— Os mísseis já foram enviados.
— Pra onde?
— Pros israelenses, ué.
— Como assim? Pra eles usarem?
— Não! Já receberão usados.
— Não entendi. Os mísseis foram de navio? De caminhão? Pelo correio?
— Não. Foram voando mesmo.
— Dentro ou fora da embalagem?
— Fora.
— Mas não fica antipático o cliente receber mercadoria usada, e ainda mais sem embalagem?
— É que nesse caso a embalagem não é necessária.
— Já ouvi muita gente dizendo que embalagem é supérfluo, que o importante é o conteúdo etc., mas discordo totalmente.
— Por quê?
— Porque embalagem não é só uma questão de apresentação do produto, não é um capricho estético. Serve também pra não deixar o conteúdo pegar poeira e não ser arranhado no transporte.
— Entendo. Mas acho que se os mísseis pegarem um pouco de poeira no caminho não vai chegar a comprometer o funcionamento.
— Não é uma questão funcional. Você pensa pequeno. Poeira e arranhões não deixam o produto com cara de novo. Por isso o comércio moderno consagrou a embalagem faz tempo. Você está defasado.
— Mas é que…
— Não adianta tentar relativizar. É uma lei universal. Fora o fato de que sem embalagem você perde a sensação de surpresa.
— Acho que nesse caso conseguimos manter a surpresa.
— Por quê?
— Porque enviamos os mísseis de repente.
— Mesmo assim. Você não percebe a diferença entre receber um presente dentro ou fora da caixa, mesmo que enviado de repente?
— Permita-me humildemente discordar. Acho que nesse caso de fato não faz diferença.
— Por quê?
— Porque o míssil já chega explodindo.
— Explodindo?! Como você envia alguma coisa a alguém que já chega explodindo? Como eles vão fazer pra usar um míssil explodido? Esse míssil por acaso é reciclável?
— É que não é pra eles usarem.
— É pra quê, então?
— É pra explodir na cabeça deles.
— Ah, bom! Então você não enviou mísseis. Você DISPAROU mísseis!
— Acho que é isso.
— Por que você não falou logo?
— Sei lá. Acho que enviar é mais simpático que disparar.
— Tem toda a razão. Nunca mais vou disparar um míssil. De agora em diante, só envio.
— Chega de ódio.
— Paz e amor.
Leia também “Relaxe, estamos cuidando de você”
Excelente !
Bastante didático.
Na minha opinião, é totalmente compreensível o comportamento da imprensa, pois estão recebendo dinheiro para se comportarem dessa maneira. Não é questão de ignorância, mas sim cumplicidade mesmo…
Excelente!
Sensacional!
Os jornalistas da velhíssima imprensa são seres de plástico.
É isso mesmo. É infame. É a índole das pessoas no filme Zona de Interesse.
Esta é a maneira da velha imprensa se expressar e passar a mão na cabeça do terrorismo.
hahahahahá sensacional Fiuza!!
podíamos enviar um míssel desse pro consórcio Lula PT STF, que acha ?
kkkkk. Muito bom!
Brilhante, Fiuza.
Daqui a pouco a velha imprensa vai colocar em manchete: MÍSSEIS ENCOMENDADOS POR ISRAEL CHEGARAM NO PRAZO”.
Grande Fiúsa!!!!!
Espetacular, Fiuza. A manifestação do governo brasileiro sobre o “envio” dos mísseis iranianos a Israel é puro suco da falsa equivalência das palavras denunciada por Orwell em “1984”. Parabéns.
Os carneirinhos e ovelhinhas brasileiros não sabem ler, ainda bem que temos Ricardo Fiuza da oeste pra ler pra nós
Kkkkkkkk o contorcionismo das palavras para passar pano para os pacíficos, para aqueles que precisam se autoafirmar, para os que agem para provar que são melhores dos que os outros bpara os que vivem uma grave crise psicológica.
Genial. Fiuza tem o dom de desnudar o eufemismo com eufemismo. Parabéns Oeste e Fiuza.
Fiuza sempre excelente demais da conta.
Muito bom , isso é exatamente o que é.
É bem o estilo ,
“Favela” é comunidade
“Auto defesa” é genocídio.
“Disparo” é envio , e por aí vai ,né?
Pode-se dizer então que quando algum bandido atira em policial ,ele está apenas enviando projéteis .
Seria isso?
Brilhante texto, Fiuza!
Seria cômico se não fosse trágico. Brilhante texto.
Será que o futuro vai perdoar o que tem feito esse diabólico, retrógado e vil consórcio de mídia brasileiro?