A Constituição de 1988 foi tão palavrosa e abrangente que incluiu dois trechos infiltrados sem serem submetidos à votação no plenário e quase incorporou uma maluquice assombrosa: se os pais da ideia não tivessem deixado para depois o detalhamento da coisa, a inflação em crescente descontrole seria terminantemente proibida de ultrapassar a taxa mensal de 12%. Pois mesmo nessa floresta de artigos, parágrafos e incisos, como aliás ocorreu em todas as Cartas Magnas anteriores, a expressão “primeira-dama” não aparece uma única vez. Não faz sentido perder tempo com uma fantasia excluída do mapa oficial da administração pública. Quem está unida pelo casamento a um chefe do Poder Executivo (federal, estadual ou municipal) não ocupa um cargo. É só a mulher do presidente da República, de um governador ou de um prefeito, nada mais que isso. Ponto final, aprendi ainda na infância.
Meu pai foi prefeito quatro vezes. Em nenhuma delas minha mãe enxergou no espelho uma primeira-dama. “Eleição não é concurso de dança”, dizia. “Os eleitores votam em um candidato, não num casal. Quem leva a sério essa invenção ridícula deveria, quando terminasse o mandato do marido, fazer como a Miss Brasil: entregar uma faixa à sucessora.” Depois de casar-se, a jovem professora primária acrescentou o sobrenome de Adail Nunes da Silva ao Emília Menon da certidão de nascimento. Mas prevaleceu o apelido que a identificava desde a meninice. Biloca virou Dona Biloca depois de adulta. E assim a filha de imigrantes italianos foi tratada por todos até morrer, aos 83 anos.
Aos 57, Rosângela Lula da Silva, a Janja, nem esperou o início do governo para comunicar que comete um crime hediondo quem a considera apenas a terceira mulher do atual presidente da República. Filiada ao PT desde 1983, formada em sociologia pela Universidade Federal do Paraná, a persistente companheira acompanha Lula de perto desde o século passado, quando o futuro cônjuge zanzava pelo Brasil escoltado por dúzias de devotos. Janja fechou o cerco nos 500 dias em que o alvo permaneceu engaiolado em Curitiba. “Eu o visitava sempre que podia”, contou durante a campanha eleitoral de 2022. Lulistas que acamparam nas imediações da cadeia até que o presidiário fosse libertado confirmam: as visitas foram muitas. “Também trocamos muitas cartas”, emendou Janja.
(Ninguém teve acesso a tais papéis que, se efetivamente existem, têm altíssimo valor histórico. Se a destinatária divulgasse ao menos uma dessas preciosidades, desmontaria a suspeita de que o Brasil é o único país do mundo que presenteou com três mandatos presidenciais um homem que nunca leu um livro e não sabe escrever. Mas voltemos a Janja.)
Na primeira entrevista, previsivelmente concedida à TV Globo, ela garantiu que não seria uma primeira-dama como qualquer outra. “Nesses quatro anos, quero estar mais atuante e mais próxima das causas que me são mais caras: mulheres, segurança alimentar e proteção de crianças e jovens”, caprichou a usina de platitudes enquanto comandava a montagem da mais espalhafatosa das festas de posse. “É por isso que quero ressignificar o papel de uma primeira-dama.” A etapa inaugural da prometida ressignificação foi debitar na conta de Jair e Michelle Bolsonaro todos os problemas passados, presentes e futuros do Brasil, começando pelos estragos que teriam transformado a residência oficial do presidente no único cortiço com a grife Oscar Niemeyer.
