Agricultor em Bagé, na fronteira com o Uruguai, Gedeão Pereira, de 75 anos, é um dos muitos produtores de arroz que não entendeu quando o governo Lula decidiu importar o grão por conta própria. O petista alega uma possível escassez, mas, como presidente da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Pereira sabe que as enchentes que devastaram o Estado não conseguiram destruir a safra dos arrozais. A colheita poderia ajudar os produtores locais a enfrentar um lamaçal de problemas que teve início antes mesmo das chuvas.
“O governo anunciou que vai importar arroz para vender a R$ 4, subsidiado”, disse. “Só falta colocar a foto do Lula na embalagem.”
A tentativa de importação, por enquanto, não deu certo. O primeiro pregão acabou anulado depois que apenas empresas sem histórico de atuação no mercado conseguiram vencer os contratos. Contudo, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) ainda insiste que agendará um novo edital.
No fim, o governo cria mais um problema que se soma a tantos outros que as enchentes deixaram. Gedeão conhece todos eles muito bem. Desde que o desastre aconteceu, sua agenda tem se alternado entre viagens e reuniões para dimensionar o tamanho do prejuízo causado pelas chuvas ao agro gaúcho e os caminhos a serem percorridos para que as famílias que vivem do setor possam superar a crise. Houve quem perdeu o trabalho de uma vida, talvez de gerações. As cenas são de rebanhos inteiros mortos, lavouras derrubadas e solo nu.
Confira os principais trechos da entrevista.
Qual é o tamanho do prejuízo causado pelas enchentes para o agro do Rio Grande do Sul?
É muito difícil dimensionar um valor exato. Pode ser R$ 10 bilhões, R$ 50 bilhões, R$ 100 bilhões. No setor de grãos, vamos perder por volta de 5 milhões de toneladas de soja. No arroz, por exemplo, praticamente não houve perda, tanto que somos contra a importação anunciada pelo governo. Agora, há produtores de gado de leite que perderam as instalações na fazenda e até mesmo todas as vacas. Alguns criadores de aves e suínos ficaram sem nenhum animal e, nos galpões, sobrou apenas a terra. Existem casos piores, vi propriedades em que até a terra foi embora.
Como isso é possível?
Vi um caso assim na região de Bento Gonçalves. Houve o desmoronamento do morro que levou a propriedade junto, tudo virou pedra. Não tem mais solo para cultivar. Eram 15 hectares, metade se foi, e o restante está sob risco de desmoronamento. Então nada pode ser usado, e o dono perdeu tudo. Sobrou apenas a área onde está a casa.
O senhor citou a perda de 5 milhões de toneladas de soja. Onde estão as áreas mais afetadas?
A metade sul do Estado está perdendo muita soja, porque é uma safra mais tardia. Quando as enchentes começaram, entre 30% e 40% tinham sido colhidos, então 60% ficaram debaixo d’água. Na área que vai de Mostardas ao Chuí, praticamente toda a safra foi perdida. Nos últimos dois anos, deixamos de colher 30 milhões de toneladas de grãos, entre soja e milho, por causa de secas. Já vínhamos debilitados, tínhamos esperança de este ser o ano do começo da recuperação e levamos essa cacetada. O produtor gaúcho está muito debilitado financeiramente, precisamos de uma medida extraordinária.
Com tantos problemas, o agro do Estado perdeu potência para produzir na próxima safra?
Depende dos recursos que tivermos agora. Caso consigamos equacionar o endividamento dos produtores, a agricultura voltará a pleno vapor.
A Farsul encaminhou uma proposta para o governo federal. Qual foi a resposta?
O ministro da Agricultura esteve no Rio Grande do Sul na semana passada, mas a visita andou muito mal. Ele entregou algumas motoniveladoras, retroescavadeiras e emendas parlamentares, porém não anunciou as linhas de crédito de que precisamos.
O que a Farsul propôs ao governo federal?
