Inúmeras fotos e vídeos da tentativa de assassinato do ex-presidente Donald Trump — durante um comício de campanha na Pensilvânia, no último sábado, 13 — foram divulgadas e compartilhadas pelo mundo. Uma dessas imagens, contudo, ganhou destaque singular por captar, em uma composição que parecia ser impossível, a tensão exata dos minutos logo depois de uma bala atingir a orelha direita do candidato republicano à presidência dos Estados Unidos. Com o punho cerrado, sangue escorrendo pelo rosto e a bandeira americana emoldurada ao fundo, a fotografia provou seu poder indelével de documentar de maneira icônica um momento histórico.
O Atlantic chamou-a de “inegavelmente uma das grandes composições da história fotográfica dos Estados Unidos”. A jornalista sênior do jornal The New York Times, Matina Stevis-Gridneff, disse ser “o auge do fotojornalismo. Uma imagem perfeitamente enquadrada e composta de notícias históricas de última hora. Isso nunca pode ser substituído pela IA. Icônico”.
Evan Vucci, fotógrafo da Associated Press, correu para perto do palco assim que ouviu os barulhos de tiros. Estava bem posicionado e agiu rapidamente. Conseguiu captar um ângulo que coloca Trump no ponto alto e focal da imagem, de forma que a multidão de espectadores confusos, posicionados atrás do candidato, deixa de ser um ruído entre os elementos que compõem a foto e permite que entre em cena a bandeira americana tremulando no céu azul. Ele alcança, assim, um enquadramento fantástico.
Em uma entrevista para a Time, Vucci disse: “Na minha mente começo a pensar: como ele vai sair daqui? Para onde eles vão levá-lo? O que eles vão fazer? Ele finalmente se levanta, e eu sabia que eles iriam tirá-lo pelo outro lado do palco, então corri para lá. Você só pensa: ‘Ok, qual é minha composição? De onde vem a luz? Minha exposição está boa? Preciso me mover para a direita? Preciso me mover para a esquerda?’. Porque você precisa conseguir ver o rosto dele. Quando ele começou a levantar o punho, fiquei surpreso. Aí vi o sangue no rosto dele. E então eu soube. Quando vi isso, eu sabia que tinha pelo menos uma imagem de notícia. Eu sabia que tinha algo. Então me senti bem. Pelo menos algo estava na sacola”.
Para Patrick Witty, ex-editor de fotos da Time, The New York Times e National Geographic, a foto de Vucci “captura uma gama de detalhes e emoções complexas em uma imagem estática — o punho desafiadoramente erguido, o sangue, os agentes clamando para empurrar Trump para fora do palco e, mais importante, a bandeira. É isso que eleva a foto”.
A bandeira americana é o grande diferencial na fotografia de Vucci, justamente por carregar um valor simbólico. De maneira geral, a bandeira de um país tem capacidade de provocar emoções, de representar a vontade popular, a coletividade, o orgulho cívico, mesmo que inconsciente. É um ícone visual que desempenha um papel crucial na identidade de um povo.
As bandeiras já foram muitas vezes capturadas pelas lentes em momentos marcantes —tanto de comemoração como de tensão — ao longo da história. Várias se tornaram icônicas.
As duas imagens mais famosas da Segunda Guerra Mundial estão relacionadas a bandeiras. A primeira, tirada por Joe Rosenthal em fevereiro de 1945, mostra fuzileiros posicionando a bandeira norte-americana no topo do Monte Suribachi, em Iwo Jima, uma das batalhas fundamentais para a derrota do Japão. A outra, capturada por Yevgueni Jaldéi em 2 de maio de 1945, retrata soldados do Exército Vermelho içando a bandeira soviética sobre o Reichstag de Berlim, nos estertores finais do nazismo.
Confira outras imagens históricas em que a bandeira está em destaque.
Daniela Giorno é diretora de arte de Oeste e, a cada edição, seleciona uma imagem relevante na semana. São fotografias esteticamente interessantes, clássicas ou que simplesmente merecem ser vistas, revistas ou conhecidas.
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Foto espetacular.
Ótima crítica fotográfica e retrospectiva. Esta capa da Time chegou a ser publicada?
Bela Giorno, esplêndida
Sensacional. Um patriotismo que ainda falta ao povo brasileiro. Ainda vemos alguns pisoteando nossa linda bandeira.