Nesta semana, o cidadão que paga seus impostos e nunca cometeu crimes teve de assistir a cenas que mostram como o Brasil está de ponta-cabeça: o ex-ministro José Dirceu, reincidente do sistema penitenciário, foi recebido com pompa e discursou na tribuna do Senado da República. Era ele mesmo, José Dirceu, o chefe da quadrilha do Mensalão, conforme o Supremo Tribunal Federal (STF) sentenciou na década passada.
O tema do evento foi a data dos 60 anos do golpe militar e a “defesa da democracia”, ironicamente a que o ex-líder do PT subverteu no escândalo de compra de votos do Mensalão. O convite foi feito pelo líder do governo Lula, Randolfe Rodrigues (PT-AP), que se referiu ao colega como uma inspiração para sua geração. Ainda houve o lançamento de um livro sobre o regime militar intitulado Tempo de Chumbo, produzido pelo canal MyNews, com textos do próprio Randolfe e do ministro do STF Gilmar Mendes.
Dirceu não pisava no Congresso Nacional havia 19 anos, quando teve o mandato cassado por organizar um esquema de compra de votos de parlamentares do PT, PP, PTB, PL e MDB, em 2005. Esse sistema corrupto foi revelado pelo também ex-deputado Roberto Jefferson, presidente do PTB, que se sentiu traído pela quadrilha. Por pouco as denúncias não interromperam o projeto de poder do PT antes do planejado, já que Lula tentaria a reeleição no ano seguinte.
Na época, além do relator da Ação Penal nº 470 no Supremo, Joaquim Barbosa, o decano Celso de Mello afirmou que votações importantes na Câmara, como a reforma da Previdência e a Lei de Falências, foram compradas — em alguns casos com dinheiro vivo. Foi um período em que o país descobriu a figura de Marcos Valério de Souza, o operador do esquema, e do tesoureiro petista Delúbio Soares, que ao ser flagrado no emaranhado de corrupção disse em entrevista que em alguns anos “tudo viraria piada de salão”.
“Trata-se de uma quadrilha de bandoleiros de estrada. Cuide-se, como no caso de uma quadrilha de verdadeiros assaltantes dos cofres públicos”
(Celso de Mello, durante julgamento do Mensalão, em 2012)
Nesse longo período distante dos holofotes, Dirceu não frequentou a sede do Poder Legislativo porque passou quatro temporadas na cadeia, com idas e vindas, beneficiado por habeas corpus do STF e o indulto natalino concedido pelo ministro Luís Roberto Barroso, em 2016. O perdão foi pela condenação do Mensalão, mas àquela altura a Polícia Federal descobriu que o petista praticara outros crimes no papel de lobista. O novo escândalo foi apelidado de “Petrolão”, em alusão à pilhagem da Petrobras, símbolo da corrupção institucionalizada como método de governança do PT e um cartel de empreiteiras.
O ex-ministro foi condenado a penas que, somadas, superam 30 anos. Ele fez questão de citar o tempo distante do Congresso em seu discurso nesta semana. “Quase não aceitei o convite, porque desde o dia da madrugada de 1º de dezembro [de 2005], quando a Câmara cassou meu mandato que o povo de São Paulo tinha me dado pela terceira vez, eu nunca mais voltei ao Congresso”, afirmou. “Mas acredito que João Goulart merecia e merece a minha presença hoje aqui.” A viúva do ex-presidente, Maria Thereza Goulart, estava ao seu lado no plenário.
Democracia relativa
Dirceu usou a tribuna do Senado por 16 minutos. “Para consolidar a democracia brasileira, nosso papel é fazer uma revolução social no Brasil, desconcentrar a renda, riqueza e propriedade”, disse.
O ponto central de sua fala foi que “a democracia está em risco” neste momento no país. Nenhum dos presentes lembrou que o presidente de turno é o próprio Lula e que sua volta ao poder teve amplo apoio das Cortes superiores e da imprensa tradicional. Na lista dos que hoje fazem coro à fala de Dirceu está Geraldo Alckmin, hoje vice-presidente, mas que em eleições anteriores dizia que o PT pretendia “voltar à cena do crime”. Filiado ao PSB, o ex-tucano resolveu aderir ao lulismo com 20 anos de atraso.
Houve menção ao tumulto de 8 de janeiro do ano passado, tratado — obviamente — como tentativa de golpe, críticas às Forças Armadas e ao ex-presidente Jair Bolsonaro. “Não basta a desmilitarização e a volta aos quartéis”, afirmou Dirceu. “Isso aconteceu em 1988. O comprometimento das Forças Armadas com o governo Bolsonaro e o 8 de janeiro está aí. Tanto é que agora passam a ser investigados mais de 60 militares de altas patentes. Cada vez mais eles acumulam poderes.”
