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Javier Milei, presidente da Argentina, participa da sessão de abertura da 142ª legislatura, no Congresso Nacional, em Buenos Aires (1º/3/2024) | Foto: Reuters/Agustin Marcarian
Edição 207

Milei desafia os poderosos sindicatos da Argentina

Os adversários do presidente são sujeitos ricos que se beneficiaram da generosidade do governo

Zach Weissmueller
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Depois de promulgar reformas abrangentes na Argentina, o presidente Javier Milei enfrentou uma grande manifestação. Dezenas de milhares de pessoas marcharam pelas ruas, centenas de voos foram cancelados, e escolas e empresas fecharam em protesto contra a tentativa radical de Milei de consertar o problemático país sul-americano.

Milei é uma raridade; não existem muitos chefes de Estado autoproclamados libertários na história. Para evitar o desastre econômico em um país que enfrenta grandes déficits e uma taxa de inflação de 160% (e que já subiu para mais de 211%), ele disse ao país que as coisas provavelmente iam piorar antes de melhorar.

Apesar dos desafios econômicos e da oposição, Milei permanece firme em sua busca por uma Argentina mais livre, menos regulamentada e menos endividada

Em seu discurso de posse, em 10 de dezembro, Milei reconheceu os desafios iminentes: “Nenhum governo recebeu uma herança pior do que a que estamos recebendo… Não buscamos nem desejamos as difíceis decisões que devem ser tomadas nas próximas semanas. Mas, infelizmente, não temos escolha”.

Dez dias depois de assumir o cargo, Milei emitiu um “megadecreto” com mais de 300 medidas executivas. Ele aboliu o controle nacional dos aluguéis, que havia causado uma queda de 75% no número de apartamentos disponíveis em Buenos Aires em 2022 e 2023. Também revogou o controle de preços, cortou subsídios e demitiu mais de 5 mil funcionários públicos. O presidente argentino permitiu a concorrência direta com a companhia aérea estatal da Argentina, que planeja privatizar. E desafiou os poderosos sindicatos trabalhistas do país.

Manifestantes protestam em frente ao Congresso Nacional, durante uma greve nacional, em Buenos Aires, na Argentina (24/1/2024) | Foto: Reuters/Agustin Marcarian

Sua agenda transformadora enfrentou resistência, principalmente da maior central sindical da Argentina, a Confederação Geral do Trabalho, que representa cerca de um quinto da força de trabalho argentina. O sindicato convocou uma greve nacional em 24 de janeiro, paralisando parte de Buenos Aires.

A Argentina do futuro

A principal razão do protesto? Milei emitiu uma ordem que encerrava a retenção automática das contribuições sindicais, deixando os trabalhadores livres para optar por não se sindicalizarem. Ele também proibiu funcionários públicos de setores como saúde e educação de fazerem greve. Embora essas medidas tenham sido temporariamente suspensas por uma decisão judicial, os sindicatos estão fazendo uma demonstração de força para que a agenda de Milei não seja aprovada no Congresso Nacional.

Apesar dos desafios econômicos e da oposição, Milei permanece firme em sua busca por uma Argentina mais livre, menos regulamentada e menos endividada. Ao se dirigir aos líderes mundiais em Davos, na Suíça, no Fórum Econômico Mundial, em janeiro, ele declarou que a Argentina do futuro será baseada em princípios libertários.

“Se forem adotadas medidas que dificultem o livre funcionamento dos mercados, a livre concorrência, os sistemas de preços livres, se você impedir o comércio, se atacar a propriedade privada, o único destino possível é a pobreza”, disse Milei.

Apesar da oposição do sindicato, seus principais adversários políticos não são os trabalhadores argentinos. Na verdade, Milei está pedindo um aumento do bem-estar no curto prazo para amenizar o sofrimento da classe trabalhadora durante essa transição para um novo modelo econômico. Como disse o economista político argentino Marcos Falcone, os verdadeiros adversários do presidente são os argentinos ricos que se beneficiaram da generosidade do governo.

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Os parasitas que vivem do Estado

“Milei está indo contra o capitalismo de compadrio, porque basicamente está tentando acabar com os empresários que viveram do apoio do governo”, diz Falcone. “Precisamos avançar. E as pessoas precisam poder lucrar — e não apenas as empresas, por causa de regulamentações e privilégios.”

Em seu discurso na conferência de Davos, Milei encorajou os empresários a não se intimidarem “com a classe política ou com os parasitas que vivem do Estado”.

“Vocês são heróis. Vocês são os criadores do período de prosperidade mais extraordinário que já vimos”, continuou. “Não se rendam ao avanço do Estado. O Estado não é a solução. O Estado é o problema em si.” Milei enfrenta uma série de regulamentações para cortar e uma enorme resistência política na Argentina. Não será fácil fazer a transformação econômica urgentemente necessária de sua nação. Vamos ter que esperar para ver se ele escolheu a motosserra certa para enfrentar os desafios que estão por vir.

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8 comentários
  1. Candido Andre Sampaio Toledo Cabral
    Candido Andre Sampaio Toledo Cabral

    Assim como no Brasil, a Argentina também tem parasitas que vivem as custas do trabalho alheio. E ainda com a cara de pau de se dizerem Partido dos Trabalhadores, Sindicato do Trabalho, e firulas deste tipo.

  2. DONIZETE LOURENCO
    DONIZETE LOURENCO

    A política de compadrio e o sindicalismo da América Latina é um câncer.
    Lembro de 1982 quando João Figueiredo, último presidente do regime militar sancionou a lei de proteção da informática.
    Bilhões de cruzeiros do pagador de impostos foram transferidos para “empresários” que nunca construíram ou desenvolveram alguma coisa.
    A única “empresa” que surgiu deste programa foi a Cobra Sistemas, estatal que hoje além de cabide de empregos presta “serviços” o Banco do Brasil.
    Nunca tivemos e não temos uma indústria de TI a altura dos líderes mundiais deste segmento.
    Recentemente Lula, o descondenado, repassou milhões de reais do mesmo pagador de impostos para as montadoras milionárias para custeio de automóveis “populares”.
    A pergunta que nunca irá se calar. Qual é o operário de ganha até 5 salários mínimos tem poder de compra para adquirir um veículo de R$ 120.000,00?
    Na Argentina é ainda pior onde 60% da força de trabalho está no serviço público e 40% na iniciativa privada.
    Nenhum país consegue sobreviver com um quadro deficitário desta magnitude.

  3. José Luís da Silva Bastos
    José Luís da Silva Bastos

    Vdd,tem uma classe que só quer viver do estado,simples assim.

  4. José Luís da Silva Bastos
    José Luís da Silva Bastos

    Vdd,tem uma classe que só quer viver do estado,simples assim.

  5. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    O problema da Argentina não tem diferença do nosso, uma estrutura montada de ladrões comunistas terroristas genocidas há décadas

  6. Marcelo Gurgel
    Marcelo Gurgel

    Espero que o Brasil de amanhã tenha um Presidente como o da Argentina de hoje. Parabéns povo argentino pela escolha acertada.

  7. EDU C
    EDU C

    Como é bom ter presidente

    1. José Luís Carini Marques de almeida
      José Luís Carini Marques de almeida

      Se ele conseguir diminuir a força sindical Argentina ,terá êxito na sua governança,do contrário acontecerá o fracasso …

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