A decisão unânime do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, de manter a taxa básica de juros (Selic) em 10,5% ao ano foi um alívio para o mercado. Mas por pouco tempo.
“O sentimento que domina hoje a Faria Lima é o receio”, disse à coluna um gestor que preferiu manter o anonimato. “Todos estão pensando na sucessão de Campos Neto na presidência do Banco Central. E esse voto de Galípolo pode ter sido a pá de cal em sua nomeação no comando da instituição.”
Gabriel Galípolo, atual diretor de Política Monetária, é considerado o natural substituto do presidente do BC. Entretanto, ele votou junto com Campos Neto para manter o nível dos juros, poucas horas depois das críticas ferozes do presidente Lula contra o atual chefe do Banco Central.
“Lula não gostou nada disso. Todos os diretores nomeados por ele votaram para manter o atual patamar da Selic. A preocupação do mercado é que isso tenha consequências”, disse um analista de um banco de investimentos.
Temor dos nomes
Imediatamente após a votação, começaram a surgir nomes como o do ex-ministro Guido Mantega, do economista André Lara Resende, ou do atual presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, para a futura presidência do Banco Central. Esses nomes, junto com o do ex-diretor do BC, Luiz Awazu, circulam nas bolsas de apostas.
Resende, Mantega, Awazu e Mercadante ganharam força especialmente após uma entrevista de Lula em que ele declarou que vai escolher “uma pessoa madura, calejada, responsável” para o cargo.
“Esses três nomes tiram o sono de muita gente no mercado. São perfis muito fiéis a Lula, e já com uma certa idade. Ou seja, não têm nada a perder, mesmo fazendo escolhas erradas”, explica o gestor.
Segundo o analista, “já tivemos uma péssima experiência com Alexandre Tombini na época da Dilma. Quando a presidente ligava, ele obedecia. Os juros foram na marra para um nível muito baixo, e a inflação explodiu. Ninguém quer viver novamente o mesmo cenário”.
Resende, que nesta semana afirmou que a PEC da autonomia financeira do BC é um retrocesso, é defendido pela ala mais radical do PT. Mantega é uma vontade pessoal do Lula de achar um cargo para o velho aliado. Mercadante teria o sonho de comandar o Banco Central. E Awazu teria o apoio de muitos senadores da base aliada.
“Há semanas em que, todas as vezes que fala, Mercadante assume um tom de ‘presidenciável’. Aborda temas que vão muito além do BNDES e critica abertamente a política monetária. A última vez foi no fim de semana passado, quando discursou ao lado do próprio Campos Neto. Ele está preparando o terreno”, disse um ex-diretor do Banco Central, que atualmente atua na Faria Lima e pediu para manter o anonimato.
Moderado, mas na mira
No mercado financeiro brasileiro, Galípolo é considerado um moderado. Um economista com uma visão social-democrata, mas ainda racional. Diferente de muitos nomes próximos ao PT. Professor universitário, foi presidente do Banco Fator e já trabalhou na gestão pública no Estado de São Paulo durante a gestão José Serra.
“Diferentemente dos nomes que estão circulando como possíveis substitutos de Campos Neto, ele é muito mais jovem, tem 40 anos. Mesmo sendo nomeado presidente do Banco Central por um mandato, vai continuar a carreira. E, claramente, não vai querer queimar sua imagem”, explica o gestor.
O próprio Galípolo, em reuniões reservadas, teria deixado bem claro para seus interlocutores que, “se for para fazer tudo errado, o governo não conte comigo”.
Por isso, o medo de muitos executivos do setor financeiro é que Galípolo não seja considerado “fiel o suficiente” a Lula. O petista já deixou claro que o futuro presidente do Banco Central deverá ser alguém que “tenha respeito pelo cargo que exerce e alguém que não se submeta a pressões de mercado, e que faça aquilo que for de interesse de 213 milhões de brasileiros”.
“Essas palavras foram interpretadas como um ‘quero alguém que faça o que eu mandar’. E também foi por isso que o dólar disparou e a Bolsa de Valores não para de cair”, explica o analista.
Para cima de Campos Neto
Enquanto isso, o PT começou as grandes manobras para atacar Campos Neto. A presidente do partido, Gleisi Hoffmann, não se limitou a publicar uma longa mensagem na rede X criticando a decisão do Copom. Ela decidiu protocolar uma ação popular no Distrito Federal para proibir o presidente do Banco Central de falar em público.
Outros líderes petistas foram além disso. Rui Falcão chamou Campos Neto de lambe-botas de Tarcísio, e Jilmar Tatto pediu a saída antecipada do atual presidente, sob a alegação de que ele estaria politizando demais o Banco Central.