A corrupção venceu
Na mesma semana em que um personagem como Dirceu se sentiu à vontade para subir à tribuna do Senado, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Paraná começou a julgar um pedido de cassação do mandato do senador Sergio Moro, ex-juiz da Vara de Curitiba e cuja história se mistura à da Lava Jato. O julgamento foi interrompido por um pedido de vista na quarta-feira, 3.
Moro é acusado de abuso de poder econômico pelo PT e pelo PL — teria feito gastos excessivos e usado os meios de comunicação na pré-campanha eleitoral, quando ainda cogitava concorrer à Presidência, embora tenha disputado vaga no Senado. A acusação é absurda, porque é comum um candidato desistir de concorrer a um cargo e optar por outro. Um exemplo foi o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), que também queria ser presidente, mas mudou de ideia na última hora.
O processo de cassação tem o verniz claríssimo de revanche — o principal ponto é o fato de um desembargador que já votou por condená-lo, por exemplo, ter sido recém-indicado por Lula para o tribunal paranaense.
Lula já se referiu ao ex-juiz aos palavrões e disse que só descansará quando conseguir vingança, em entrevista gravada a um site de esquerda. Outro desafeto, o ex-procurador Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa da Lava Jato, teve o mandato cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Sergio Moro talvez tenha sido o juiz de primeira instância mais corajoso do país em décadas, mas mostrou-se um político ingênuo e tíbio. Reconciliou-se com boa parte do eleitorado de direita ao apoiar o ex-presidente Jair Bolsonaro na reta final da eleição. No entanto, conseguiu queimar pontes outra vez ao abraçar o senador comunista Flávio Dino no dia de sua sabatina para o Supremo. É possível que escape da cassação no tribunal do Paraná, mas provavelmente terá o mesmo destino de Deltan quando o caso chegar ao TSE.
O resultado de tudo isso é que, nas próximas eleições, personagens que simbolizam a luta contra o sistema corrupto institucionalizado, como Moro, Deltan e o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro, podem ficar de fora das urnas. Mas e José Dirceu? Ele está próximo de obter sua reabilitação política e disputar eleições: seus advogados pedem a extensão da decisão que permitiu a Lula concorrer em 2022. A decisão cabe ao STF.
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Tudo o que for a favor da esquerda e da corrupção, se depender do STF, já está aprovado.
Bem que Bolsonaro disse
Bem que Bolsonaro disse
Bem que Bolsonaro disse
Bem que Bolsonaro disse
Bem que Bolsonaro disse
Bem que Bolsonaro disse
Bem que Bolsonaro disse
Surreal.
Às armas, cidadãos
Mete bala nessa corja de ladrão comunista terrorista narcotraficante genocida que estão destruindo a nação
Somente o Senhor Deus pode nos trazer justiça. Esse país está nas mãos de inimigos do povo e da democracia que ousam, hipocraticamente, defender.
Bem lembrado as declarações do Celso de Mello na época do mensalão. Se fosse brasileiro tivesse 10% da memória do Silvio Navarro, jamais aceitaríamos uma quadrilha de volta a cena do crime.
Silvio, favor informar quem dos senadores da oposição assistiu essa palhaçada.
O STF é quem vai decidir o destino de José Dirceu? Que dúvida! Já sabemos como isso acaba.
Um absurdo nesse convite feito pela Gazela e todos baixam a cabeça e aceitam ouvir esse inútil.
É impressionante a canalhice de Lula, José Dirceu e todos do PT. Falam tanto em democracia, que a democracia está em risco mas passam pano para Daniel Ortega, Maduro e Cuba. Não querem enxergar, não querem reconhecer que os governos que eles apoiam, como Irã, Rússia, e os citados acima, não são democracias. São ditaduras, aonde as pessoas não tem liberdade de expressão, não podem votar e quando votam, são em sistemas corruptos e dominados pelo “dono” do país. Não se enganem, mas o PT e toda a Esquerda brasileira luta para instaurar um regime comunista no Brasil, aonde eles se perpetuaram indefinidamente no poder e teremos nossa liberdade de criticar cerceada, suprimida, teremos nosso patrimônio surrupiado pelo governo. Que Deus nos proteja.
voltou para deixar bem claro ‘quem tomou o poder’ …
Pelo que estava circulando nas redes sociais, esse cidadão foi dado como falecido. É sosia ou ele mesmo? Perguntar não ofende.