Ao passar diante do Primeiro Casal, Moraes distende a musculatura facial em retribuição ao cumprimento caloroso da primeira-dama. E abre um sorriso quando Janja o surpreende com um tapinha nas costas e um exclamativo inaudível
Em janeiro de 2023, segundo os dicionários, “ressignificar” queria dizer “mudar o significado”. Passados apenas 15 meses, está claro que esse verbo, conjugado por Janja, tem mil e uma utilidades. Hoje também significa “denunciar o sumiço de móveis que continuam no palácio em que estavam; controlar a agenda do marido e bloquear telefonemas inoportunos ou inconvenientes; viajar para o exterior ao menos uma vez por mês; representar o governo em visitas ligeiras a regiões inundadas; nomear afilhadas e manter amigas no emprego; influenciar decisões de tribunais superiores; avaliar projetos do BNDES; representar o país em debates promovidos pela ONU sobre assuntos que desconhece; decidir o que o casal vai vestir; escolher o hotel em que o casal vai dormir; furtar a quatro mãos pilhas de canetas desprovidas de vigilância em eventos internacionais; comportar-se com autoridades de quaisquer poderes, especialmente ministros do Supremo, com o desembaraço de amigo de infância”.
O vídeo que ilustra a abertura da coluna sugere que Janja pretende elevar à categoria de arte demonstrações de intimidade com figurões que conheceu há pouco tempo e costumam meter medo mesmo em inocentes que entram na sua alça de mira. Numa cerimônia realizada em dezembro, Alexandre de Moraes acaba de discursar. O coro que grita “Xandão” traduz o apoio de boa parte da plateia, mas o orador caminha em direção à mesa de autoridades com cara de zangado. Ao passar diante do Primeiro Casal, Moraes distende a musculatura facial em retribuição ao cumprimento caloroso da primeira-dama. E abre um sorriso quando Janja o surpreende com um tapa nas costas e um exclamativo inaudível. Como fazem os jogadores de basquete americanos que se erguem do banco para saudar o autor da acrobática enterrada que induziu o técnico do time inimigo ao imediato pedido de tempo.
Se Janja trata com tal desenvoltura o Primeiro Carcereiro, o que a impediria de pedir a um magistrado que ajude a instalar na cadeia um ex-jogador de futebol condenado por estupro pela Justiça Italiana? Ou de protagonizar o que a imprensa estatizada chama de “apresentação solo” em reuniões com o alto comando do BNDES? Como sentir-se constrangida se o marido está grávido de encantamento? “A Janja é uma espécie de meu farol”, derramou-se Lula há poucos dias. “Quando tem alguma coisa errada, ela me chama a atenção. Quando tem alguma coisa nas redes, ela me chama a atenção. Às vezes, ela fala coisas para mim que a minha assessoria não fala, e ela fala. E isso me ajuda, obviamente.”
Dona Biloca não se metia em política partidária, guardava distância de comícios, evitava cerimônias oficiais. Mas enxergava com nitidez o mundo dos palanques, era uma boa leitora de almas e dizia na mesa de jantar o que estava achando. Ela entenderia, por exemplo, que um Lula sozinho no leme já é um perigo e tanto, e que a tripulação que o acompanha recomenda ao Brasil que presta rezar para todos os santos. Também teria concluído que um barco guiado por um farol como Janja, agora acumulando as funções de Primeira-Dama Ressignificada e os poderes de Superministra sem Pasta, está condenado ao naufrágio.
Leia também “Às vezes, data dita o destino”
Caro Augusto Nunes, desculpe-me por usar este espaço. Já tentei fazer este relato pelo WhatsApp, pelo menos uma dezena de vezes. E devo crer que não cabe expressar minha admiração pelo seu trabalho, que é reconhecido por todas as cabeças pensantes do Brasil. Oeste é uma dádiva. Só uma queixa, que fiz a assinatura de 10, o que soma 15 anos, nunca consegui entrar no site sem ter de preencher dados cadastrais. E lhe garanto que e-mail e senha me foram sugeridos por alguém da administração. (Em tempo, teria ido ao lançamento do livro se tivesse recebido um convite. Talvez por isso ainda não tenha tido a honra de receber um exemplar. Eurico Schwinden
Sr. Eurico, boa tarde. Nossa equipe de suporte entrará em contato hoje mesmo para solucionar sua questão de acesso.