Hoje, os produtores gaúchos têm dívidas com o sistema por causa das duas safras passadas e está com dificuldade de pagar os custos da terceira. Por causa do risco, ele pode acabar sem financiamento. Hoje, as dívidas são com o sistema financeiro, as cooperativas e os fornecedores de insumos, como defensivos, que muitas vezes entregam o produto ao agricultor para receberem depois da colheita. A Farsul propõe que todas essas dívidas sejam colocadas em um mesmo pacote, como foi a securitização agrícola. Naquela época, o Tesouro Nacional parcelou as dívidas dos agricultores em 25 anos. Como resultado, a agricultura brasileira passou de 80 milhões de toneladas para 300 milhões de toneladas de grãos, foi um baita investimento que o país fez. Hoje, para o Rio Grande do Sul, seria algo muito parecido. O agricultor ficaria devendo ao Estado brasileiro, pagaria em 15 parcelas anuais, teria a possibilidade de acessar novos créditos e recomeçar a vida. Isso é o que precisa ser feito. Uma condição excepcional como a que estamos vivendo, evidentemente, também requer medidas de exceção.
Seria um ‘Plano Marshall’ para a agricultura gaúcha?
Exatamente, precisamos de um ‘Plano Marshall’.
Quantas famílias vivem do agro no Rio Grande do Sul?
Somos mais de 400 mil famílias. Fora o eixo metalmecânico, Porto Alegre e Caxias do Sul, todo o restante do Estado é agro.
“O arroz a R$ 4 o quilo na gôndola significa R$ 75 pela saca de 50 quilos com casca, que é o preço de venda ao produtor. Isso não cobre o custo de produção”
A safra de arroz não foi atingida pelas chuvas?
Tivemos alguma perda, sim. Porém, vamos colher praticamente o mesmo que no ano passado. É que esta safra seria maior e agora será do mesmo tamanho.
Por que o governo resolveu importar arroz?
Quando veio essa cheia, o governo encontrou uma desculpa para intervir no mercado. Bem antes da cheia, o presidente Lula disse em discurso que iria importar arroz da Venezuela, um país que sempre foi importador, demonstrando um desconhecimento muito grande sobre o produto e um rancor muito forte contra o produtor rural.
Quanto a importação estatal pode atrapalhar o produtor?
Muito. O arroz a R$ 4 o quilo na gôndola significa R$ 75 pela saca de 50 quilos com casca, que é o preço de venda ao produtor. Isso não cobre o custo de produção. Os agricultores voltaram a plantar porque o preço estava acima dos R$ 100, sou um exemplo disso. Um ano antes, eu não plantava porque o valor estava baixo. Assim, o que o governo está fazendo desestimula a próxima safra. Aí, sim, em 2025 vai ter de importar arroz de todo o Mercosul e de onde mais tiver.
O que o governo deveria fazer para ajudar os produtores?
Não interferir. Deixar que o mercado se organize. O produtor de arroz de hoje não é somente arrozeiro. Até cinco ou seis anos atrás, era. Sou um exemplo de quem faz isso. Tenho dois grandes produtos na mão, de safras concomitantes, e produzo aquele que me remunera melhor. O ministro da agricultura sabe que a produção no Rio Grande do Sul funciona assim, eu disse isso a ele.
Quanto o governo já deve ter gasto com embalagens, logotipos, publicidade e outras sacanagens para propaganda eleitoral com arroz? Por que não subsidia o agricultor do R.G.do Sul em tão grave momento?
E as celebridades tucanas o que acham disso? Lembro que FHC em seus “diários da presidência” fez severas criticas ao PT, MST, JOSE DIRCEU enfim, nos enganou como ex tucanos que em 2019 desistiram desses inúteis sem caráter e vergonha na cara.
A quadrilha do PT sempre está a procura de um pretexto de acabar com a liberdade do povo para que fiquem refém do estado.
Seria como importar cana de açúcar em muitos estados do Nordeste, café em MG, soja em MT,…
Acabando com fornecedores e toda cadeia.
Esse cara da Farsul não é nem pra falar nesses caras do governo federal, é tudinho bandido e ladrão. Esses caras tem uma missão, levar o país a ruína. Eles estão aí na fraude, tem que cassar todos esses bandidos dos três poderes
Lula e seu Haddad são o atraso que a cegueira da (des)jurisprudência dos 9 de um STF que resolveu colocar o país inteiro como seu adversário (pessoal, político, econômico).
Sim, o STF está fazendo para o RGS aquilo que Stalin fez para a Ucrânia nos anos 30, mas pior, muito pior.
Os 9 lavam as mãos ao passo que mantém o conluio com o mesmo esquema do L3, desde o mensalão e o petrolão.
O ato assassino de importar arroz foi de estrela grosseria e imposição.
Pró trabalhador. Ok, como Stalin para o trabalhador ucraniano.
Esses canalhas petistas querem acabar com o Brasil, é o fundamento maxista que eles querem empurrar para o povo com o objetivo de permanecer no poder.