Há quase dois anos e meio a guerra assola o leste da Ucrânia. Kharkiv, a segunda maior cidade do país, tem sido sistematicamente bombardeada. Na última terça, 25, o exército russo usou drones para atacar a cidade de Chasiv Yar, na região de Donetsk, com mísseis antiaéreos e sistemas Solntsepek (uma espécie de lança-chamas), transformando a cidade, ainda habitada por civis, em ruínas. Foram oito ataques em um dia.
A 24ª Brigada Mecanizada das Forças Armadas Ucranianas agora detém a cidade e impede que os russos continuem avançando. Alarmes de sirene e o forte ruído dos geradores, acionados com frequência por causa das quedas de energia, já fazem parte do dia a dia dos ucranianos. Logo, a imagem — divulgada pela própria brigada — de um militar ucraniano tocando, depois de um ataque russo, um piano cheio de pó, cercado por janelas quebradas e com o chão coberto de escombros, é um grande contraste. A foto traz uma sensação de esperança e um breve momento de pausa e beleza diante da barbárie da guerra.
Durante a guerra de 1994, uma foto de um soldado russo tocando um piano abandonado na Chechênia entrou para a história. O fotógrafo é desconhecido. Não há muitas informações sobre a imagem, mas, ainda assim, ela conta uma história e não se limita por uma moldura. A foto traz emoções e nos leva a refletir sobre um determinado espaço de tempo e seu caráter inesgotável. Dentre tantas possíveis interpretações, pode-se dizer que ela representa o triunfo da arte sobre a guerra.
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Daniela Giorno é diretora de arte de Oeste e, a cada edição, seleciona uma imagem relevante na semana. São fotografias esteticamente interessantes, clássicas ou que simplesmente merecem ser vistas, revistas ou conhecidas.
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