O senhor vem apoiando a Oeste por vários anos. Esse crescimento da revista se deve aos nossos assinantes, que prestigiam e acreditam no nosso trabalho.
Por favor, aguarde que hoje entraremos em contato. Muito obrigado pela compreensão.
Gracias.
Como diz a musica : ” esse e’ o pais da putaria , o pais da sacanagem ” . Afinal temos os governantes e suas companhias perfeitas para tal .
Depois do ridículo que vimos esta senhora fazer com o Macron fico imaginando como seria um encontro com o Musk …
Esta deslumbrada não tem limites e nem tem que dê, continua desembestada e sem freios em sua lua de mel de 4 anos se o povo brasileiro assim permitir. estamos pagando altas contas e ainda sem podermos ter conhecimento de quanto. Assim é o Brasil do PT do sigilo e da falta de vergonha na cara. Mais dia menos dia, prestarão contas ao povo, juntamente com o carcereiro supremo.
Esplêndido artigo do mestre Augusto Nunes.
Esta senhora é muito insignificante para ressignificar alguma coisa.
Uma mulher que não representa nada de bom! Sua figura patética só tem similar em casa de Jacutinga no cafundó de judas. Sem classe, sem vergonha, sem conhecimento, sem caráter, sem carisma, notem: tudo nessa mulher soa falso, seu sorriso é mais forçado do que LULA tentando falar meias-verdades.
Esta senhora está inclusa na relação dos brasileiros SEM VERGONHA NA CARA .
Que tristeza ver esta descarada todo dia na mídia , dilapidando nossos suados impostos sem pudor.
Bota essa curriola de bandido véio na cadeia Supremo Tribunal Ladrual, que esse doido analfabeto com essa nega véia quenga e essa corja de ladrão que os acompanham some feito fumaça
Cacarejar pérolas de sabedoria em todo e qualquer lugar, ao vivo e nas redes sociais. Ressignificando o papel de galinha.
Vamos ver, temos 4 cortiços em Brasília com a grife Oscar Niemeyer: Palácio da Alvorada, Palácio do Planalto, Palácio do Jaburu, Granja do Torto, neste último o nome foi ressignificado granja, mas é só para disfarçar, trata-se de um palácio com todos os luxos permitidos ao Rei Luladrão, mas a única galinha desta Granja é chamada Janja. Ela quando canta seus males espanta. Seu canto serve para alcançar as coisas desejadas e também para afastar o indesejado, como por exemplo trocar os móveis indesejados do palácio e ao mesmo tempo acusar seu predecessor de roubo.
A frase preferida da galinha, quero dizer da Janja esta escrita na camisa vermelha que usa com a estampa da face de um Ladrão: “O amor sempre vence”. Janja parece ser a única criatura capaz de colocar um sorriso sardônico na face do Xandão, para obter essa façanha, um tapa nas costas é suficiente.
Mas o maior realização da galinha mais famosa do Brasil, for ter dado o golpe no golpista. O peido velho ou Sugar Daddy já esta com o pé na cova e em breve as vistas frequentes que fez a prisão culminará com uma herança de Bilhões de dólares depositados em bancos Suiços. No final o golpista sempre encontra o seu desafio e o Luladrão teve o seu em uma galinha.
Se Lula depende de Janja para dar conselhos de como governar,estamos de fato perdidos.Nunca vi em meus setenta e três anos de vida uma profissão de primeira dama,essa chegou de fato para gastar nosso dinheiro e assaltar o erário, diria que a frase que a define;”Janja sem teto de gastos “.Apenas sem qualquer compostura em suas atitudes pessoais e públicas.
Augusto, prazer tê-lo conhecido pessoalmente no evento dos 4 anos da Revista Oeste, que espero substitua brevemente os grandes veículos de comunicação escrita e visual que outrora você dirigiu.
