou o terrorismo genuinamente genocida do Hamas contra os judeus do sul de Israel, é possível que você seja antissemita. Se você se manifesta lado a lado com islamistas que chamaram o massacre de judeus israelenses pelo Hamas de um “dia de boas notícias”, é possível que você esteja alinhado com o ódio racial. Se você pede um “cessar-fogo agora”, mas não pede a “libertação de reféns”, é possível que você esteja mostrando ao mundo que valoriza a vida de judeus menos do que outras vidas. A solidariedade aos judeus é a prioridade de todos os verdadeiros progressistas neste momento, especialmente depois da confirmação de que o Estado, as instituições e a esquerda abandonaram os judeus em favor do abraço mortal do “sentimento de revolta” do Islã radical.

Manifestantes pró-Palestina protestam perto da embaixada israelense em Londres, na Inglaterra (9/10/2023) | Foto: Reuters/Toby Melville

Brendan O’Neill é repórter-chefe de política da Spiked e apresentador do podcast da Spiked, The Brendan O’Neill Show. Seu novo livro, A Heretic’s Manifesto: Essays on the Unsayable, já está à venda. Ele está no Instagram: @burntoakboy.

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6 comentários
  1. Antonio C. Lameira
    Antonio C. Lameira

    Tenho pelos Judeus grande admiração, acompanho a sua via crucis que passou na Alemanha Nazista, assisto nos documentários o sofrimento que este povo sofreu na mão dos Nazistas, e até hoje a sociedade politicamente informada, cospe essa blasfêmia a Israel. Bando de Loucos! vivem num País de Democracia plena, não tem parentes na faixa de Gaza, que por certo seriam eliminados, ai sim! seria válido sua simpatia pelo Hamas empunhando a Bandeira da Palestina.

  2. Idílio Mariani Júnior
    Idílio Mariani Júnior

    Vi uma análise recentemente comparando o índice de fertilidade (natalidade) de nossa cultura ao islâmico. Nossa cultura tem um índice de 1,3 a 1,4 enquanto o islâmico 8. Ou seja, o islamismo nessa toada dominará o mundo e sub julgará a cultura ocidental. A Europa já vive essa realidade em especial a França. Lembrando que o radicalismo de uma minoria, pois não são todos é algo assustador! Basta ver o nível de atrocidades cometidos recentemente contra mulheres, idosos e bebes.

  3. Candido Andre Sampaio Toledo Cabral
    Candido Andre Sampaio Toledo Cabral

    A Inglaterra aparenta está infestada de gente desse tipo. Dia desse vi uma postagem no instagram do Manchester United, sobre a guerra, e só se via bandeira da Palestina nos comentários.

  4. Luiz Pereira De Castro Junior
    Luiz Pereira De Castro Junior

    Ótimo artigo !

  5. Emilio Sani
    Emilio Sani

    que saudades da Rainha, creio que o nível não teria descido tanto com ela viva, mas sobrou o rei ‘socialista’ que é capaz até de concordar com as manifestações

  6. Teresa Guzzo
    Teresa Guzzo

    Obrigada Brendan pelo minucioso artigo mostrando os movimentos europeus em favor do terrorismo e da guerra santa contra Israel. A Inglaterra com suas manifestações contra Israel está brincando com grupos extremistas que estão já em seus quintais.O terror é imprevisível e não obedece regras,me admira muito um país aliado que lutou de maneira tão digna contra os nazistas na segunda guerra mundial ,fechar os olhos para o terror. A polícia Inglesa não conseguirá defendê-los, caso os ataques aconteçam.

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