“Como se chama alguém que sempre ganhou a vida como garantista penal, mas se cala diante de repetidos abusos jurídicos estatais? Resposta: garantista venal.“
Durante anos ouvimos os tortuosos discursos dos garantistas penais. Eles repetiam que “o Brasil prende demais”, que “prisões são inúteis porque não ressocializam o criminoso”, ou que as prisões brasileiras são “medievais” e por isso ninguém deveria ser colocado nelas — nem os criminosos mais perversos.
Os garantistas criaram e defenderam todo tipo de “direito”, benefício e instrumento de suavização e redução de penas, como “saidinhas”, progressão de regime, visitas íntimas e remição de pena por leitura. Há pouco tempo foi criada, através de uma decisão judicial, a inacreditável remição de pena por amamentação.
Um dos maiores instrumentos do “desencarceramento” — a política oficial e não oficial de soltar o máximo possível de criminosos presos — é a “audiência de custódia”, um procedimento que precisa acontecer em 24 horas e cuja única finalidade é verificar o bem-estar do criminoso e procurar uma justificativa para soltá-lo. Ela foi criada por uma resolução (uma canetada) do Conselho Nacional de Justiça e depois transformada em lei pelo “pacote anticrime” — aquele que foi transformado quase em um pacote pró-crime através da militância dos garantistas. O atual ministro da Justiça comemorou o fato de que, desde que foi criada, a tal “audiência” já soltou mais de meio milhão de criminosos que haviam sido presos em flagrante pela polícia (o que resulta em uma média de soltura entre 40% e 50% de todos os criminosos que passaram pela audiência).
Os garantistas continuam mais ativos do que nunca. Eles atuam isoladamente, formam “movimentos” com nomes descolados e participam de ONGs fofíssimas (muitas delas financiadas com doações vindas do exterior, principalmente da Open Society Foundations, do bilionário George Soros). Eles contam com o apoio permanente de entidades classistas, como a OAB, e, inacreditavelmente, de instituições do próprio Estado.
Uma das ocupações atuais dos garantistas é fazer guerra contra Tarcísio de Freitas, um governador que resolveu encarar de forma realista e responsável o combate ao crime no seu Estado. Os garantistas também tentam anular, de todas as formas possíveis — legais e ilegais —, a lei, aprovada pelo Congresso Nacional, que determinou o fim das “saidinhas”. Como sempre, os garantistas contam, nessas e em outras missões, com o apoio — ideológico, equivocado ou comprado — de 95% da mídia.
Onde estão os garantistas penais diante das prisões dos manifestantes de 8 de janeiro de 2023?
Muita gente, há muito tempo, denuncia esse “garantismo penal” como sendo uma combinação de ativismo ideológico com interesses profissionais: trabalha-se pela “revolução” e ganha-se muito dinheiro defendendo criminosos, enquanto o país mergulha cada vez mais no abismo do crime. O garantismo à brasileira nada tem a ver com preocupação legítima com os direitos dos criminosos presos, e sim com as oportunidades e privilégios disponíveis aos que abraçam essa bandeira. Por isso, o garantismo é cego aos direitos das vítimas e à guerra civil na qual o Brasil mergulhou há mais de três décadas e que, só entre os anos de 2003 e 2018 — quando o PT esteve no poder —, produziu 875 mil assassinatos.
O fundamento do “garantismo” é a hipocrisia. Nunca isso foi tão evidente. Para constatar basta perguntar: onde estão os garantistas penais diante das prisões dos manifestantes de 8 de janeiro de 2023?
Eles sumiram.
Os garantistas sempre defenderam que não se deve prender assaltantes, estupradores e assassinos, inclusive pais que matam filhos e filhos que matam pais. Se não se pode prender esses criminosos, como pode ser aceitável prender manifestantes?
O cenário não muda nem mesmo se admitirmos que esses manifestantes são culpados do mais grave dos crimes que lhes foi imputado: a participação em uma implausível tentativa de golpe de Estado. Os garantistas precisam responder: o garantismo penal não se aplica no caso do criminoso culpado de golpe de Estado? Ou, perguntando de outra forma: participar de uma tentativa de golpe de Estado é mais grave do que jogar a própria filha pela janela do apartamento (caso Isabella Nardoni), ou violentar e torturar uma jovem indefesa durante dias, depois matá-la através de degola e golpes de facão na cabeça (caso Liana Friedenbach)?