Sugiro não perder tempo com a Janja, e ofereça-nos aqueles artigos importantes sobre a BOLSA DITADURA com os valores desembolsados desde 2005 até 2023, para aqueles que nada fizeram pela democracia, e pior, muitos foram guerrilheiros e cometeram assassinatos, sequestros e roubos. Outros foram destacados advogados, jornalistas e escritores que somente foram investigados, como famoso escritor ora falecido, e os humoristas do PASQUIM. Entrevistado, JAGUAR disse que nunca foram torturados. Porém todos anistiados e bem remunerados com indenizações milionárias, mas que atualmente se opõem aos projetos de anistia de inocentes da farsa de 8 de janeiro, que nunca cometeram quaisquer crimes. Penso até que será desnecessária essa anistia porque, quando realmente retornarmos ao verdadeiro ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO, essas condenações serão ANULADAS e seus responsáveis punidos com severas indenizações.
Assuntos que julgo importantes para revelar ao pobre povo brasileiro, são também como se conquistam indenizações milionárias na JUSTIÇA que se transformam em PRECATÓRIOS BILIONÁRIOS, que a alma generosa de LULA conseguiu no SUPREMO indenizar mais de R$90 bi sem ferir a RESPONSABILIDADE FISCAL.
Vale recordar aquela CPI do JUDICIÁRIO que o corajoso senador A. C. Magalhães (TONINHO MALVADEZA) conseguiu instalar no SENADO, indenizações bilionárias que caminhavam para virar possivelmente PRECATÓRIOS para a sociedade brasileira pagar. (vide internet ACM: CPI do JUDICIÁRIO cumpriu seu dever de guardiã da moralidade pública – 07/12/1999)
É uma vagabunda. A vida inteira a procura de meios para saquear o dinheiro público para ”luxar”. Pelo jeito, conseguiu.
Parabéns Augusto! E para a Janja um recado: continue sendo si mesma, ou seja, ridícula!
O presidente Lula inveja imensamente o ex-presidente FHC. Sociólogo brilhante.
Como muleta, ressegnificou o conceito de farol por meio de uma socióloga que não brilha.
Ressignificou.
HAHAHAHA …. “Primeiro Carcereiro” é tão espetacular quanto ao “Fiscal de Nuvens”…
Sr. Augusto Nunes, parabéns pelo artigo irretocável !!!
Ah, que delícia que é ler os artigos do Augusto. Ironia fina que nos faz rir de nossas desgraças, e estamos precisando de humor mais do que nunca.
Pelo que demonstrou na visita do presidente Macrau, ela quer fazer mesmo os receptivos para os visitantes.
Acho a Janja perfeita para o Lula.
Se acha o máximo, não tem classe e elegância, fala muita asneura , deslumbrada , adora gastar o dinheiro do povo para ostentar
O pai e a mãe dos pobres.
ESBANJA E LULA, O SUPRASSUMO DO LIXO BRASILEIRO
Errado. Lixo é reciclável.
“Nesses 4 anos quero estar mais atuante e mais próxima das causas que me são mais caras”: frivolidades, sapatos de 9 mil reais, mentir sobre o casal Bolsonaro, ser papagaio de pirata, causar vergonha alheia, ser arroz de festa e chafurdar no ridículo. E esse “mais caras” não é retórica ou metáfora, é dinheiro que sai do bolso do povão abestalhado.
É, meu caro Augusto Nunes, dona Biloca era uma senhora, uma mãe de família, uma pessoa de grande valor, posso concluir isso pelo que é o filho que criou. “Dona” janja, não é, em nada, uma pessoa assim. Prefiro até não dizer o que penso dela, porque o espaço que nos é dado na revista, com justos motivos não permite a mais completa e sincera opinião, o espaço aqui é para comentários comedidos e educados, e, confesso, no caso janja não sei como manter os parâmetros adequados; então, não comento. Abraços Augusto, ótimo fim de semana.
#saudadesMarisaLeticia
É que para Janja o EMPODERAMENTO das mulheres é, sobretudo, espetaculoso. As questões éticas e morais são apenas abstrações inalcançáveis para um cérebro como o dela, limitado e medíocre. É uma coitada.