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Foto: Shutterstock
Edição 224

Mais impostos sobre a carne e a cerveja

O governo também anunciou que vai cortar quase R$ 26 bilhões, especialmente em gastos sociais e previdenciários. E pagar R$ 30 bilhões em emendas parlamentares

Carlo Cauti
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A reforma tributária do governo Lula trará uma novidade indigesta para os brasileiros: mais impostos sobre picanha e cerveja. Os dois produtos que se eternizaram como promessas petistas da campanha eleitoral de 2022 custarão mais caro.

O relatório sobre a reforma tributária escanteou a isenção sobre carnes bovinas, como a picanha, e indicou a cobrança parcial da alíquota de 26,5%. O próprio governo não teria feito resistência à nova imposição tributária.

No caso da cerveja, o imposto sobre as bebidas alcoólicas, o chamado Imposto Seletivo (IS) ou “imposto do pecado”, vai aumentar.

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Já mudou o discurso, presidente?

Lula está tentando evitar a derrota de imagem e planeja mudar o discurso.

Durante o lançamento do Plano Safra, ele defendeu que carnes “chiques, importadas” sejam tributadas. Enquanto carnes que fazem parte do “dia a dia” do povo não tenham imposto.

Lula citou o frango, coxão mole, músculo e acém. Mas nenhuma lembrança da picanha.

Carnes à venda em supermercado de São Paulo (28/6/2024) | Foto: Shutterstock
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Deputados tentaram motim

No começo da semana, um grupo de deputados tentou uma articulação para apresentar um texto substitutivo da reforma tributária. Descontentes com a alta de impostos que aparece no horizonte, os mandatários incluíram no novo texto ainda mais isenções. Especialmente para o setor do agronegócio.

Havia número suficiente para aprovar o documento. Mas o presidente da Câmara, Arthur Lira, conseguiu controlar a investida.

Lira papa-léguas

Percebendo o perigo, Lira decidiu atropelar o calendário e regulamentar a reforma tributária em duas semanas. Uma pressa inexplicável, considerando que a reforma foi aprovada há quase um ano e que a transição só começa em 2026.

Mas o presidente da Câmara quer evitar novas tentativas de modificar o texto-base, além de considerar a aprovação da regulamentação como um troféu para coroar seus últimos meses na liderança do colegiado.

Arthur Lira, Presidente da Câmara dos Deputados, em plenário para discussão e votação de propostas (3/7/2024) | Foto: Mário Agra/Câmara dos Deputados
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Faça alguma coisa, presidente!

A disparada do dólar está preocupando muita gente em Brasília. E o próprio Lula chegou a declarar que é preciso “fazer alguma coisa” para conter a alta da moeda americana.

A declaração preocupou ainda mais o mercado, e o dólar continuou subindo.

Foi necessária uma reunião de emergência no Palácio da Alvorada, na qual Lula foi aconselhado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a fazer a única coisa realmente útil: ficar calado.

Além disso, o presidente foi convencido de que é necessário dar um sinal de respeito às contas públicas para evitar que o câmbio chegue a R$ 6. Lula acatou o conselho, e Haddad foi a público para anunciar cortes draconianos. O dólar caiu 2%.

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Corte no social, gasto no político

O governo Lula anunciou que vai cortar quase R$ 26 bilhões, especialmente em gastos sociais e previdenciários.

Entretanto, o mesmo governo vai pagar R$ 30 bilhões em emendas parlamentares em apenas um semestre. O maior volume já registrado e recorde histórico em um período pré-eleitoral.

O valor inclui os recursos distribuídos sem critérios técnicos. Antes conhecidos como “orçamento secreto”, agora são chamados de “emendas Pix”.

Lula durante cerimônia de entrega de unidades habitacionais no Recife, em Pernambuco (2/7/2024) | 
Foto: Ricardo Stuckert/PR
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Porto do Açu continua expansão

O Porto do Açu, no Rio de Janeiro, único porto privado do Brasil, continua sua expansão. Inaugura agora uma nova área de armazenagem de quase 13 mil m², com capacidade de estocagem de 70 mil toneladas.

Em apenas dez anos, o porto já se tornou o segundo maior do Brasil, atrás apenas de Santos. Mas em breve poderia se tornar o mais importante do país.

A batalha dos executivos que administram a infraestrutura é para realizar uma linha ferroviária que aumente ainda mais a capacidade de escoamento do local. Ligando os terminais diretamente com as regiões produtoras de grãos, como Goiás e Mato Grosso, e de minérios, como Minas Gerais e Pará.

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Vale continua na mira

O presidente Lula não se esqueceu da Vale. Especialmente depois da negativa em nomear seu ex-ministro Guido Mantega para o comando da mineradora.

Em um evento no Recife, Lula disse que vai “chamar a Vale e exigir que ela pague os prejuízos que as pessoas tiveram” em Mariana e Brumadinho.

Segundo Lula, a “Vale está muito quietinha e sabe que tem de pagar”. Mentira. A Vale já pagou R$ 37 bilhões em processos compensatórios. E no final de abril apresentou uma proposta de pagamento de R$ 127 bilhões para a União e os Estados de Minas Gerais e Espírito Santo.

Brumadinho
A tragédia de Brumadinho, em Minas Gerais | Foto: Reprodução/Twitter
Fazer caixa e empregar amigos

O que o governo quer, na verdade, é fazer caixa com a Vale. Mesmo que a empresa tenha sido privatizada há quase 30 anos.

O PT nunca aceitou a venda da mineradora. Há poucos dias, Lula declarou que a Vale foi “rifada por 899 mil pequenos fundos” e não tem “um dono para conversar”. Leia-se: ninguém para intimidar e obrigar a fazer o que o governo quer.

No dia seguinte à recusa do conselho da mineradora em nomear Guido Mantega como CEO, o Ministério dos Transportes enviou uma cobrança de R$ 25,7 bilhões, alegando supostas irregularidades num contrato de concessões de ferrovias renovadas antecipadamente no governo de Jair Bolsonaro.

Se não for pelo amor, será pela dor.

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Setor automotivo a todo vapor

A produção de veículos no Brasil cresceu mais de 26% em junho na comparação com maio, e mais de 11% na comparação com o mesmo período do ano passado.

Segundo os dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), no primeiro semestre foram produzidos mais de 1 milhão de veículos, entre carros, comerciais leves, caminhões e ônibus. Alta de 0,5% na comparação com os seis primeiros meses de 2023.

As vendas também cresceram cerca de 14% na comparação semestral, chegando a quase 1 milhão de unidades.

Veículos elétricos e híbridos expostos no evento Anfavea: Conduzindo o Futuro da Eletrificação no Brasil, em Brasília (14/6/2023) | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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A nova Bolsa do Rio de Janeiro

O Rio de Janeiro terá novamente uma Bolsa de Valores.

O Americas Trading Group (ATG) vai investir para criar uma nova central de transações de produtos financeiros na Cidade Maravilhosa. O início das operações está previsto para o segundo semestre de 2025.

O Rio de Janeiro teve a primeira Bolsa de Valores do Brasil, até 1989, quando o crash provocado pelas especulações do investidor Naji Nahas acabou com a instituição.

Leia também “Milionários em fuga do Brasil”

2 comentários
  1. Candido Andre Sampaio Toledo Cabral
    Candido Andre Sampaio Toledo Cabral

    Tudo que for possível ser feito pela quadrilha petista para arrancar dinheiro da população, será feito.

  2. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    Todas as medidas deste governo são medidas satânicas

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