Onde estão as vozes dos garantistas que sempre protestam contra o “encarceramento em massa” do Brasil — coisa que nunca existiu, porque 92% dos homicídios e 98% dos assaltos nunca são esclarecidos? Onde estão essas vozes quando acontece a prisão em massa de manifestantes, inclusive pessoas de idade com comorbidades?
O pensamento garantista domina todo o sistema de Justiça Criminal brasileiro. Se existisse qualquer vestígio de sinceridade nele, nenhum manifestante do 8 de janeiro teria sido preso.
Não custa lembrar que inúmeras manifestações violentas já aconteceram no Brasil, 100% delas organizadas por partidos da extrema esquerda, e nenhuma delas recebeu o tipo de resposta “punitivista” (o adjetivo é dos garantistas) dado ao 8 de janeiro. Na semana passada testemunhamos dois casos: a invasão da Alesp por “estudantes” protestando contra as escolas cívico-militares e a invasão da Assembleia Legislativa do Paraná por baderneiros contrários à gestão terceirizada de escolas.
Manifestantes do 8 de janeiro foram, inclusive, condenados a pagar uma indenização milionária ao Estado pelas instalações depredadas, e por isso tiveram suas contas bancárias congeladas e seu patrimônio pessoal apreendido. Não me lembro, jamais, de ter visto traficantes sendo cobrados pela destruição que seus tiros de fuzil provocaram em viaturas policiais, nos helicópteros do Estado ou mesmo no corpo dos agentes da polícia.
Meu livro A Construção da Maldade homenageia Alexsandro Fávaro, soldado da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. Alex foi baleado no pescoço durante um tiroteio entre policiais e traficantes no Morro do Fogueteiro, no Rio Comprido, em 2011. O ferimento deixou Alex tetraplégico, preso a uma cadeira de rodas e precisando de ajuda para tudo. Ele morreu no ano passado, de uma complicação do seu estado. Nenhuma conta bancária de traficantes, ou de seus financiadores, foi congelada para pagar o tratamento de Alexsandro.
Onde estavam os garantistas penais no velório de Alexsandro Fávaro? Onde estão eles agora, quando centenas de cidadãos brasileiros, sem qualquer histórico criminal, são condenados a penas severas apenas por pedir mudança de regime, ainda que de forma inapropriada?
Minha pergunta ficará sem resposta. Afundados até o pescoço em vergonha, hipocrisia, ideologia e incentivos comerciais, os garantistas brasileiros se descobrem nus e se escondem.
É fácil entender como a combinação de Marx, Ferrajoli, Paulo Freire e uma conta bancária recheada levam alguém a sustentar posições tão hipócritas.
Difícil é compreender como essas pessoas se olham no espelho, encaram seus filhos e dormem à noite.
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Brilhante análise, Motta! A hipocrisia e a canalhice dessa turma é revoltante!! Será que essa cambada nunca é vítima de nenhum desses crimes, pra terem uma noção básica do que de fato provocam nas pessoas de bem da nossa sociedade?
Gostei demais do texto. Aprendi muito. Estou lendo seu livro – A Construção da Maldade. Parabéns
Motta , parabéns como sempre por dizer o que creio correto e de maneira tão clara e objetiva. A cada decisão monstruosa na área jurídica e que tanto nos afeta em nossas vidas diárias me pergunto e me desespero se algum dia haverá alguma mudança que favoreça o cidadão de bem. Total falta de perspectiva ; futuro muito sombrio para o país.
Excelente , parabéns MOTA. O
É fácil ser um Garantista Penal quando se vive numa bolha, totalmente desconexa de nossa realidade, com altos salários, andando pra cima e pra baixo com seguranças e carros blindados e frequentando praias particulares… Assim é realmente muito fácil…
Adoro seus textos…
Roberto, excelente a sua visão sobre o garantismo, que só interessa ao
bandido e aos seus aduladores. A audiência de custódia é um tapa na
cara das vítimas dos crimes; é uma indignidade com as pessoas de
bem, aquelas que ganham a vida honestamente e pagam todos os
intermináveis tributos desta pátria. Fui magistrado de carreira por
38 anos e conheço por dentro o sistema. Parabéns, pois, pelo adequado
exame da matéria. Penso que a Revista Oeste e você mesmo poderiam
voltar mais vezes a este tema tão delicado e infelizmente pouco conhecido.
