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Cigarro eletrônico | Foto: Shutterstock
Edição 196

A batalha do cigarro eletrônico

A balança comercial bate novo recorde graças ao agronegócio, mas a preocupação com o PIB de 2024 é cada vez maior

Carlo Cauti
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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) abriu na última semana uma consulta pública sobre a liberação de cigarros eletrônicos no Brasil, proibidos desde 2009. 

Nos próximos 60 dias, qualquer pessoa poderá participar do debate sobre a possível liberação da venda de cigarros eletrônicos no país. Em julho de 2022, a diretoria da Anvisa tinha decidido por unanimidade manter a proibição. Mas a discussão continuou.

Para a Philip Morris, uma das maiores produtoras de tabaco do mundo, o debate é fundamental, e por isso a empresa lançou a campanha “Eu quero escolher”, que convida o público a contribuir com a consulta. 

Para Rafael Bastos, gerente sênior de assuntos corporativos da Philip Morris Brasil, “o brasileiro deve ter direito ao acesso a alternativas sem fumaça, como o cigarro eletrônico”. 

Cigarro eletrônico | Foto: Shutterstock

Em entrevista exclusiva a Oeste, Bastos diz que a proibição é apenas “para inglês ver”, já que os cigarros eletrônicos são facilmente encontrados em lojas em todo o Brasil, importados ilegalmente de outros países, com sonegação de impostos e sem que se saiba quais substâncias estão dentro do líquido. 

“Com essa proibição estamos colocando em risco a saúde de quem usa cigarro eletrônico. O governo perde receita, e a proibição, de fato, não é respeitada”, diz Bastos. “Em um momento em que o governo está buscando novas fontes de arrecadação, não faz mais sentido não cobrar impostos de cigarros eletrônicos. Mas, para isso, precisaria regulamentar.”

Confira os principais trechos da entrevista com Rafael Bastos, gerente da Philip Morris Brasil.

Por que essa consulta pública é importante?

É fundamental fornecer um pouco mais de informação para a população em geral. Escutar a sociedade, receber informações, é tudo importantíssimo para que a Anvisa regulamente de forma coerente esses produtos. 

Desde 2009 o cigarro eletrônico é proibido no Brasil, mas em qualquer esquina é possível ver pessoas usando esse produto. O que vocês acham disso?

De fato, a proibição não se mostrou eficaz. O brasileiro já decidiu que vai consumir esse produto. Pesquisas mostram que 2,2 milhões de brasileiros já o utilizam. E 20% dos jovens entre 14 e 25 anos já experimentaram. O consumo quadruplicou de 2018 a 2022. A Anvisa não consegue fazer nada contra isso. Não faz mais sentido manter algo que, de fato, nunca foi aplicado. Os produtos são vendidos livremente no Brasil sem que ninguém saiba o que têm dentro, pois não passam por nenhum controle de qualidade. Não sabemos se os líquidos fazem mal ou bem. Sem contar a sonegação tributária de, no mínimo, R$ 4 bilhões por ano. E, muitas vezes, o financiamento que isso representa para organizações criminosas que realizam esse contrabando. 

Cigarros eletrônicos | Foto: Shutterstock
O que vocês acham que deveria ser feito? Liberar geral?

Não. É preciso regulamentar esse produto. Podemos criar uma regra apropriada, adequada, na base do histórico da própria Anvisa com a regulamentação do cigarro. A Anvisa tinha iniciado em 2018 esse processo para revisar a regulamentação. Depois houve a pandemia, e tudo ficou congelado. Agora a Anvisa voltou a se debruçar sobre o tema.

O que mudou desde a proibição? Por que agora deveria ser diferente?

Em 2009 existiam elementos suficientes para a Anvisa proibir esse produto. Mas agora, passados 12 anos, já existe uma regulamentação, uma maturidade regulatória internacional. Nossa empresa, uma multinacional, não vai vender um produto sem regulamentação. Esperamos ter regras para buscar um registro e, somente então, poder comercializar o cigarro eletrônico. 

O cigarro eletrônico é melhor do que o cigarro tradicional?