Alinhamento petrolífero
Quem está alinhada 100% com Lula é a nova presidente da Petrobras, Magda Chambriard. Durante sua cerimônia de posse, a executiva declarou estar “totalmente alinhada” com a visão do presidente da República. Que a assistia a poucos metros de distância.
A presença de Lula provocou certo estranhamento no mercado, pois normalmente é um evento de que participa, no máximo, o ministro de Minas e Energia. O comparecimento do presidente foi interpretado pelo mercado como um sinal claro de que quem manda na Petrobras é ele.
Presidente nervosinho
Em sua fala durante a cerimônia, Lula defendeu que a Petrobras continue sendo uma “empresa lucrativa” e disse que “ninguém quer que nenhum acionista tenha um centavo de prejuízo”. Segundo o presidente, “se investiu, tem direito a ter seu retorno do investimento. Ninguém quer isso. Ninguém quer que a Petrobras seja uma empresa deficitária, que ela perca dinheiro”.
Cerca de 48 horas depois desse discurso, Lula mudou de ideia, voltando a criticar a distribuição de dividendos para acionistas da estatal. Ele disse ter ficado “meio nervoso” ao saber sobre o pagamento de R$ 45 bilhões de dividendos para acionistas minoritários.
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Tanure de olho na Sabesp (com a bênção do BNDES)
O empresário Nelson Tanure estaria de olho na privatização da Sabesp. Segundo rumores que circularam no mercado nesta semana, o controlador da Light e da Gafisa estaria se preparando para participar do leilão, que deveria ocorrer nas próximas semanas.
Todavia, uma operação desse calibre necessitaria de financiamentos maciços. Que viriam diretamente do BNDES, através do seu banco de investimento, o BNDESPar. O banco público de fomento negou, mas os olhos da Faria Lima inteira estão apontados para o leilão da estatal paulista de saneamento.
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Insistência no leilão
Mesmo depois de ter que anular o primeiro leilão para importação de arroz por irregularidades entre as empresas vencedoras, o governo federal não desistiu de realizar outros certames. Desta vez o edital será feito em conjunto com a Advocacia-Geral da União (AGU) e a Controladoria-Geral da União (CGU).
O primeiro edital, que tratava da compra de 263 mil toneladas de arroz, custou a cadeira ao secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller.
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A Faria Lima está com medo de Lula. Quanta ironia! Em 2022 apostaram em um criminoso condenado por corrupção e lavagem de dinheiro em pleno cumprimento de sua pena em uma cela na cidade de Curitiba. Forçaram a barra para em uma ginastica olímpica jurídica o STF anulasse o processo argumentando detalhes processuais já decididos nas instâncias inferiores e por meio de um ato jurídico considerado impróprio por respeitáveis juristas. Porém o poder econômico falou mais alto e não é um ministro de tribunal que vai contrariar o verdadeiro poder (econômico e político) mesmo porque pediram a benção de meio mundo para lá chegar, pois agora, mais do que nunca, necessário ser jurista de aluguel para figurar nos quadros da alta magistratura, conhecimento e reputação ilibada são meras filigranas constitucionais. O que vale é o compromisso com um sistema caindo de podre. Optar pelo crime organizado parece ser a aposta atual do mercado.
Não tenha duvidas que, a depender da vontade única do chefe da quadrilha petista, ele vai querer mandar no Banco Central. Assim como faz na Petrobrás, com a sua quadrilha de volta a cena do crime.
Esse Lula e a cambada de ladrão tem que deixar o governo imediatamente antes que viremos uma Venezuela
Cauti, você que esta próximo do mercado financeiro, como entende o mercado financeiro que move a PETROBRAS (PETR4) que estava no inicio do desgoverno LULA em MARÇO/23 com preço ao redor de R$24,00 e atualmente em R$37,00 ex dividendos de aproximadamente R$9,00 com toda essa ingerência politica dentro da empresa ameaçando preços, retomando refinarias quebradas, ativando empresas de fertilizante hibernadas com enormes prejuízos e falando que a empresa é dele?
E a tal Magda atual presidente, endossando a fala amalucada desse cara que quebrou a Petrobras durante os governos do PT. Queria ver toda essa farra com a Petrobras quebrada em 2016. Creio que os investidores minoritários estão movidos por especuladores.
Fizeram o “L” com força. Sabiam muito bem o que viria. Agora aguentem.
É a única coisa que concordo com o atual governo: esses juros têm de baixar.
Mas, o governo também tem de parar de gastar.
Difícil equação.
Apenas uma jogada para fazer o Galípolo parecer menos petista.
Também acho. Desta quadrilha se espera tudo.
A Faria Lima queria a volta dos rendimentos, não pensou no Brasil. Na verdade, eles nunca pensam.