Ótimo texto. Sobre a última frase: “… como essas pessoas se olham no espelho…” creio que elas não têm problema algum, seja porque tiveram as mentes deformadas pela lavagem cerebral ao longo de suas vidas ou simplesmente porque são de índole ruim, oportunistas para dizer o mínimo. Aposto na segunda hipótese. Apenas uma observação, sem relação com o objeto do texto: no terceiro parágrafo o autor diz “… uma média de soltura entre 40% a 50% de todos os criminosos…”. Aprendi que média é um valor, por exemplo, 45%, não cabendo falar em faixa de valores (40% – 50%).
Só discordo de um ponto do texto, esses canalhas não estão sentindo um pingo de vergonha. Pra que sentissem algo, deveriam ser pessoas normais, no entanto são todos uns escroques desprovidos de qualquer sentimento de empatia. Verdadeiros psicopatas. Eles sim deveriam estar enfrentando as penas de 17 anos que que aquele monstro anda distribuindo a torto e direito
Revoltante, compactuo da mesma indignação.
Estes garantistas, são na verdade garantistas do próprio bolso, farto de dinheiro público, sustentando políticas nefastas.
Grande articulista. Mas, quando cita seus próprios livros, interrompo a leitura.
Dormem bem. Psicopatas não têm o sentimento da vergonha.
Os garantistas estão garantindo eles próprios que são os maiores criminosos do país
Garantismo é uma forma de garantir a corrupção, o conluio com o crime, liberdade para matar, roubar e dar o bumbum.
Excelente artigo. Parabéns Motta. Esses garantistas são só garantistas até serem vítimas de crime. Conheci uma moça que era contra a pena de morte, até que, infelizmente, a filha dela foi vítima de um pedófilo. Aí ela mudou de ideia.
Perfeito Motta, é como penso aos 78 anos de idade e tendo vivido minha juventude no famoso regime militar que não impedia opiniões apenas combatia na época da GERRA FRIA, que aqui se instalasse uma nova CUBA. Logicamente combateu terroristas, sequestradores e assassinos que se diziam defender a democracia.
Agora, não sei porque você ainda continua na JOVEM PAN atualmente liderada por quem acha que foi GOLPE o 8 de janeiro, e se calam diante das humilhações e graves punições aos patriotas democratas, pacíficos e sem quaisquer antecedentes criminais.
Excelente, como sempre. Vc me representa!
De vez em quando eu te espio noutro canal. Vc é muito bonzinho, mas não critica a fragilidade e incompetência dos políticos de direita na área de segurança, salvo exceções. Já era para processar o Lula por suas besteiras, como chamar de monstros as crianças nascidas em virtude de violência sexual. Lula também odeia os gaúchos e isto está bem claro. Mas o que tenho a te dizer, que o Lewandoviski é da máfia e só quer bandido na rua. E não faz nada contra eles. Veja o assalto no aeroporto aqui de Caxias do Sul. Parece que o dinheiro não era de nenhum banco… Nem a pollícia da cidade sabia. O avião era de quem? O dinheiro veio de onde, do BAnco Central para o Banco do Brasil? Quem sabia da carga e do horário de chegada em Caxias que está sendo uma alternativa para o Salgado Filho? A empresa de transporte de valores é de quem, não seria já em sociedade com as gangues? Nâo foi uma tentativa de assalto de um grupo criminoso contra outro? Sem apoio logíciticco eles não conseguiriam sair e fugir, pois o aeroporto fica numa zona que tem poucas saídas e bem limitadas para fugas de longo alcance. Foram resgatados por companheiros em outro helicóptero que estava esperando os comparsas? Fugiram facilmente de um local de difícil acesso para fora da cidade. O Levandoviski sabe que as organizações riminosas estão nos Três Poderes, na mídia, na igreja , em alguns grupos policiais e até no exército. Ou seja, um ministro da Justiça e Segurança públiva bem avaliado pelos narcotraficantes.
Motta, que texto excelente!
Para os adversários políticos, vale o Direito Penal do Inimigo.