Sim. Hoje, 25 milhões de fumantes brasileiros consomem nicotina da pior forma possível. O cigarro é a pior forma de inalação de nicotina. O fumante fuma por causa dela, mas adoece pela inalação de outras substâncias. O cigarro eletrônico é uma alternativa que provoca menos danos do que um cigarro tradicional.

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Pibinho à vista

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil já está dando sinais de arrefecimento. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), indicador considerado uma prévia do desempenho do PIB, caiu 0,06% em outubro. Em setembro, o índice também tinha registrado queda, de 0,42%. Mesmo assim, com os dados divulgados nesta quinta, 21, o IBC-Br acumula alta de 2,36% no ano e de 2,19% em 12 meses. Mas a preocupação é com o PIB de 2024, já que os últimos meses do ano anterior são fundamentais.

Mercado salários agro inflação
Foto: Shutterstock
Balança comercial é recorde (e o agro salva mais uma vez)

O superávit da balança comercial brasileira apresentou mais um recorde. De janeiro a novembro o Brasil registrou um superávit no comércio com o exterior de US$ 89,5 bilhões, o maior já registrado na série histórica anual.

Os dados foram divulgados pelo relatório do Indicador de Comércio Exterior (Icomex) da Fundação Getulio Vargas (FGV). No penúltimo mês do ano, o saldo entre exportações e importações foi positivo em US$ 8,8 bilhões. 

O agro continua sendo o grande vetor de crescimento do Brasil, especialmente no comércio internacional. O volume exportado da agropecuária no ano aumentou 25% na comparação com 2022, seguido pela alta do volume das exportações da indústria extrativa (18,8%). Um resultado ainda mais importante, pois ocorre em meio a um quadro de queda de preços. 

O Brasil elevou seu superávit com a China e a Argentina e reduziu o déficit comercial com os Estados Unidos.

As notícias negativas ficaram, mais uma vez, com a indústria de transformação, que manteve a tendência de queda de participação nas exportações totais, passando de 55,6% para 53,1%.

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meirelles
Henrique Meirelles, ex-ministro da Economia e ex-presidente do Banco Central | Foto: José Cruz/Agência Brasil
Assim falou Meirelles

O ex-ministro da Economia e ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles tem uma ideia muito clara de quanto será a alíquota do Imposto sobre Valor Agregado (IVA), criado com a reforma tributária. 

Discursando em São Paulo durante um evento do Grupo de Líderes Empresariais (Lide) sobre a Reforma Tributária, o ex-ministro previu que o texto final deve levar para uma alíquota entre 26% e 27%. 

Meirelles elogiou a reforma, prevendo “grandes ganhos com a simplificação”. Considerou que o texto final “corrigiu boa parte” das exceções introduzidas pelo Senado, e ressaltou que o período de transição estabelecido na reforma deverá resolver “boa parte dos problemas” dos Estados produtivos na mudança de tributação sobre consumo, que passará da origem para o destino.

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BYD dobra a meta

A fabricante chinesa de carros elétricos BYD anunciou que vai criar 10 mil vagas de trabalho na fábrica de Camaçari, na Bahia, entre empregos diretos e indiretos. O número é o dobro da previsão inicial. A empresa confirmou o investimento de R$ 3 bilhões na planta, que passará a produzir carros elétricos no próximo ano.

A chinesa já é líder de vendas de carros elétricos no Brasil, com 50% do total de participação do mercado e 6.657 unidades vendidas. O BYD Dolphin, carro-chefe da montadora, se tornou o veículo elétrico mais premiado de 2023. 

Na última semana, a chinesa inaugurou em Campinas (SP) o primeiro laboratório da América Latina que vai estudar todo o ciclo para a produção de módulos fotovoltaicos. 

Carro chinês BYD | Foto: Divulgação
Carro chinês elétrico da BYD | Foto: Divulgação
Carros elétricos começam a se desvalorizar

As vendas de carros elétricos no Brasil estão aumentando, mas a desvalorização desses modelos começa a representar uma dor de cabeça para seus donos. 

Segundo a consultoria automotiva Kelley Blue Book (KBB), o carro que mais perdeu valor foi o SUV BMW i3, que se desvalorizou 37,1%. 

A entrada no mercado de novas empresas do segmento, como as chinesas BYD e GWM, acabou favorecendo a queda dos preços. Agora é possível encontrar carros elétricos por R$ 120 mil.

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voos
Foto: Divulgação/Azul Linhas Aéreas
Passagens baratas só para inglês ver

As três maiores companhias aéreas do Brasil — Azul, Gol e a Latam — vão ofertar 25 milhões de passagens entre R$ 699 e R$ 799 a partir de 2024.

A medida não integra o programa “Voa Brasil”, que pretendia ter passagens por R$ 200, mas é parte do Programa de Universalização do Transporte Aéreo, do Ministério de Portos e Aeroportos. 

O objetivo do ministro Silvio Costa Filho é reduzir os preços de passagens aéreas e os custos de operações no país. 

Entretanto, os preços dos bilhetes aéreos ficaram acima da tarifa aérea real média em voos domésticos, divulgada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). No último levantamento da agência reguladora, em setembro de 2023, o preço médio chegou a R$ 748, o maior do ano. 

Ou seja, era para ser desconto. Vai ficar mais caro.

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Pix não para 

O uso do Pix não para de crescer no Brasil. Segundo o relatório Mercado de Pagamentos em Dados, realizado pelo Instituto Propague em parceria com o Economic Research da Stone, no final de setembro de 2023 o montante transacionado por meio do Pix atingiu a marca de R$ 1,54 trilhão. Uma alta de aproximadamente 51% em comparação a setembro de 2022.

A consolidação do Pix como o principal instrumento de transferência de valores entre pessoas e empresas está cada vez mais evidente. De setembro de 2022 a setembro de 2023, a participação do Pix atingiu 15,7% do volume total de transações no mercado, com um crescimento de 4,85 pontos porcentuais.

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Cesta de Natal mais leve

A cesta de Natal de 2023 será mais leve. Pelo menos para o bolso dos consumidores. 

Uma pesquisa realizada pela Associação Paulista de Supermercados (Apas) selecionou 65 produtos integrantes da cesta de Natal e concluiu que a alta dos preços será de apenas 1,2% neste ano. O melhor comportamento desde 2017, quando a cesta de Natal registrou uma deflação de 4,2%.

Entre as maiores quedas estão as proteínas animais, o leite e os derivados de leite, que apresentaram redução significativa de preços.

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apesar da crise
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Silver economy do Brasil

Os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram uma tendência clara: os consumidores estão cada vez mais idosos. 

A população brasileira com mais de 60 anos passou de 11,3% para 14,7% em 2022. Um potencial de consumo que as empresas estão de olho para explorar. 

E para esse público a confiança parece ser um elemento crucial para as escolhas de consumo: cerca de 50% afirmaram que “somente compram de marcas em que confiam”. Além disso, essa geração tem maior preferência pelo mundo físico para fazer compras, valoriza mais “amostras de produtos” como fator importante para a decisão de compra e é mais otimista com os gastos que os demais brasileiros.

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Pequenos negócios cada vez mais digitais

O comércio eletrônico já responde por mais de 40% do faturamento de microempreendedores individuais, microempresas e empresas de pequeno porte. 

Segundo uma pesquisa realizada pelo Sebrae, cerca de 70% das PME brasileiras usam ferramentas digitais para realizar vendas.

Os setores em que a digitalização ocorreu de forma mais intensa foram os de economia criativa, logística, artesanato e turismo, nos quais aproximadamente a metade do faturamento já provém dos canais online.

WhatsApp é a plataforma mais utilizada para fazer negócios, com 56% do total. Seguida pelo Instagram (43%) e Facebook (23%).

Leia também “Geraldo Alckmin joga a toalha”

2 comentários
  1. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    Perda de tempo, os caras querem liberar maconha. Deixa o cara comprar o eletrônico é fumo tecnológico

  2. Gabriel Almeida
    Gabriel Almeida

    Essas notas curtas são ótimas e ficaram ainda melhores com Carlo Cauti. Parabéna pelo trabalho!

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